Eternizado como o coronel José Inocêncio, de Renascer (1993), Antonio Fagundes desbancou atores veteranos para interpretar o papel que marcou sua carreira.

Renascer - Antonio Fagundes
Divulgação / Globo

A novela, que sinalizou a estreia de Benedito Ruy Barbosa no horário nobre da Globo, após o êxito de Pantanal, na Manchete, marcava também o retorno do galã às novelas. Ele havia passado uma temporada como âncora do Você Decide e chocado o público como o médico Felipe Barreto em O Dono do Mundo (1991).

Duelo de veteranos

O papel do coronel José Inocêncio foi oferecido para Cláudio Marzo (foto acima), que em Pantanal havia interpretado o fazendeiro José Leôncio, mas ele acabou recusando. Os veteranos Lima Duarte e Tarcísio Meira também foram dois nomes que entraram na disputa para viver o coronel.

Mas foi dada a Fagundes a chance de viver um personagem que, geralmente, é destinado a atores mais velhos. Na segunda fase do folhetim, José Inocêncio seria pai de quatro filhos, entre eles Marcos Palmeira e Taumaturgo Ferreira.

Para o ator, o maior desafio seria viver um coronel, imagem que ficou imortalizada por Lima Duarte nas novelas rurais em que ele atuou na emissora carioca.

“Depois de dois ou três meses, o espectador vai dizer que o Inocêncio jamais poderia ser o Lima Duarte”, afirmou ele em entrevista à Folha de São Paulo em 29 de novembro de 1992.

Sotaque baiano

Renascer - Antonio Fagundes e Marcos Palmeira
Divulgação / Globo

Para dar vida a José Inocêncio, um fazendeiro da zona cacaueira da Bahia e que disputa com João Pedro (Marcos Palmeira), o filho caçula, o amor da mesma mulher, a misteriosa Mariana (Adriana Esteves), Fagundes ia mensalmente a Ilhéus para gravar cenas.

“Tem sido ótimo fazer o José Inocêncio, porque ele tem uma coisa que eu nunca fiz na TV, um certo regionalismo, um maneirismo. O que eu acho mesmo importante é a brasilidade dele”, comentou o ator em entrevista ao O Globo em 10 de fevereiro de 1993.

Assim, o galã precisou adquirir um sotaque, mas fez questão de deixar bem claro que não iria reproduzir com exatidão a maneira de falar dos baianos.

“Acho isso perigoso. Sempre há o risco de ficar uma fala estereotipada ou mesmo ridícula”, afirmou ele.

Descartou participação

Pantanal - Bruno Luperi
Divulgação / Globo

Nos últimos dias, foi noticiado que a Globo pretende fazer um remake de Renascer para 2024, atualizado por Bruno Luperi (foto acima), o mesmo autor responsável pela bem-sucedida versão de Pantanal. A intenção é que a novela substitua a próxima atração da faixa, de autoria de Walcyr Carrasco.

Antônio Fagundes já descartou qualquer possibilidade para reviver o personagem que marcou sua carreira.

“Não vejo como ser escalado, nem ser chamado, não estou na idade para fazer. Se bem que meu personagem na época tinha a idade que tenho hoje. Eu tenho cabelo branco desde os 35 anos. Isso ajudou (risos). Mas não me vejo fazendo, não”, comentou em entrevista para revista Veja.

Antonio Fagundes
Reprodução / Instagram

Na mesma entrevista, o artista ressaltou que, para retornar à emissora, a empresa teria que aceitar a condição dele trabalhar apenas de segunda à quarta, já que nos dias restantes ele possui compromissos com o teatro.

“Agora esse pensar na possibilidade não está mais na mão da gente, eles contratam por obra. No dia que eles pensarem em algo para mim e o projeto for bom dentro das condições que eu desejo trabalhar, vou com o maior prazer”, disse o veterano.

“Quando começam a fazer remakes, quer dizer que o tempo passou, que a gente está ficando mais velho. Quando começam a refazer as coisas que a gente fez… (risos). Se fizerem, vai ser lindo. É uma linda novela!”, finalizou.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor