No ar há mais de 35 anos no SBT, A Praça É Nossa segue à risca o formato criado por Manuel de Nóbrega em A Praça da Alegria, clássico humorístico lançado em 1956. Filho de Manuel, Carlos Alberto de Nóbrega assumiu o lugar do pai no banco.

A Praça É Nossa - Carlos Alberto de Nóbrega
Carlos Alberto de Nóbrega em A Praça É Nossa (Reprodução / SBT)

No entanto, o início desta história não aconteceu no SBT, e sim na Band. Foi na emissora do Morumbi que Carlos Alberto se lançou como “dono do banco”, mas a experiência na TV dos Saad durou pouco, já que o artista decidiu trocar a estação pelo canal de Silvio Santos.

[anuncio_1]

A volta da Praça

Em 1987, a Band, então chamada de Bandeirantes, tira Carlos Alberto de Nóbrega da Globo – emissora em que trabalhava como ator e redator em Os Trapalhões – e oferece a ele a chance de continuar o legado de seu pai. Surge assim o humorístico Praça Brasil.

A atração contava com as participações de Golias, Agildo Ribeiro, José Vasconcellos, Lady Francisco, Carlos Leite, Nair Bello e Orival Pessini, entre outros grandes nomes do humor. Mas, com duas semanas do programa no ar e cinco episódios gravados, Carlos Alberto de Nóbrega decidiu “abandonar o barco” e trocar a Band pelo SBT.

“Carlos Alberto foi seduzido por um salário muito maior, com direito a luvas milionárias e o pagamento da multa de rescisão do contrato. A Bandeirantes, além de ficar desfalcada de um apresentador e humoristas, ainda perdeu o diretor do programa Bronco, que marca a volta de Ronald Golias no vídeo. No canal de Silvio Santos, comenta-se que o motivo da troca não foi financeiro, mas sentimental”, explicou a jornalista Joyce Pascowitch na Folha de S. Paulo, relacionando a troca à grande amizade entre Manuel de Nóbrega e Silvio Santos.

[anuncio_2]

Emissora deu o troco

 

Assim, pouco tempo depois da mudança, o SBT lançou A Praça É Nossa, que contou inclusive com a participação de Silvio Santos no programa de estreia. Mas a Band deu o troco: divulgou uma nota desaforada e seguiu com a Praça Brasil no ar, mesmo sem a presença de Carlos Alberto.

“Carlos Alberto cedeu ao aliciamento da TVS, rompendo o compromisso na hora em que a Bandeirantes inicia sua escalada com novos programas e a audiência sobe dia a dia. Surpreendendo a todos os seus amigos e companheiros de trabalho, Carlos Alberto Nóbrega não honrou seu compromisso com a Bandeirantes”, posicionou-se a TV do Morumbi.

Enquanto isso, Moacyr Franco assumiu o comando da Praça Brasil, que seguiu no ar. A Band conseguiu segurar alguns nomes, como Golias. Já outros partiram com Carlos Alberto para o SBT.

[anuncio_3]

Comparação

Praça Brasil
Orival Pessini e Moacyr Franco na Praça Brasil (reprodução/web)

Com isso, criou-se uma situação inusitada na televisão brasileira. SBT e Band exibiam dois humorísticos muito parecidos praticamente ao mesmo tempo. Na época, parte da crítica preferiu o programa da Band.

“No confronto das duas, não sobra muito para louvar. Moacyr Franco é sem dúvida mais divertido e espontâneo. Além disso, o ‘clima’ de humor é mais pesado no SBT. Afinal, graça é difícil de obter, mas bom-gosto, nem tanto”, analisou o jornalista Eugênio Lyra Filho, do jornal O Globo.

Porém, na audiência, o programa do SBT levou a melhor e chegou até a incomodar a Globo, beliscando a liderança de audiência. Na Band, Praça Brasil ficou no ar até 1988, quando foi reformulado e mudou de nome para Só Riso na Praça, mas a nova fase durou pouco tempo.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor