Apesar do fracasso, Globo poupou Travessia de ter destino trágico
12/11/2024 às 8h11
Com média de audiência de 25,5 pontos, Babilônia foi, em 2015, a novela das nove com a menor audiência da história da faixa até ali. A trama escrita por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga não agradou e precisou passar por uma grande reformulação para tentar driblar o fiasco. Mas as mudanças não deram certo.
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Oito anos depois, o recorde negativo de Babilônia foi superado por Um Lugar ao Sol (2021), que marcou 22,3 pontos. Agora, Travessia caminha para “superar” negativamente a trama de 2015, pois acumula, até aqui, média de 23,1 pontos no Kantar Ibope. Porém, apesar do resultado ruim, a história de Gloria Perez não precisou passar pela transformação adotada em Babilônia.
Tentativa de resgate
Em seu primeiro mês, Babilônia derrubou consideravelmente a audiência do horário nobre da Globo. Além do Ibope fraco, a trama também sofreu inúmeras críticas, além de ter sido vítima de um boicote conservador, que desaprovou temas considerados “pesados”.
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Na época, a direção da Globo acendeu a luz amarela e correu para saber o que, afinal, estava se passando, já que nunca havia tido um desastre tão grande. O canal chegou até a adiantar o grupo de discussão, que normalmente é realizado após o capítulo 30. Com Babilônia, o primeiro grupo se reuniu após 15 dias da estreia.
Com isso, a direção da Globo identificou os principais pontos que vinham causando rejeição a Babilônia e encomendou uma grande transformação na obra. Tudo foi mudado: personagens, abertura e grande parte da trama.
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Alterações
Reprodução / GloboDez dias após a estreia, Babilônia já surgiu diferente. A emissora modificou a abertura do folhetim na tentativa de deixá-la mais “suave”. Com isso, os tons escuros da vinheta ficaram mais claros. Mudou também a cor da logo da novela: passou de vermelha para branca.
Outra mudança impressa de cara foi a modificação da história de Alice (Sophie Charlotte). Inicialmente, era se tornaria uma prostituta ao cair na conversa do namorado, o cafetão Murilo (Bruno Gagliasso). Mas o grupo de discussão apontou que a novela daria um mau exemplo e, por isso, Alice se transformou numa mocinha romântica.
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Babilônia também reduziu as cenas de carinho envolvendo o casal de lésbicas Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg). As duas trocaram uma bitoca logo no primeiro capítulo, o que causou comoção. Porém, no tal grupo de discussão, a emissora constatou que parte do público não queria mais ver o casal trocando carícias.
Sexo e religião
Enquanto isso, a vilã Beatriz (Gloria Pires) teve seu perfil modificado. A princípio ela seria uma verdadeira ninfomaníaca, mas as cenas em que ela aparecia fazendo sexo casual logo desapareceram. Ela mudou seu jeito ao se apaixonar por Diogo (Thiago Martins).
Rafael (Chay Suede), irmão de criação de Beatriz, também foi modificado. A princípio, ele seria um jovem ateu, o que lhe traria conflitos com a família de sua namorada, Laís (Luisa Arraes), que era evangélica. A cena em que ele revelaria ao clã que não acreditava em Deus foi modificada; ele apenas declarou que não tinha religião.
Todas estas mudanças foram implantadas apenas no primeiro mês de Babilônia. Mas, no decorrer da trama, outras alterações foram realizadas. Carlos Alberto (Marcos Pasquim), por exemplo, seria um homem gay, mas os autores mudaram o rumo do personagem e ele se apaixonou por Regina (Camila Pitanga).
Outra mudança foi o personagem de Herson Capri. A princípio, ele viveria o traficante Osvaldo. No entanto, Herson entrou em cena como o empresário Otávio, tipo que nem estava previsto. Osvaldo entrou na trama mais adiante, interpretado por Werner Schunemann.
Enquanto isso…
Travessia até teve uma mudança ou outra, mas nada tão drástico como aconteceu em Babilônia. A maior modificação da atual novela das nove foi a “aceleração” do envolvimento de Brisa (Lucy Alves) e Oto (Romulo Estrela). A princípio, Brisa perdoaria Ari (Chay Suede), voltaria para o ex e engravidaria dele. Com isso, só mais adiante é que ela se apaixonaria pelo hacker.
A autora também trocou a função de alguns personagens. Leonor (Vanessa Giácomo), por exemplo, não se envolveria com Caíque (Thiago Fragoso). Já Chiara (Jade Picon) teria a síndrome de Munchausen, atribuição que foi entregue a Guida (Alessandra Negrini).
Mas, assim como aconteceu com Babilônia, as mudanças em Travessia também não vem surtindo efeito…