Após disputa judicial, SBT desistiu de exibir novela de concorrente
15/05/2023 às 16h31
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As novelas da Manchete seguem no imaginário do público. Há quem torça para que tramas como Kananga do Japão (1989), com Christiane Torloni (na foto abaixo em Alto Astral, da Globo), sejam resgatadas de alguma forma. Porém, a última investida neste sentido rendeu dores de cabeça para o SBT e a Band…
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Entre 2005 e 2010, Silvio Santos reapresentou quatro folhetins da Manchete – Xica da Silva (1996), Pantanal (1990), Dona Beija (1986) e A História de Ana Raio e Zé Trovão (1990). A emissora dos Saad exibiu mais um, Mandacaru (1997).
Mesmo os que não pertenciam à massa falida da Manchete, ‘Xica’ e Mandacaru, desencadearam questionamentos e processos. Os canais envolvidos, aliás, não detêm mais os direitos de exibição das obras.
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Protestos
Em março de 2005, o SBT colocou Xica da Silva no ar. A novela de Walcyr Carrasco elevou consideravelmente a audiência da rede. De olho no êxito da concorrente, a Band comprou Mandacaru – e, dizem, Tocaia Grande (1995).
A aquisição das tramas foi legal. Em meados da década de 1990, já em crise financeira, a Manchete passou a produzir seus folhetins através do selo Bloch Som e Imagem, uma medida para evitar que, em caso de falência, as obras fossem entregues à Justiça.
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Foi com a ‘Som e Imagem’, então nas mãos de Pedro Jacques Kapeller, o Jaquito, sobrinho do proprietário da Manchete Adolpho Bloch, que as estações de TV acertaram os direitos de exibição.
Ainda assim, as reapresentações incomodaram nomes como Giovanna Antonelli e Agildo Ribeiro. Os dois foram à Justiça em busca dos direitos de imagem. Tanto SBT quanto Band, porém, arcaram com tais despesas.
“Está tudo certo. Qualquer um pode receber, é só ir até o SBT e pegar. Não sei quem está e quem não está recebendo. Só sei que a emissora comprou os direitos de exibição e se alguém tem que ser processado, na minha opinião, não é o SBT. Só acho estranho a novela ter ido parar lá. Mas está no ar, tá passando…”, defendeu Taís Araújo, estrela de Xica da Silva, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, de 26 de junho de 2005.
No banco dos réus
O SBT voltou à carga em 2008, com Pantanal. Em comunicado publicado em jornais e revistas, o canal afirmou que os direitos foram adquiridos “da JPO Produções Ltda, por contrato com a Massa Falida da TV Manchete Ltda, celebrado em decorrência de decisão judicial autorizatória do juiz da 28ª Vara Cível da Capital de São Paulo, proferida nos autos da Falência da TV Manchete Ltda”.
O autor Benedito Ruy Barbosa reagiu! Ele, que havia acabado de negociar o texto de Pantanal com a Globo, foi à Justiça para impedir a exibição – a decisão favorável veio sete meses após a conclusão da reprise. De acordo com o site do Superior Tribunal de Justiça, o caso ainda aguarda uma resolução definitiva; uma perícia sobre os lucros da emissora com o repeteco irá determinar o valor da indenização ao novelista.
Desistências
Logo após o clássico de 1990, o SBT resgatou Dona Beija e A História de Ana Raio e Zé Trovão.
Em 23 de junho de 2008, a Folha de São Paulo anunciou que, por R$ 2 milhões, a emissora também havia adquirido Corpo Santo (1987), Kananga do Japão (1989, foto), Amazônia (1991) e a minissérie O Canto das Sereias (1990). Em 26 de março do ano seguinte, o mesmo jornal noticiou as tentativas de liberação de Carmem (1987) com a autora Gloria Perez.
O Jornal do Brasil, de 27 de julho de 2018, trouxe a provável reexibição da minissérie A Rainha da Vida (1987).
Todos estes títulos ficaram apenas na expectativa. SBT e Band afirmaram ao TV História que não possuem mais direitos sobre os folhetins da Manchete. Em dezembro de 2021, o arquivo de mais de 25.000 fitas da rede dos Bloch, incluindo as novelas, foi arrematado em um leilão por R$ 500,5 mil. A identidade do comprador não foi divulgada.