Após alterações, The Voice Kids continua com fôlego de sobra e revela paradoxo com versão adulta
10/01/2018 às 10h00
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Em meio ao desgaste da edição adulta, que se acentua a cada ano, o The Voice Kids, que chega à sua terceira temporada, estreou com novidades importantes em seu júri. O conjunto do reality, com vozes marcantes, escolhas musicais menos óbvias e técnicos entrosados entre si e com os candidatos, que conquistou o público nas edições anteriores, novamente se fez presente, reforçando a gritante diferença a favor da edição infantil.
O estopim para as alterações veio ainda durante a segunda edição. No fim de fevereiro do ano passado, Victor (da dupla Victor e Leo) foi denunciado por agressão contra sua esposa, durante a fase ao vivo daquela temporada. Meses após o término da edição, o cantor rebateu a Globo, anunciando que não voltaria mais ao programa; o posto foi ocupado pelas irmãs Simone e Simaria, representantes do “feminejo” atual.
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Pouco depois, Cláudia Leitte e Ivete Sangalo trocaram de lugar: Ivete, que participou dos dois primeiros ‘Kids’, foi deslocada para a versão adulta exibida no ano passado. A loira, técnica do The Voice Brasil desde a estreia em 2012, foi para o ‘Kids’ – do qual a morena estaria impossibilitada de participar, devido à gestação avançada. Apenas Carlinhos Brown foi mantido (nas duas edições), bem como André Marques e Thalita Rebouças (que assumiram em 2017 os lugares de Tiago Leifert e Kika Martinez).
As mudanças criaram expectativas sobre como o novo júri iria funcionar. E na estreia, o resultado deu certo: o programa continua com o mesmo conjunto atraente, em contraponto ao evidente desgaste da versão adulta – e ainda revela um certo paradoxo, dada a comprovada resistência de Boninho em reformular o ‘TVB’, a ponto inclusive de manter o mesmo grupo de técnicos, enquanto não se furtou a alterar o grupo do ‘Kids’.
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Simone e Simaria foram gratas surpresas e esbanjaram carisma junto às crianças. Cláudia Leitte, que nos últimos anos parecia mais preocupada em chamar atenção com suas caras, bocas e decotes do que com o propósito do programa, diminuiu os exageros e mostrou ótima sintonia com as novas técnicas. Brown foi o Brown de sempre, com seus longos discursos – na versão com crianças, isto é um elogio.
A seleção de candidatos também impressionou logo na estreia. Guilherme Martinez, o primeiro participante, arrebatou com sua versão de ‘Music and Me’, sucesso de Michael Jackson nos anos 70. Bia Rosa, por sua vez, encantou a todos ao interpretar ‘Sereia’ (de Lulu Santos); Pedro Souza cantou o clássico gospel ‘Oh Happy Day’ e Rayanne Lima trouxe uma ótima versão de ‘Meu Violão e o Nosso Cachorro’, das técnicas Simone e Simaria. Os quatro viraram as cadeiras.
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Ainda assim, é preciso chamar atenção para um detalhe: a presença de participantes em torno dos 14/15 anos. Por melhores que eles sejam, já não se enquadram na categoria de Kids (alguns deles nem parecem crianças). Com isso, nem sempre a disputa fica justa. Seria mais coerente se fossem criadas condições para poderem participar da versão adulta – fica aqui uma ideia para melhorar o The Voice Brasil, aliás.
A julgar pelo apresentado na estreia, o The Voice Kids tem tudo pra emplacar mais uma excelente temporada. O novo júri fluiu muito bem, em especial as brincadeiras de Simone e Simaria com Cláudia Leitte, e a presença de bons candidatos emocionou e arrepiou, reforçando o abismo que existe entre as versões infantil e adulta. Que venham os próximos episódios!