Há 19 anos, o SBT exibia o último capítulo de Fascinação, trama de Walcyr Carrasco produzida no rastro do êxito obtido pelo autor com Xica da Silva (1996), na Manchete – enquanto contratado da TV de Silvio Santos. A bem-sucedida produção contou com nomes como Heitor Martinez, Mariana Ximenes e Caio Blat, todos arregimentados pela Globo ao término do folhetim, assim como Carrasco. Antes de migrar para o “canal 5”, contudo, Walcyr escreveu uma última produção para a emissora que o revelou, até hoje “na gaveta”: Segredo.
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Concebida com a colaboração de Mário Teixeira – coautor de O Cravo e a Rosa (2000), primeira novela de Walcyr Carrasco na Globo -, Segredo contava a história de João Paulo, um playboy que desfilava pelas altas rodas da sociedade paulistana na década de 1950 (inspirada em figuras reais do período). Ele é amante de uma ex-modelo casada, que o auxilia a encontrar uma jovem para desposar, garantindo assim seu direito à herança da família coordenada por um avô podre de rico. A escolhida é uma menina humilde, do interior do Estado. A união é estabelecida em contrato. Os noivos, contudo, se envolvem amorosamente.
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Também estavam previstos na sinopse um núcleo de crianças e outro, cômico, centrado na dona de uma pensão; uma espécie de Divina (Neusa Maria Faro), que coordenava a agitada hospedaria de Alma Gêmea (Globo, 2005)?
Segredo entrou em produção em agosto de 1998, com estreia prevista pra outubro, na vaga de Fascinação. A equipe buscava jovens estreantes – como Regiane Alves e Marcos Damigo, protagonistas da novela em exibição- para estrelar o folhetim, de 155 capítulos. Contudo, optou-se por veicular Pérola Negra, gravada dois anos antes. Desta forma, os trabalhos do folhetim “de despedida” de Carrasco do SBT acabaram suspensos.
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Antes de trocar de emissora, o autor reformulou toda a obra. Por acreditar que uma produção de época, mais trabalhosa, exigia acompanhamento direto do responsável pelo texto, Walcyr preferiu trazer o enredo para a atualidade.
Em 2000, no auge do sucesso de O Cravo e a Rosa, às 18h, surgiram boatos que o SBT colocaria o folhetim na linha de produção, numa espécie de “revide” ao ex-contratado. Na ocasião, David Grimberg, diretor do núcleo de teledramaturgia do canal, declarou ser inviável produzir Segredo a toque de caixa, apenas para cutucar a concorrência. O acordo firmado com a Televisa no ano seguinte, mirando a adaptação de textos desenvolvidos no México, acabou enterrando em definitivo as chances de Segredo ganhar as telas.