Apesar do péssimo PlayPlus e edição preguiçosa da Record, A Fazenda 12 merece o sucesso
29/10/2020 às 1h28
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A décima segunda edição de “A Fazenda” estreou em setembro, na Record. A emissora estava com altas expectativas em virtude do fenômeno do “Big Brother Brasil 20”, que parou o Brasil e movimentou as redes sociais, principalmente com o início da pandemia do novo coronavírus. E já é possível constatar que a produção acertou com a temporada de 2020. O sucesso é incontestável e o elenco foi bem escolhido.
Na semana passada, o reality ficou pela primeira vez na liderança isolada durante o confronto com o desgastado “The Voice Brasil” e a reprise do ótimo “Que Conversa É Essa, Porchat?” na Globo. Mas já vem alcançando o primeiro lugar quase diariamente por cerca de 15 minutos ou mais, principalmente durante a formação da Roça (na terça-feira). A verdade é que a pandemia privou a televisão de atrações inéditas e as reprises vêm dominando as programações. “A Fazenda 12” é um dos raros produtos inéditos sendo exibidos. A migração de audiência é natural.
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Mas a escolha dos participantes foi certeira, o que também contribui para a atenção dos telespectadores. Desde a estreia, há embates e brigas quase todos os dias. Até o momento não há tédio no reality. O que não falta é “fogo no feno”, como diz Marcos Mion.
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O apresentador, aliás, segue bem no comando do programa, mas seus discursos sempre elogiosos aos participantes durante o anúncio do eliminado da semana têm sido exagerados e cansativos. Sua parcialidade é outro ponto que merece menção, embora ainda seja menos escancarada que a de Thiago Leifert no “BBB”.
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Já os candidatos ao prêmio têm se destacado, para o bem ou para o mal, e a rivalidade de Jojo Toddynho e Raíssa com o agora quarteto formado por Biel, Juliano, Mirella e Victória vem dominando as edições. Isso porque a eliminação de Luiza Ambiel na quinta-feira passada (22) marcou uma nova mudança no jogo. Seus quatro então aliados se fecharam e se mostraram ainda piores sem a ex-participante da “Banheira do Gugu”. Os comentários sobre os demais são sempre depreciativos e dignos de nojo. Claro que isso os coloca como um grupo “de vilões”. O que lembra também o time dos “machos escrotos” do “BBB20”, que foi escorraçado do programa pelo público. Essa guerra entre “bem e mal” sempre faz sucesso.
A volta de Matheus Carrieri com mais de 70% de preferência popular, logo após a eliminação de Luiza, foi o momento mais arrepiante da edição até o momento. O grito de Jojo, Raíssa, Lipe, Stéfani, Lidi Lisboa, Tays, Mariano e Jake foi emocionante, enquanto o desespero de Biel, Victoria, Juliano, Lucas e Mirella lavou a alma de grande parte do público. É uma nova fase do jogo, após as eliminações de Luiza, Carol, Cartolouco, Rodrigo, JP Gadelha e Fernandinho.
Por sinal, a grande virada foi a saída de Carol Narizinho, que implicou no desmascaramento de Luiza e Victória, que se bandearam para o lado do grupo de Biel, traindo Stéfani e Raíssa. Ali tudo mudou. O favoritismo de Raíssa, que sofre da Síndrome de Borderline e com isso tem acessos de fúria emocional incontroláveis (e usados como ponto fraco por seus adversários), só tem crescido, assim como o destaque de Jojo. As duas formaram uma dupla ótima e favoritas ao prêmio. Stéfani e Lidi também conseguiram conquistar uma parcela do público nas redes sociais.
É uma pena, porém, que a Record não honre o sucesso do reality. A edição do programa segue preguiçosa e não dá para entender como até hoje, após onze temporadas, exibem o resultado de uma prova realizada no domingo à tarde (“Prova de Fogo”) somente segunda à noite. É um anticlímax. E como a emissora permite o uso de robôs nas votações? Qualquer um pode usar um serviço de voto automático para votar com mais rapidez. A Globo baniu isso há muitos anos no “BBB”.
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Mas parece que o intuito é justamente se aproveitar da irregularidade para vangloriar milhões de votos e quebras de recordes. Mion até já exagerou na empolgação e soltou “Já ultrapassamos 600 bilhões de votos”, para depois se corrigir e dizer que eram 600 milhões. Claro que nada é por acaso. O “BBB20” atingiu um recorde histórico com o paredão que eliminou Felipe Prior contra Manu Gavassi: um bilhão e meio de votos. Entrou até no Guinness Book. O intuito da Record é ultrapassar isso. Mas mesmo com robôs será quase impossível.
E outro grande erro da temporada, que já vem das edições anteriores, é o “Playplus”, uma espécie de Globoplay da Record. O serviço funciona como um “Pay Per View” do “Big Brother Brasil”, mas, ao contrário do reality da Globo, só mostra o que a produção quer. A transmissão é interrompida diversas vezes quando ocorre algum barraco entre os participantes para a exclusividade no canal aberto.
Sempre o pós-festa, às sextas-feiras, não é exibido para o assinante. A câmera filma apenas a sala, enquanto a ação ocorre na cozinha e no quarto. Só é possível ouvir os gritos das pessoas. Aliás, recentemente nem isso. Porque o áudio foi cortado. Ou seja, o telespectador paga para não ver. Ainda há mais uma agravante: às quintas-feiras, a transmissão do 24h é interrompida para a exibição de uma entrevista do eliminado com o humorista Victor Sarro. Simplesmente te obrigam a ver.
Para culminar, o amadorismo da equipe de produção do programa chega a assustar. Permitiram que os fãs de Mirella enviassem um carro de som avisando para a MC se afastar de Biel e Juliano e confiar apenas na Stéfani. Todos os participantes ouviram. A sorte é que o ego da mimada e de seus aliados é tão elevado que o trio ignorou o aviso. Mas não importa, ninguém foi punido. Como permitem algo assim?
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O pior é que já teve carro de som em outras edições do reality e até sobrevoo de helicóptero. Outro tropeço recente foi a demora para a anulação do poder de Biel na votação desta terça (27/10). O público viu o rapaz falando sobre a benefício para Victória (o que é proibido), mas Mion ignorou as reclamações dos telespectadores e ainda disse que Biel não tinha falado nada demais. Hoje, porém, à tarde, a produção mudou de ideia e anulou o poder da chama. Não podiam ter feito isso no instante da infração?
Apesar dos problemas citados, como o péssimo serviço do Playplus e a condução equivocada nas edições diárias da Record, “A Fazenda 12” merece o sucesso que tem feito e virou uma boa companhia para o telespectador no fim de noite em tempos de pandemia. Um entretenimento que ao menos distrai.
Tem tudo para ser a melhor temporada.
SOBRE O AUTOR
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook.