Após fiasco, autora da substituta de Pantanal parece ter aprendido a lição
21/07/2022 às 16h13
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No ar desde segunda (18) com Caminho das Índias no Viva, Glória Perez é uma profissional consagrada e não há como contestar seu prestígio. Com várias novelas de sucesso no currículo e vista, anos atrás, como sucessora de Janete Clair, fez sua história na televisão e merece respeito. Porém, é impossível não observar um grande comodismo em suas obras e, o que poderia ser apontado por alguns como ‘estilo’, nada mais é do que uma verdadeira overdose de repetições.
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Embora já tenha demonstrado interesse em apresentar novas culturas ao telespectador em Explode Coração (1995) – onde retratou os costumes ciganos -, foi depois do estrondoso sucesso de O Clone (2001) que Glória resolveu estabelecer um padrão para suas novelas: sempre exibir um núcleo cuja história se passa no exterior.
Provavelmente achou que tinha encontrado a fórmula do sucesso e de início até parecia mesmo que era uma estratégia inteligente. Apesar dos problemas iniciais, América e Caminho das Índias tiveram uma boa repercussão e audiência satisfatória. Mas a paciência do telespectador chegou ao fim em Salve Jorge (2012), maior equívoco da carreira da autora.
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Constrangimento
Caminho das Índias (2009) fez sucesso, apesar das mesmas repetições e da autora novamente não conseguir o casal de mocinhos, formado inicialmente por Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia).
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Apesar do clichê da mocinha rica não conseguir ficar com o mocinho pobre (ela era de uma casta superior a dele), o romance não emplacou. A química entre os atores foi nula e Márcio estava inexpressivo no papel, que ainda era bastante limitado.
O constrangimento da situação, por sinal, foi inevitável. O personagem praticamente sumiu do enredo e ganhou uma namorada (vivida por Thaila Ayala) perto da reta final, se casando com ela em uma cena de menos de 15 segundos no último capítulo. O público acabou conquistado pelo romance de Maya e Raj (Rodrigo Lombardi), que virou o centro das atenções.
Mistura
Já em Salve Jorge, a autora resolveu praticamente misturar todas as suas obras anteriores, incluindo até mesmo personagens iguais e situações muito semelhantes. A Turquia, por exemplo, como é muçulmana, faz lembrar o O Clone; cujos bordões lembravam Caminho das Índias, cujas vestimentas faziam lembrar os turcos de Salve Jorge, novela cuja história da protagonista faz lembrar a Sol, personagem de América, trama que também retratou uma ‘espécie de tráfico de pessoas’, só que com brasileiros entrando ilegalmente nos Estados Unidos. Em suma: um fio se entrelaçou no outro e assim sucessivamente, até virar uma imenso nó de difícil aceitação.
Como se não bastasse esse verdadeiro novelo de mais do mesmo e o público estar presenciando vários atores vivendo papéis parecidos – caso de Betty Gofman, repetindo sua personagem de Caminho das Índias; Jandira Martini, repetindo suas personagens de O Clone e Caminho das Índias; Walter Breda e Mussunzinho incorporando clones do Seu Gomes e do Farinha de América; além de Neusa Borges, que chegou a afirmar que Diva é realmente a mesma personagem de América, ainda foi exibida uma cena praticamente igual a um acontecimento ocorrido em América. Impossível não ter associado a sequência em que Morena vê sua mãe sendo expulsa do seu barraco à cena em que Sol se desespera ao se deparar com a casa dos seus pais sendo demolida por tratores.
Foi muito déjà vu para uma história só e a novela das nove fez por merecer cada crítica recebida. Pelo visto, a baixa audiência e a grande quantidade de críticas proferidas em cima de Salve Jorge serviram como uma espécie de alerta para que Glória Perez parasse de uma vez por todas se copiar a si mesma.
Depois do equívoco de Salve Jorge, a autora fez A Força do Querer, onde conseguiu fugir de boa parte de seus padrões. Em breve, será a vez de vermos o que ela reservou para Travessia, que vai substituir Pantanal.