Musa do diretor Arnaldo Jabor no cinema, com passagens marcantes pelas novelas da Globo, Darlene Glória está afastada da mídia há anos e tem recusado convites para voltar a atuar nos mais diferentes meios.
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A atriz, que brilhou nas telonas nas décadas de 1960 e 1970, antes de entrar para uma igreja evangélica e abandonar até o nome artístico, vive reclusa na região serrana do Rio de Janeiro e chegou a ser internada em uma clínica psiquiátrica.
Êxito no cinema
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Helena Maria Glória Viana, nome de batismo de Darlene Glória, nasceu em 20 de março de 1943, em São José do Calçado (ES). A carreira artística teve início no final da década de 1950, então como cantora, numa estação de rádio em Cachoeira do Itapemirim (ES).
Logo depois, ela passou a se apresentar em programas de calouros e a trabalhar como radioatriz. Darlene deslanchou após a mudança para o Rio de Janeiro, onde se tornou uma das mais importantes vedetes do teatro de revista. Seus trabalhos no cinema tiveram início na mesma época. O primeiro filme foi Um Ramo para Luiza (1964).
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Entre as várias produções para as telonas, destacam-se Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha, e Os Paqueras (1969), dirigido por Reginaldo Faria.
A consagração e o vício
A estreia na TV se deu com Véu de Noiva (1969), de Janete Clair. Também na Globo, ela atuou em O Bofe (1972). No ano seguinte, Darlene Glória viveu a prostituta Geni em Toda Nudez Será Castigada, longa-metragem de Arnaldo Jabor, baseado na obra homônima de Nelson Rodrigues.
A produção bateu recordes de bilheteria, foi consagrada em mostras internacionais – como a de Berlim – e agraciada com o Kikito de melhor filme e melhor atriz para Darlene. A carreira desta, contudo, sofreu um revés em meados dos anos 1970.
Por conta de seu vício em álcool e drogas como anfetaminas, Darlene Glória abdicou do trabalho. Na época, a artista chegou a ser considerada uma pessoa com tendências suicidas, conforme contou ao Estado de São Paulo em 2016. Como a própria contou, chegou a ser internada num famoso hospital psiquiátrico do Rio.
“Fui parar no Pinel e me diagnosticaram com PS (abreviatura para Potencial Suicida). A verdade é que nunca desejei morrer. Acontece que a minha carência interior era maior que a droga mais potente. Tomava remédio para dormir, para acordar, para ficar feliz… Ou seja, eu me matava quimicamente, daí que passei pelo candomblé, psicanálise, orientalismos, até encontrar Jesus Cristo”.
Longe dos estúdios
Darlene tornou-se fiel da Assembleia de Deus. Ela deixou de usar o nome artístico, passando a assinar como Helena Brandão. Na década de 1980, ela aceitou participar de um episódio do Caso Verdade, contando sua história – Todo Pecado Será Perdoado.
Em 1987, Darlene / Helena aceitou o convite de Gloria Perez para Carmem, folhetim da Manchete. A personagem Verônica, uma cantorinha de inferninho, também abandonava o álcool e as drogas, após a conversão. Como Ester, ela tornava-se uma missionária evangélica.
Ela ainda atuou em Araponga (1990, Globo) e O Guarani (1991, Manchete) – já separado do marido e com o nome que a consagrou –, antes de seguir para os Estados Unidos.
Por lá, a famosa batalhou como babá e faxineira. A volta ao Brasil, em 1997, contou com outro convite de Gloria Perez. Desta vez, para o remake de Pecado Capital (1998), na pele de Aurora, um ex-vedete. Os últimos trabalhos na telinha foram em A Diarista (2004), Promessas de Amor (2009) e Força-Tarefa (2009).
Biografia nos cinemas
Atualmente, Darlene Glória leva uma vida tranquila em Teresópolis ao lado de seus familiares e de seus cães. Aos 80 anos, a atriz foi procurada pelo jornal Extra, em março deste ano, mas não quis dar entrevista. Os registros dela disponíveis na web vêm de posts dos filhos – incluindo Rebeca Brandão, que seguiu os passos da mãe na atuação e na música.
Nos últimos anos, ela pode ser vista em raras aparições nos cinemas, como em Anjos do Sol (2006) e Feliz Natal (2008), primeiro longa dirigido por Selton Mello.
“Ninguém sabe tudo de mim. Quero que Selton faça um filme sobre a minha vida”, revelou ela, enquanto os dois dividiam o set, ao Extra.
Em 2016, ela voltou à ativa com Beiço de Estrada. Foi nesta época que ela confidenciou ao Estadão o motivo pelo qual evitava entrevistas:
“Corro da mídia como o diabo foge da cruz… Por que? Por um sentimento único de autopreservação. Fui muito ingênua no passado, o próprio Lima Duarte já me disse isso”.
Na mesma matéria, ela fez questão de deixar claro que não aceitaria mais fazer pequenas participações, estando disponíveis apenas para trabalhos nos quais fosse a protagonista.
“Não vou mais trabalhar de graça. Enriqueci muita gente da área de produção, de direção, de maneira que não vou mais sair de casa por qualquer quantia. Aliás, não tenho que provar mais nada, vamos combinar. Eu nunca fiz um papel pequeno, eu brilhava… Portanto, pode anunciar aí: morreu a ‘rainha’ das participações especiais, fiz muito isso a vida toda; agora, meu bem, never!”, finalizou.