Um dos maiores nomes da Escolinha do Professor Raimundo, comandada por Chico Anysio na Globo, Lucio Mauro nasceu em Belém (PA), em 14 de março de 1927. Ele iniciou a carreira artística no teatro estudantil. Logo foi convidado para a companhia teatral de Mário Salaberry, esposo da atriz Zilka Salaberry.

Escolinha do Professor Raimundo - Chico Anysio
Chico Anysio à frente da Escolinha do Professor Raimundo (Divulgação / Globo)

O grupo planejava apresentações por cidades como Recife, onde o ator prestou vestibular para Direito. Em seguida, a trupe seguiu para o Rio de Janeiro. A viagem, porém, culminou com um grave acidente, do qual Lucio foi resgatado bastante ferido. Mário, infelizmente, não resistiu, morrendo na frente dele.

Recuperado, embora arrasado com a tragédia, o jovem artista retornou a Recife, onde conheceu o comediante Barreto Jr. Foi quando teve início a trajetória dele no humor.

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O sucesso na TV

Arlete Salles e Lucio Mauro
Lucio Mauro e Arlete Salles (Reprodução / Facebook)

Lucio Mauro entrou para a TV Rádio Clube de Pernambuco em 1960, participando do programa Beco Sem Saída. Na ocasião, ele contracenava com outro grande nome do humor: José Santa Cruz.

Não demorou para que Lucio fosse convidado para fazer televisão no Rio de Janeiro. O diretor Walter Clark o convocou para a TV Rio; na Tupi, através do Grande Teatro, atuou ao lado de nomes como Bibi Ferreira, Fernanda Montenegro e Sérgio Cardoso. Já com a então esposa Arlete Salles, ele uniu humor e música em I Love Lucio, título inspirado na sitcom I Love Lucy (1951).

Em 1966, o ator foi contratado pela Globo para o humorístico TV0-TV1. Ele e os colegas – Paulo Silvino, Jô Soares, Agildo Ribeiro, entre outros – satirizavam atrações da telinha.

Trabalhos na Globo

A Favorita - Lucio Mauro
Lucio Mauro como Sabiá em A Favorita (Reprodução / Globo)

A carreira de Lucio Mauro incluiu parcerias inesquecíveis. Com Sônia Mamede, o comediante dividiu o quadro Ofélia e Fernandinho, do Balança, Mas Não Cai (1968) – depois reeditado, com Cláudia Rodrigues, no Zorra Total (1999). Com Chico Anysio, além do Professor Raimundo e Ademar Vigário, destaque para Alberto Roberto e Da Júlia, ator e diretor, em Chico City (1973) e no Zorra Total.

Ele também atuou atrás das câmeras, com diretor da segunda versão do Balança, Mas Não Cai na Globo (1982) e de A Festa é Nossa (1983).

Lucio ainda passou por novelas como Pecado Capital (1998) e A Favorita (2008), além das minisséries O Pagador de Promessas (1988) e Dona Flor e Seus Dois Maridos (1998) e da temporada 1983 do Caso Verdade, interpretando o médium Chico Xavier.

A última aparição no vídeo foi na nova Escolinha do Professor Raimundo, em 2015, ao lado do filho Lucio Mauro Filho, que então respondia por Ademar Vigário.

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A despedida

Escolinha do Professor Raimundo - Bruno Mazzeo, Lucio Mauro e Lucio Mauro Filho
Lucio Mauro Filho com Bruno Mazzeo e Lucio Mauro na Nova Escolinha (Divulgação / Globo)

Lucio Mauro faleceu em 11 de maio de 2019, aos 92 anos, por falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado há dois meses na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, por conta de problemas respiratórios. O filho prestou sua homenagem através de um post no Instagram.

“Por volta das 22h deste sábado, meu amado pai serenou. Ele merecia esse descanso. Lucio Mauro teve uma vida linda, uma carreira vitoriosa, 5 filhos, 5 netos, dois casamentos, com Arlete e Lu, duas mulheres fantásticas que se tornaram amigas e mantiveram essa família unida”, escreveu.

“Há três anos ele sofreu um AVC. Foi forte e resistiu. Mas já não era a mesma coisa. Preso a uma homecare, ele lutou até suas últimas forças. Ainda teve a alegria de conhecer Liz, a neta inesperada que chegou para promover o ciclo da vida. Estava internado há quatro meses. A esticada foi longa e sofrida. Agora só restava o descanso que ele tanto merece”, completou Lucinho.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor