Após mais de 100 capítulos, Vai na Fé tem mais acertos do que erros

10/05/2023 às 18h56

Por: André Santana
Imagem PreCarregada

André Santana

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nesta quinta-feira (11), Vai na Fé chega ao capítulo 100. A novela das sete da Globo, estrelada por nomes como Samuel de Assis (foto abaixo) já passou da metade de sua duração acumulando mais acertos do que erros, além de garantir boa audiência para a emissora no horário.

Samuel de Assis - Vai na Fé

Reprodução / Globo

Rosane Svartman foi bastante feliz em sua criação, que conta com personagens carismáticos e bastante reconhecíveis. Com Sol (Sheron Menezzes), a autora reafirma sua boa mão para criar mocinhas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas nem tudo são flores. Vai na Fé padeceu de uma inexplicável barriga ainda em seu início, além de ter em Lui Lorenzo (José Loreto) e Jenifer (Bella Campos) tipos não tão simpáticos assim.

Protagonistas chatos

Vai na Fé - Bella Campos e Sheron Menezzes

Reprodução / Globo

Sol faz jus ao nome. A mocinha de Vai na Fé é uma mocinha solar e, como tal, irradia luz por onde passa. A personagem, muito bem escrita pela autora, encontrou em Sheron Menezzes uma intérprete à altura. Sem dúvidas, um grande acerto da novela.

LEIA TAMBÉM:

No entanto, nem todos os protagonistas se salvam. É o caso de Jenifer, a heroína jovem da história, que não é lá muito simpática. Ao contrário da mãe, que tem suas imperfeições e lida muito bem com elas, a jovem é do tipo que dita regras e julga os outros. Jenifer não é capaz de reconhecer os próprios erros e adora apontar o dedo. Bem chatinha.

Lui Lorenzo, atual namorado de Sol, também destoa. Mimado e infantil, o cantor nunca convenceu como um bom candidato ao coração da mocinha. Tanto que está bastante claro que a relação do artista e da bailarina não tem futuro. O namoro de Sol e Lui é mera encheção de linguiça dentro da novela.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além disso, foi Lui o responsável pelo plot mais tolo de Vai na Fé até aqui. O momento em que o cantor se embrenhou na pousada com uma espécie de seita que valorizava a masculinidade foi, no mínimo, dispensável. Nesta fase, a trama ostentou uma barriguinha, já que estacionou por vários capítulos. Felizmente, a má impressão foi apagada rapidamente.

Novas perspectivas

Vai na Fé - Jean Paulo Campos

Manoella Mello / Globo

No entanto, o grande trunfo de Vai na Fé é a capacidade da novela de trazer os mesmos assuntos de sempre com um olhar bastante arrojado e contemporâneo. O fato de Sol ser evangélica, por exemplo, amplia as possibilidades da trama ao desmistificar a fé e aproximar as diferentes crenças. A trama traz um recado importante sobre respeito e tolerância.

Além disso, Vai na Fé avança várias casas no trato à diversidade sexual. A novela trata a sexualidade de seus personagens de uma maneira bastante natural, sem se prender a rótulos, algo bastante incomum num folhetim. É o caso de Yuri (Jean Paulo Campos), dividido entre um homem e uma mulher, e Clara (Regiane Alves), que se redescobre ao se ver envolvida por uma mulher.

Vai na Fé também faz uma boa abordagem sobre pautas progressistas, como o sistema de cotas na educação e o combate ao racismo. São assuntos tratados com todo o cuidado, muito respeito e de forma harmônica, sem resvalar no didatismo.

Personagens com camadas

Vai na Fé - Carolina Dieckmann

Reprodução / Globo

Vai na Fé também chama a atenção por apresentar uma galeria de personagens muito ricos, todos cheios de contradições. Neste quesito, o maior destaque é Lumiar (Carolina Dieckmann), que já agiu como vilã várias vezes (e segue agindo), mas o faz sem ser uma grande malvada. Pelo contrário. Suas atitudes, embora questionáveis, se justificam.

Enquanto isso, Ben (Samuel de Assis) é um típico mocinho, aparentemente de caráter reto e reputação ilibada. Mas o advogado foi capaz de forjar um exame de DNA, mostrando que até pessoas boas podem agir de maneira controversa.

Nesta galeria, apenas Theo (Emilio Dantas) aparece como um vilão mais tradicional. Ele é mau e pronto, sem rodeios. O mau-caráter nutre uma obsessão por Sol, de quem abusou sexualmente no passado, e a persegue rotineiramente. Além disso, é um péssimo pai, um péssimo marido e um bandido contrabandista. Ou seja, não há nada de bom no tipo, muito bem defendido por Emilio Dantas.

Mas isso não compromete Vai na Fé, pelo contrário. Ao ter relações distintas com vários personagens, o vilão faz a trama andar, colaborando para a fluidez da narrativa. Passados 100 capítulos, Vai na Fé ainda não cansou e demonstra fôlego impressionante.

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.