Após demissão e processo, artista jurou nunca mais pisar na Globo

O Quinto dos Infernos - Ewerton de Castro e Maria Padilha

Ewerton de Castro (Cauper) e Maria Padilha (Emengarda) em O Quinto dos Infernos (Divulgação / Globo)

Nem sempre fazer um papel, seja numa novela, seja em uma série, é agradável para o artista: muitas vezes, ele entra em cena porque precisa do emprego e não tem outra saída.

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Ewerton de Castro (Cauper) e Maria Padilha (Emengarda) em O Quinto dos Infernos (Divulgação / Globo)

Ewerton de Castro, que esteve presente em inúmeros trabalhos, não gostou da forma como foi tratado em uma minissérie da Globo e pediu as contas.

Mas o preço da liberdade teve um valor muito salgado…

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Presente nos clássicos da dramaturgia

Ewerton de Castro como Alexandre em A Viagem (Reprodução / IMDB)

A Viagem (1975), Éramos Seis (1977), Roque Santeiro (1985), Pantanal (1990), Riacho Doce (1990), As Noivas de Copacabana (1992), Fera Ferida (1993) e Os Maias (2001) foram alguns dos trabalhos do ator ao longo de quase 50 anos de carreira na TV.

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Ewerton também esteve presente em inúmeros filmes da época de ouro da pornochanchada e em várias peças de teatro. Versátil, ele foi apresentador do game show Olho Vivo, exibido em meados dos anos 1980 na Bandeirantes.

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“Não fui respeitado artisticamente”

Ewerton de Castro como Silveira em Riacho Doce (Divulgação / Globo)

Em 2002, Ewerton de Castro foi escalado para atuar em O Quinto dos Infernos, minissérie que abordava a chegada da família real portuguesa ao Brasil e os bastidores da nossa independência. Mas o ator se sentiu desrespeitado, pois seu papel não tinha nenhum destaque, quase um “figurante de luxo”.

Por conta disso, ele abandonou as gravações e pediu demissão da emissora.

“Não fui respeitado artisticamente. Meu personagem em ‘O Quinto’ (Cauper, um comerciante), não tinha falas e nunca era enquadrado pela câmera. Não pensei que eles chamariam a mim, um profissional com 34 anos de carreira, para fazer praticamente uma figuração”, desabafou à Folha de S. Paulo em 3 de fevereiro de 2002.

Além de criticar a produção, ele não poupou a própria Globo, afirmando que os envolvidos foram arrogantes na reunião de despedida.

“Perguntaram milhares de vezes se eu tinha certeza do que estava fazendo. A relação que existe entre a Globo, todo-poderosa, e os atores é tão injusta que, quando alguém diz ‘não’, eles dizem que não ouviram direito. Eles não acreditam que alguém não queira trabalhar lá. Sabem que há uma fila na porta implorando para entrar a qualquer preço”, detonou.

“A Globo acaba assumindo uma espécie de poder divino. Mas eles fazem isso para sua autoestima cair e você começar a aceitar qualquer coisa que eles oferecem. Abençoados são os que precisam da TV para viver”, complementou.

Vida que segue

Ewerton de Castro (Túlio) e Regina Maria Dourado (Wanda) em Bicho do Mato (Divulgação / Record)

Depois da sua saída da emissora carioca, Ewerton foi contratado pela Record e atuou em A Escrava Isaura (2004), Essas Mulheres (2005), Prova de Amor (2006), Bicho do Mato (2006), Chamas da Vida (2008) e A História de Ester (2010).

Em 2011, o ator anunciou sua aposentadoria, pois estava triste e desiludido com o mercado. Ele se mudou para os Estados Unidos e vive lá até hoje.

Processado pela Globo

Ewerton de Castro (Reprodução / YouTube)

Depois de 20 anos da saída de Ewerton de Castro de O Quinto dos Infernos, a Globo processou o ator, alegando que não o contratou como coadjuvante e não houve falta de respeito profissional. Além disso, a empresa argumentou que sofreu transtornos com essa mudança repentina.

“Diante do inexplicável desaparecimento de um de seus personagens, foi preciso alterar o roteiro, reescrevendo vários capítulos, tentando, de alguma forma, não prejudicar o conteúdo da obra”, ressaltou a emissora no processo.

A Justiça entendeu que a Globo não agiu de má-fé, pois o ator tinha recebido o script com antecedência e a emissora cumpriu o combinado. O juiz Rogério Arruda condenou, em maio deste ano, Ewerton de Castro a pagar a multa contratual em torno de R$ 210 mil, contando juros e correção monetária, de acordo com o portal UOL.

O ator, que não se pronunciou sobre o fato, pode recorrer da sentença.

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