A teledramaturgia é a paixão do brasileiro e não está desgastada, ao contrário do que alguns ainda insistem afirmar. Não por acaso, as temporadas de maior êxito do BBB são as que parecem com novelas, onde há a tradicional rivalidade entre mocinhos e vilões. Após um início trágico (repleto de abuso psicológico e declarações deploráveis de participantes), o Big Brother Brasil parece ter encontrado seu eixo e vem fazendo um grande sucesso em sua vigésima primeira edição justamente por isso.

Não demorou para o BBB21 apresentar os vilões para o público. Já o processo do nascimento dos mocinhos foi um pouco mais demorado. Mas, em menos de duas semanas, a casa já estava dividida em grupos e com pessoas para odiar e outras para torcer. Nada melhor para atrair o interesse do telespectador, em abstinência de novelas inéditas há quase um ano, vale lembrar – Gênesis, na Record, é a única em exibição.

Antes amada e agora odiada, Karol Conká virou a grande vilã da edição. Quando a chamada anunciando a entrada da conhecida cantora foi ao ar houve uma avalanche de elogios em todas as redes sociais. Afinal, era uma pessoa conhecida pela militância e músicas de sucesso. Mas fica claro que era uma personagem midiática.

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Karol vem se mostrando uma jogadora ardilosa e cruel com seus adversários. A forma como tratou Lucas na casa, após alguns erros (condenáveis) cometidos por ele, despertou indignação da audiência. Conseguiu transformar um culpado em vítima. Mas não foi o único alvo. Juliette também virou foco de uma sucessão de comentários deprimentes, incluindo um xenofóbico, quando considerou sua educação melhor porque era de Curitiba e sua inimiga da Paraíba.

Ao lado de Karol está sua fiel escudeira, a dita feminista Lumena. De militante só tem a oratória. Na prática, sua conduta é a pior possível. Julgadora nata, está sempre de olho em qualquer comentário dos colegas com o intuito de apontar racismo, misoginia, etc.

As duas são as vilãs mais perigosas da edição. Já Projota e o eliminado Nego Di, outros integrantes do grupo odiável, são mais explícitos em seus atos, até mesmo nas manipulações. E os dois não usam pautas sociais como elemento de jogo, o que implica em um pouco mais de dignidade nas armações. Porém, Nego já é carta fora do baralho, com rejeição recorde.

Mas o quarteto conseguiu criar adversários bem fortes, vide o trio formado por Gilberto, Sarah e Juliette. Embora Gil esteja balançado pelas palavras de Lumena, sua aliança com as meninas despertou empolgação do público. As duas ainda funcionam como elemento cômico ao lado do amigo. Sarah se comporta com uma espiã e está em todas as rodas de conversa para colher informações. Sua percepção do jogo é invejável. Parece que está assistindo do lado de fora com os telespectadores. Já Juliette parecia inocente e vulnerável no início, por conta das muitas humilhações que sofreu dos demais, entretanto, vem se mostrando um poço de inteligência. A ponto de alertar Gil sobre sua cegueira diante de Lumena. Ju ainda é uma fábrica de pérolas. Agora que está mais à vontade sua língua solta provoca gargalhadas, tanto dos colegas quanto de quem assiste.

E o embate entre os grupos, ainda que relativamente velado, desperta atenção. Até pela imprevisibilidade do jogo. Isso porque há outras subdivisões na casa. Camilla, João e Thais formam um trio de indecisos, chamados popularmente de em cima do muro. Mas Camilla e João estão mais atentos ao jogo baixo do time de Karol. Pocah, Thais e Fiuk são os mais desnecessários no jogo e pouco acrescentam, mas estão do lado de Karol desde o início. Só não assumem por covardia.

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Arthur também se bandeou para o lado de Conká, mas depois que formou casal com Carla Diaz recuou na aproximação. Os grandes avulsos são Caio e Rodolffo, que formaram uma dupla caipira inseparável e alheia aos acontecimentos. Já Viih Tube é a clássica jogadora traiçoeira que finge apoiar todos os lados até a máscara cair de vez. As movimentações na casa tem evitado o marasmo do jogo, tão comum em início de reality. O resultado tem sido uma ótima média de audiência. As três primeiras semanas superaram a média acumulada das oito edições anteriores (28 pontos).

O BBB21 teve um início trágico em virtude da tentativa de plagiar o BBB20, mas, aos poucos, os novos participantes vêm traçando seus próprios caminhos. Alguns em direção ao fundo do poço e outros ao tão cobiçado prêmio final. E uma das razões do sucesso da atual edição é o clássico embate entre bem e mal.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor