Em agosto, o Fantástico completa 50 anos no ar, mostrando que é um dos principais programas da história da televisão.

Domingo Show - Leila Cravo
Leila Cravo no Domingo Show (Reprodução / Record)

Muitos apresentadores passaram pelo dominical em cinco décadas de existência. Uma delas foi Leila Cravo, que morreu e foi esquecida até pela atração que comandou.

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Carreira meteórica

Leila Cravo
Leila Cravo (Reprodução / IMDB)

Leila começou sua carreira de atriz no cinema, atuando no filme Um Uísque Antes, um Cigarro Depois, de 1970. No ano seguinte, ela foi protagonista de Uma Pantera em Minha Cama.

Isso foi um pulo para que a artista fosse para a TV, atuando na novela O Semideus, em 1973. Corrida do Ouro (1974), Vejo a Lua no Céu (1977), Locomotivas (1977), Te Contei? (1978) e Sinal de Alerta (1978) foram algumas das produções que ela participou.

Em 1974, esteve presente no Fantástico, apresentando alguns quadros da atração. Por alguns anos, jornalistas e artistas comandavam o dominical, que já era um sucesso de audiência.

Um acidente misterioso

Corrida do Ouro - Aracy Balabanian, Leila Cravo e Sandra Bréa
Sandra Bréa (Isadora), Aracy Balabanian (Teresa) e Leila Cravo (Carmem) em Corrida do Ouro (Divulgação / Globo)

Leila já era um símbolo sexual quando foi notícia nos principais veículos de imprensa da época: em 1975 ela foi encontrada deitada na Avenida Niemeyer, nua e com machucados pelo corpo.

O local em que ela estava era o Motel Vip’s, um dos mais famosos do Rio de Janeiro. Os socorristas e funcionários do estabelecimento afirmaram que ela caiu de uma suíte, cerca de 18 metros de altura.

Socorrida, a atriz e apresentadora ficou internada em coma e a imprensa passou a especular o que havia ocorrido. Muitos falaram de tentativa de suicídio, pois a hipótese de homicídio foi descartada: o então namorado da atriz, o empresário Marco Aurélio, se apresentou à polícia de forma espontânea, afirmando que ele saiu antes da atriz deixar o motel, fato comprovado pelos investigadores.

O assunto foi perdendo força e Leila, totalmente recuperada, voltou a trabalhar na TV e no cinema. Abalada, ela não falava abertamente sobre o episódio, mas em uma entrevista ao Última Hora afirmou que “jamais cometeria suicídio”.

Leia também: Sacanagem: antes de deixar a Globo, astro foi esquecido em homenagem

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Esquecimento

Leila Cravo
Leila Cravo (Reprodução / IMDB)

O último trabalho da artista foi em Sinal de Alerta. Após a novela, ela nunca mais voltou a atuar. Depressiva, Leila Cravo foi sendo esquecida pelo público e amigos, que não a procuravam mais.

“Eu me senti abandonada, solitária, fiquei triste, deprimida. Além do público que te assiste, você sente falta daquele que finge te admirar, mas só quer pegar carona no sucesso. São os falsos amigos. Sumiu todo mundo”, lamentou em 2015 ao jornalista Paulo Sampaio.

A verdade veio à tona

Domingo Show - Geraldo Luís e Leila Cravo
Leila Cravo no Domingo Show, de Geraldo Luís (Reprodução / Record)

Toda a história foi revelada anos depois no livro Os Motéis e o Poder, de Murilo Fiuza de Melo e Ciça Guedes: a famosa foi vítima de uma tentativa de homicídio.

Ela tinha pelo corpo sinais de agressão e tentativa de estrangulamento. Segundo ela, uma pessoa amiga de seu ex-namorado teria ido ao motel sem ela saber.

“Ele [Marco Aurélio] combinou com a outra pessoa para ir lá e aconteceu a desgraça: violência sexual e tentativa de assassinato. Essa tentativa de assassinato funcionou socialmente, porque o que me sobrou foi o corpo. A minha alma foi trocada, não tenho dúvidas”, relatou.

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Segredo nunca revelado

Leila Cravo
Leila Cravo (Reprodução / Record)

Leila nunca falou o nome do agressor. Ela disse que recebeu ameaças de morte, pois ele seria um ministro forte do governo Ernesto Geisel, um dos presidentes da ditadura militar. Mesmo com depoimentos, a justiça acabou arquivando o caso.

Leila Cravo morreu aos 66 anos no dia 5 de agosto de 2020, vítima de uma infecção generalizada. Seu falecimento foi noticiado quase dois meses depois.

Em julho de 2022, foi lançado o podcast Leila, narrado por Leandra Leal e que conta a história de vida da atriz e o caso que nunca foi esclarecido, preservando sua memória.

“Se eu soubesse que minha mãe foi vítima dessa crueldade toda, teria tido compaixão e não raiva, como muitas vezes senti por ela. Minha família nunca contou o que tinha acontecido e eu não entendia por que minha mãe vivia drogada e reclusa do mundo. Depois do podcast, todo o quebra-cabeças se encaixou”, disse a filha da atriz Tathiana ao UOL, em 4 de outubro de 2022.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor