A história da TV está repleta de produções de êxito perante o público, outras não tão bem-sucedidas e inúmeros projetos que sequer saíram do papel. Ou que chegaram a ganhar forma, mas, por razões adversas, foram temporariamente protelados ou definitivamente suspensos.
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Um dos textos engavetados foi O Tempo e o Vento, adaptação da obra de Érico Veríssimo – que já havia rendido a novela homônima, assinada por Teixeira Filho, na Excelsior (1967). Atualmente aposentado, Manoel Carlos ficou encarregado do roteiro, que a Globo pretendia exibir às seis.
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Uma novela de Manoel Carlos
Quando a primeira versão de Cabocla (foto) estreou, em junho de 1979, a expectativa era que sua substituta fosse Tati, um texto de Silvan Paezzo, inspirado em contos de Aníbal Machado. Silvan foi responsável por folhetins das seis, como Vejo a Lua no Céu (1976) e À Sombra dos Laranjais (1977), e pelo Sítio do Picapau Amarelo (1977).
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Em dado momento, um projeto mais ambicioso fez a cabeça da alta direção da emissora…
Dando continuidade às adaptações de clássicos da literatura, Manoel Carlos, autor das bem-sucedidas Maria, Maria e A Sucessora, ambas de 1978, começou a preparar O Tempo e o Vento. A expectativa era de que a saga familiar ficasse cerca de um ano no ar. Para o elenco, Elizabeth Savala como Ana, a matriarca dos Terra Cambará.
Economia
Savala, naquela altura, era uma das maiores estrelas da casa. Ela havia acabado de concluir sua participação em Pai Herói (foto), segunda parceria com a autora Janete Clair e com o ator Tony Ramos – a primeira foi O Astro (1977). O alto custo da produção, contudo, numa época de contenção de despesas, inviabilizou O Tempo e o Vento.
Enquanto buscava a trama substituta, a Globo lançou mão de um compacto de 30 capítulos de Escrava Isaura (1976). O canal chegou a solicitar que Benedito Ruy Barbosa esticasse Cabocla ou desenvolvesse um novo argumento para a faixa.
“Se eu fosse fazer esta novela, teria de começar ainda este ano. Mas é quase certo que o Geraldo Vietri vá para a Globo para o horário das seis. Ele já esteve no Rio duas vezes e deve ser contratado. Se isso não se confirmar, aí nós vamos ver o que acontece”, contou Benedito ao Jornal do Brasil, em 30 de outubro de 1979.
O Tempo e o Vento na gaveta
Ruy Barbosa acabou assinando com a Band. Olhai os Lírios do Campo (foto), título escolhido para ocupar a vaga reservada para O Tempo e o Vento – também de Érico Veríssimo – ficou mesmo sob responsabilidade de Vietri.
Manoel Carlos foi recrutado por Gilberto Braga para colaborar em Água Viva, às oito. No ano seguinte, fez seu primeiro voo solo na faixa, com Baila Comigo. E Elizabeth Savala voltou ao vídeo através de Plumas & Paetês, às sete, em setembro de 1980.
Mãe e filha no mesmo papel
O Tempo e o Vento só ganhou a tela da Globo cinco anos depois, numa minissérie de Doc Comparato e Regina Braga que marcou a celebração dos 20 anos do canal. Glória Pires viveu Ana Terra (foto). Sua filha Cleo se encarregou da mesma personagem na versão cinematográfica (2013), também convertida em minissérie, dirigida por Jayme Monjardim.
Tati também chegou à televisão. Curiosamente, pelas mãos de Manoel Carlos. Em 1991, após um período afastado da Globo, o autor uniu esse a outros contos de Aníbal Machado e apresentou a sinopse de Felicidade – um dos clássicos da faixa das seis na década em questão.
Maneco, atualmente com 89 anos, aposentou-se após supervisionar a série Não se Apega, Não (2015), do Fantástico.