Após fracassos, fato raro faz Globo respirar aliviada com suas novelas

Osmar Prado

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A Globo está com uma boa trinca de novelas inéditas no ar. É raro quando acontece algo do tipo, ainda mais no atual momento, onde a pandemia ainda não acabou e o setor da teledramaturgia inicia de fato sua retomada com gravações já em processo praticamente normal, sem maiores dificuldades. Além da Ilusão e Pantanal são estreias recentes, enquanto Quanto Mais Vida, Melhor! se encaminha para sua reta final.

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Ironicamente, as três novelas são de autores novatos. Ainda que o termo novato não seja o mais apropriado. Afinal, o trio já tem uma longa experiência em equipes de colaboradores.

Alessandra Poggi, autora de Além da Ilusão, estreia sua primeira produção como titular, após a parceria com Ângela Chaves em Os Dias Eram Assim, trama das 23h, exibida em 2017. Mauro Wilson, autor de Quanto Mais Vida, Melhor!, escreveu séries como Os Amadores, A Fórmula e Ilha de Ferro, mas agora encara sua primeira missão como escritor principal em um folhetim.

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Já Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, escreveu a problemática Velho Chico, em 2016, com o avô e a mãe, Edmara Barbosa. Ganhou da Globo o desafio de adaptar Pantanal 32 anos depois da exibição da versão original em 1990 na Rede Manchete. Aceitou a missão e até agora vem honrando a confiança depositada. Infelizmente, somente as novelas das seis e das nove vêm obtendo uma boa audiência e levantando os números das produções anteriores. A trama das sete não conseguiu os números que merecia.

Descaso na divulgação

Mas vale ressaltar que o folhetim de Mauro é o primeiro totalmente inédito e foi quase todo gravado durante a pandemia do novo coronavírus. Não teve uma divulgação digna da emissora. Pareceu descaso. Não à toa, Nos Tempos do Imperador e Um Lugar ao Sol sofreram do mesmo problema e ambas também tiveram dificuldades nos índices. Todavia, deixando de lado a questão dos números, o fato é que as três histórias atuais são repletas de acertos.

Além da Ilusão vem se mostrando um delicioso folhetim que não se envergonha de apresentar todos os clichês do gênero, ao mesmo tempo que consegue sair da mesmice com uma trama onde os mocinhos são espertos e os vilões burros. Tem sido muito divertido ver Joaquim (Danilo Mesquita) e Úrsula (Bárbara Paz), por exemplo, sempre se dando mal. Rafael/Davi (Rafael Vitti) e Isadora (Larissa Manoela) acabam percebendo as armações e se safam dos problemas. Claro que não é assim o tempo todo ou não haveria enredo.

A história entrou em uma nova fase com a entrada de novos personagens e uma virada a favor do vilão, que está desenvolvendo um plano para a derrocada do mocinho. Agora está conseguindo destruir a relação de Rafael e Dorinha. E tudo vem engrandecendo o roteiro, que não perde o fôlego. Marisa Orth e Arlete Salles chegaram para engrandecer o já bem escalado elenco e outras situações vão prendendo a atenção, como a futura relação entre padre Tenório (Jayme Matarazzo) e Olívia (Débora Ozório), o romance de gato e rato protagonizado por Violeta (Malu Galli) e Eugênio (Marcello Novaes), além das trapalhadas de Arminda (Carol Dallarosa) e Julinha (Alexandra Richter).

Clichê deu certo

Quanto Mais Vida, Melhor! entra em sua reta final com os quatro protagonistas já com os corpos destrocados. Isso porque o autor teve uma genial sacada de usar um clichê visto em vários filmes na teledramaturgia nacional, que até então não tinha exibido uma produção com o recurso. E deu muito certo. Giovanna Antonelli, Vladimir Brichta, Mateus Solano e Valentina Herszage esbanjaram sintonia na pele de Paula, Neném, Guilherme e Flávia.

E o quarteto ficou ainda melhor com os corpos trocados. Foram mais de 40 capítulos assim e não cansou. Várias sequências foram impagáveis. Vale elogiar ainda a ótima premissa da história com a Morte (A Maia) avisando que um dos quatro personagens centrais morrerá em um ano. O mistério dá um toque a mais na novela, que nem por isso mergulha em um caminho mais pesado ou sombrio. Há uma mistura harmônica de comicidade e sensibilidade. Até cenas com os quatro cantando primam pela delicadeza. Aliás, é uma produção musical. A trilha é quase um personagem à parte. O conjunto de qualidades é incontestável.

Já Pantanal ainda está no início e com a segunda fase recém-iniciada, após uma primeira impecável e recheada de elogios. Mas Bruno está adaptando com habilidade a obra de seu avô e a escalação foi bastante acertada. Renato Góes (Zé Leôncio), Bruna Linzmeyer (Madeleine), Letícia Salles (Filó), Malu Rodrigues (Irma), Juliana Paes (Maria Marruá), Enrique Diaz (Gil) e Leopoldo Pacheco (Antero) brilharam no começo da trama e agora Alanis Guillen (Juma), Marcos Palmeira (Leôncio), Dira Paes (Filó), Karine Teles (Madeleine), Camila Morgado (Irma), Osmar Prado (Velho do Rio), Selma Egrei (Mariana), Jesuíta Barbosa (Joventino), Murilo Benício (Tenório), Julia Dalavia (Guta) e Isabel Teixeira (Maria Bruaca) vêm se destacando cada vez mais na continuação da saga de personagens que conquistaram a audiência em 1990 e seguem arrebatando o público em 2022. O início do romance de Juma e Jove está repleto de sensibilidade e com cenas lindíssimas. Fora as imagens deslumbrantes que são um presente para os olhos.

As três novelas inéditas atuais da Globo formam uma trinca de qualidade em sua grade. Além da Ilusão, Quanto Mais Vida, Melhor! e Pantanal são produções totalmente distintas, mas igualmente cativantes. Merecem o prestígio do telespectador.

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