Após início promissor, novela das seis passou a dar sono no público

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A quarta novela de Duca Rachid e Thelma Guedes estreava há nove anos, em 16 de setembro de 2013. Joia Rara foi uma obra cercada de expectativas e sua estreia era muito aguardada, afinal, era o novo trabalho das autoras do sucesso Cordel Encantado. E o início foi promissor, mas o público acabou cansando.

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A história – passada entre 1930 e 1940 – colocava o budismo como pano de fundo e apresentou um cabaré para a realização de grandiosos shows, um lindo casal protagonista, vilões interessantes, grande elenco, figurinos caprichados, bons núcleos, belos cenários, enfim, um conjunto bastante atraente.

Início promissor

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E os primeiros meses foram ótimos. A trama estava sendo muito bem desenvolvida e praticamente todas as histórias agradavam. Entretanto, alguns problemas começaram a aparecer, como a perda da importância do Cabaré Pacheco Leão.

O núcleo, que era um dos melhores da novela, ficou muito tempo sem função e atores como Marcos Caruso, Rosi Campos e Nicette Bruno acabaram deslocados. Uma situação semelhante aconteceu com a Silvia. A personagem de Nathalia Dill era ótima e a atriz estava muito bem, porém, o papel foi sumindo aos poucos.

A vingança era o mote principal de Silvia e a ambiguidade a marca da mulher que queria destruir a vida de Ernest Hauser (José de Abreu). Porém, as autoras resolveram regenerá-la rápido demais e com isso prejudicaram o desenvolvimento da personagem, que ainda fazia um lindo casal com Viktor (Rafael Cardoso). Ela ficou sumida da história depois que Manfred (Carmo Dalla Vechia) tentou matá-la e quando retornou já não tinha função e mal aparecia.

Cansou o telespectador

Aliás, a transformação de Manfred no grande vilão da trama foi outro ponto que prejudicou Joia Rara. Sem Ernest (também regenerado) e Silvia, todas as vilanias ficaram nas mãos dele e toda a movimentação da novela era de sua responsabilidade.

Ou seja, não demorou muito para a situação cansar o telespectador, que não aguentava mais ver o psicótico sequestrar quem bem entendesse e ainda fugir com facilidade inúmeras vezes. Era um jogo de gato e rato que irritava e deixava a história andando em círculos. Além de tudo, o personagem virou um novo Timóteo (Bruno Gagliasso em Cordel Encantado), evidenciando a falta de criatividade de Duca e Thelma.

E quem também saiu prejudicada foi Mariana Ximenes. Aurora Lincoln era um dos destaques da trama e todas as suas cenas agradavam. Os shows da vedete no cabaré eram apoteóticos, as brigas com Lola (Letícia Spiller) divertidas, a parceria com Joel (Marcelo Médici) ótima e o romance com Davi (Leandro Lima) encantador. Mas, com o tempo, a personagem também ficou sem função, o que foi uma pena.

Sem função

O mesmo aconteceu com Domingos Montagner (Mundo), Carolina Dieckmann (Iolanda), Luiza Valdetaro (Hilda), Fabíula Nascimento (Matilde), Leandro Lima, Letícia Spiller e até com o casal protagonista, composto por Bruno Gagliasso (Franz) e Bianca Bin (Amélia). Já a ótima Norma Blum foi uma atriz que apareceu muito pouco desde o início.

O triângulo amoroso envolvendo Toni (Thiago Lacerda), Gaia (Ana Cecília Costa) e Hilda foi outro equívoco. A situação foi mal conduzida e depois que Toni traiu Hilda com Gaia ficou difícil torcer para algum romance. Ainda inseriram o talentoso Armando Babaioff para fazer par com Hilda, mas depois o personagem acabou se interessando pelo Joel, evidenciando uma falta de planejamento em cima do núcleo. A solução das autoras foi simplesmente matar Gaia para deixar Hilda feliz ao lado de seu amor.

Mas, apesar de ter se perdido em seus próprios desdobramentos, Joia Rara apresentou uma produção caprichada, fotografia impecável, grande elenco, direção precisa de Amora Mautner, e uma trilha sonora maravilhosa, com direito ao clássico ‘Aprendendo a jogar’, de Elis Regina, e músicas de Chico Buarque, Gilberto Gil, As Frenéticas, Gal Costa, Zizi Possi, Tim Maia, entre outros. A qualidade da obra envolvendo essas questões foi incontestável. O erro das autoras foi na história, que não se sustentou por muito tempo, ocasionando todos os problemas já mencionados.

Final foi muito bonito

O último capítulo foi muito bonito e fez lembrar os primeiros meses de novela, quando a trama parecia ser impecável. Ana Lucia Torre se destacou quando Gertrude confessou que matou Catarina; Mel Maia e José de Abreu emocionaram na cena da morte de Ernest Hauser, embora o personagem não merecesse morrer depois de ter se regenerado.

Nathalia Dill e Rafael Cardoso fizeram bonito na sequência do casamento de Silvia e Viktor; o show final do Cabaré Pacheco Leão foi grandioso e destacou o talento e a beleza de Letícia Spiller, Mariana Ximenes e Luiza Valdetaro; e a participação de Glória Menezes, interpretando a Pérola após uma passagem de tempo, foi a melhor surpresa do último capítulo, ainda que o final tenha lembrado muito os desfechos de Alma Gêmea e O Profeta.

Joia Rara fechou seu ciclo com uma média de 18 pontos de audiência, menor índice do horário das seis na época, empatada com linda e premiada Lado a Lado. A novela de Duca Rachid e Thelma Guedes foi a pior e mais problemática da dupla.

Após um empolgante começo, a trama – que procurou falar sobre vingança, vida de vedetes famosas, comunismo e práticas budistas – foi se perdendo ao longo dos meses, passou a andar em círculos, virou um grande déjà vu e acabou decepcionando.

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