Aloísio Ferreira Gomes, o Canarinho, nasceu em Salvador (BA) em 1927. Muito antes de ser um famoso humorista, ele batalhou como cantor e foi chamado, inclusive, de “O Pequeno Orlando Silva”. No fim da vida, o ator enfrentou sérios problemas de saúde, inclusive tendo perdido um braço após um acidente, mas sempre recebeu apoio de Carlos Alberto de Nóbrega.

Canarinho em A Praça é Nossa
Canarinho em A Praça é Nossa

O primeiro trabalho profissional de Canarinho foi na rádio Excelsior da Bahia, na qual cantava diversos sucessos. Mas a notoriedade mesmo veio quando ele se mudou para São Paulo…

Em dezembro de 1955, o artista chegou à capital paulista com o Conjunto de Samba do Internacional Russo do Pandeiro. A música foi ficando de lado, conforme ele revelou todo o seu talento para o humor. Assim, o comediante foi convidado por Manoel de Nobrega para fazer parte da Praça da Alegria.

“Com ele eu tive o prazer de aprender a escrever, produzir, dirigir, apresentar. Eu fiz vários programas, fizemos vários shows que ele me dava produção, eu fazia, dirigia ele próprio. Fizemos muita coisa entre ele e eu, tivemos uma amizade muito grande”, contou o humorista em entrevista à revista Zingu!.

Sucesso no velho e querido banco

Jerônimo - Canarinho e Francisco Di Franco
Reprodução / Facebook

Com seu jeito despojado, Canarinho caiu nas graças do público e começou a participar de outros humorísticos, como Folias do Golias e Balança, Mas Não Cai. Nessa época, ele começou a embarcar no cinema, atuando em mais de dez longas, como Diabólicos Herdeiros (1971), O Dia em que o Santo Pecou (1975) e Nos Tempos da Vaselina (1979), entre outros filmes.

Mas não foi apenas em programas humorísticos e longas que Canarinho trabalhou… O artista também esteve em novelas e séries, como Mãe (1965), Antônio Maria (1968), Meu Pedacinho de Chão (1971), Jerônimo, o Herói do Sertão (1972, foto acima) e Sinhá Moça (1986).

Tipo marcante em infantil

Sítio do Picapau Amarelo - Canarinho e Tonico Pereira
Divulgação / Globo

Canarinho fez parte do elenco do Sítio do Picapau Amarelo (1977-1986), da Globo, por quase nove anos, dando vida ao malandro Garnizé:

“Fez um sucesso extraordinário. Durante uns seis anos, todo o fim de ano, nós fazíamos um show no Maracanã. E superlotava o estádio, era algo emocionante. Também fomos em outros estádios pelo Brasil afora e quando nós entrávamos, era uma calamidade, um negócio inusitado”.

Do banco para o telefone

A Praça é Nossa

Em 1987, com a estreia de A Praça é Nossa no SBT, Canarinho voltou aos programas de humor. Ele encarnou vários personagens, como um boneco de ventríloquo e o Pai Peroba, mas o sucesso ficou mesmo por conta de O Homem do Telefone, figura que vivia pendurada no aparelho, sempre interrompendo os tipos interpretados por Carlos Koppa, causando uma grande confusão.

Nesta época, ele se tornou uma das principais figuras do programa. Canarinho nunca escondia o carinho que tinha por Carlos Alberto de Nobrega. Ele chegou a afirmar que o apresentador da ‘Praça’ foi o irmão que nunca teve.

Por problemas de saúde, as participações do ator na atração foram diminuindo… Ele acabou se afastando dos estúdios – a última aparição no set foi em 2013. A equipe, contudo, seguia até à casa dele para as gravações de especiais.

“Morreu um passarinho”

A Praça é Nossa - Canarinho
Divulgação / SBT

Canarinho faleceu no dia 21 de março de 2014, aos 86 anos, em decorrência de um infarto agudo do miocárdio. Depois de cinco dias internado no hospital, ele voou. Em homenagem, Moacyr Franco declamou um poema feito para o seu amigo na ‘Praça é Nossa’:

“Morreu um passarinho, morreu o encanto, morreu a graça, morreu a praça, morreu a lealdade, morreu a amizade, morreu o ninho, o mundo ficou sozinho. Morreu um passarinho, morreu o Canarinho”.

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Problemas de saúde

Os últimos meses de vida de Canarinho foram tristes. Ele perdeu um braço em um acidente na rodovia Presidente Dutra. O episódio veio à tona após a morte dele, através de uma declaração de Marcelo de Nobrega ao programa A Tarde é Sua, da RedeTV!.

“Ele já estava muito doente. […] Acabou o sofrimento. Da época em que ele perdeu o braço em diante, muita gente não sabe, ele perdeu um braço e a vida dele começou a se complicar”, lamentou o diretor da ‘Praça’.

Carlos Alberto de Nobrega, aos prantos, relatou outro dos problemas que afetaram o comediante: a perda auditiva.

“Ele estava surdo, né? Quando eu fui embora, eu falei sorrindo pra ele, que não ouvia: Olha, companheiro, é a última vez que a gente se vê aqui. A gente vai se encontrar um dia. E eu encontrei no carro e pedi a Deus pra levar o Canarinho”, confidenciou.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor