Um homem da voz potente – assim era conhecido o cantor Jessé, que fez enorme sucesso nas décadas de 1970 e 1980 e conquistou a parada de sucessos inúmeras vezes. Mas sua vida foi interrompida por uma tragédia.

Jessé nasceu em Niterói, cidade do Rio de Janeiro, mas foi criado em Brasília. Logo na adolescência, descobriu o dom para a música e montou uma banda, que fazia shows em vários bailes. Quando completou 22 anos, mudou-se para São Paulo em busca do sucesso.

Um dos primeiros trabalhos do cantor foi como crooner em várias boates da cidade. A fama começou quando fundou o Placa Luminosa. Em 1977, o grupo lançou o primeiro disco e, logo de cara, fez sucesso com a música Velho Demais. A canção também foi incluída na trilha sonora da novela Sem Lenço, Sem Documento, exibida pela Globo naquele ano.

A fama no festival

A partir disso, Jessé seguiu sua carreira solo e passou a cantar em inglês com o nome de Christie Burgh e Tony Stevens. Mas foi com músicas em português que ele conquistou a fama: venceu como melhor intérprete o Festival MPB Shell 1980 com a canção Porto Solidão. No mesmo ano, ele lançou Voa, Liberdade, que se tornou um sucesso instantâneo.

Na década de 1980, Jessé lançou 12 discos e era uma figura constante em programas de auditório. Um dos momentos mais marcantes de sua carreira foi quando ele cantou, acompanhado de um coral, a música Aleluia, em homenagem ao apresentador Gugu Liberato no Viva a Noite .

A paixão pela velocidade

Jessé era um apaixonado por carros e sempre dirigia em alta velocidade pelas estradas. No programa Clodovil Abre o Jogo, em 1992, ele falou sobre o vício de correr:

“Eu já fiz alguns trabalhos em psicanálise para tentar saber porque eu corro tanto, mas eu também corro bastante de mim. Pode ser que eu esteja correndo de alguém, mas talvez será de mim, não sei”.

No dia 29 de março de 1993, o cantor estava a caminho de mais um show – o destino era a cidade de Terra Rica, no Paraná. Ao seu lado, viajava sua esposa Rosana Kozzer, que estava grávida de cinco meses.

A tragédia na rodovia

Segundo relatos da Polícia Rodoviária, o Ford Escort XR3 estava a 190 km/h quando deixou a terceira pista da Rodovia Raposo Tavares. O cantor perdeu o controle do carro, bateu no barranco e acabou capotando. Os dois foram resgatados e encaminhados para um hospital na cidade de Ourinhos, interior de São Paulo.

Rosana sofreu inúmeras fraturas, perdeu o bebê, mas sobreviveu ao acidente. Jessé, entretanto, chegou a ser internado, pois sofreu traumatismo craniano, mas não resistiu e faleceu aos 40 anos.

Muitos fãs e amigos foram até a Santa Casa de Ourinhos para homenagear o cantor. A família fez sua última vontade – todos os órgãos do cantor foram doados. Ele deixou duas filhas de outros casamentos.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor