Aparelho secreto, contrato de sigilo e polêmicas: saiba como funciona a medição do Ibope na TV

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Números de audiência são fundamentais no mercado televisivo. Comentados pela mídia e também por fãs do veículo, tais números decidem o futuro de emissoras, programas e artistas. A seguir, descubra como funciona a medição do IBOPE na TV.

Apesar de ter virado sinônimo de pesquisa de audiência televisiva, a palavra IBOPE é, na verdade, a sigla do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística. Fundada em 1942, a empresa privada também atua em outras áreas, como pesquisas políticas e de consumo. Em 2014, a divisão de estudos midiátivos foi adquirida pelo grupo Kantar, formando a Kantar Ibope Media.

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Desde os anos 50, a audiência da TV era medida com pesquisadores nas ruas e questionários preenchidos pelo telespectadores, que relatavam o que tinham assistido em outros horários, sem que houvesse uma pesquisa imediata.

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Então, em 1988, a empresa foi a primeira companhia do mundo a oferecer o serviço de medição de audiência de TV em tempo real, iniciando o serviço na cidade de São Paulo.

Em cada cidade onde realiza a pesquisa de audiência, o Instituto sorteia um conjunto de domicílios, que representam a população com base em estudos demográficos. Por exemplo, se 50% das pessoas naquela região pertencem à Classe C, então 50% dos pesquisados será desta mesma camada.

Assim, se a família autorizar, os televisores da casa recebem o aparelho que realiza a medição, o chamado People Meter, similar a um decodificador de TV por assinatura. Acomplado ao televisor, o equipamento registra o que está sendo exibido naquele aparelho. Para que a amostragem funcione, cada morador insere sua identificação no sistema, assim o Instituto também sabe a faixa etária e o gênero de quem assiste cada atração.

Ao ligar a TV, o participante deve informar seu número de cadastro, quantas pessoas estão assistindo a TV juntas no local, gênero de cada presente e faixa etária dos espectadores.

A participação das famílias é feita sob sigilo absoluto: os participantes da pesquisa não podem se identificar publicamente, para que a amostragem seja confiável. Embora não sejam pagos por isso, estes recebem “brindes” do IBOPE, que geralmente variam entre diferentes eletrodomésticos.



O vínculo de cada família não é vitalício, durando quatro anos (após o prazo, os aparelhos são retirados e instalados em outro domicílio). Portanto, se sua casa não conta com o aparelho, sua audiência não é computada.

Em São Paulo, 750 casas tem o aparelho. Já em todo o país, o número cresce para 4.000. A abrangência de cada ponto na medição foi atualizada no mês de janeiro. Desde 2018, a marca equivale a 73.015 casas ligadas em determinado canal naquela região na Grande São Paulo, totalizando 204.050 telespectadores. Já a nível nacional, um ponto vale 254.892 residências ou 711.081 telespectadores.

Na Grande São Paulo, os dados colhidos são enviados por um sinal de rádio, o que oferece às emissoras a medição em tempo real. Já em outras localidades, o relatório é transmitido apenas uma vez, trazendo os resultados do dia anterior. Além disso, em 2015, o IBOPE passou a colher dados também em celulares e tablets com capacidade de recepção de TV aberta.



Ao longo da história, diferentes tentativas de concorrência ao IBOPE foram realizadas. Em 2003, o SBT financiou o lançamento da Datanexus, medição que utilizava um aparelho apelidado de “Alfonsímetro”, em homenagem a Alfonso Aurim, superintendente de engenharia do SBT na época e desenvolvedor da máquina. Porém, após seis meses de funcionamento, a empresa fechou as portas.

Nos últimos anos, houve rumores de que a norte-americana Nielsen, que já atua em pesquisas de mercado no Brasil, passaria a atuar no setor televisivo, mas isso não se confirmou. Em setembro, o IBOPE ganhou um concorrente: a alemã GfK, que passou a aferir a audiência em todo o país. Mas, em 2017, o instituto desistiu do trabalho por aqui.

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