Othon Bastos (na foto abaixo, com Betty Faria) é um dos maiores atores da história da dramaturgia brasileira. Com inúmeros trabalhos na TV, teatro e cinema, o ator emprestou seu talento para vários personagens históricos.

A Força do Querer
Reprodução / internet

Ao completar 90 anos de idade, Othon não escondeu sua revolta com um fato que o incomoda até hoje: a falta de espaço para os veteranos.

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“As pessoas não se lembram de você”

Os Imigrantes
Divulgação / Band

No cinema, o ator marcou época com o clássico de Glauber Rocha Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), e na televisão atuou em grandes sucessos, como Os Imigrantes (1981, acima), Roque Santeiro (1985), Éramos Seis (1994), A Padroeira (2001), Império (2014), entre outros.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, em 22 de maio deste ano, o ator afirmou que artistas veteranos não têm espaço na mídia.

“Hoje, você tem que enfrentar problemas da idade e dificuldades de trabalho. Para a minha idade, é o dobro. As pessoas não se lembram de você, não estão interessadas. É muito difícil a situação para a minha geração. Não há possibilidade de trabalho se você não se produzir”.

Além de talento, é preciso ter sorte

Othon Bastos - Império
Divulgação / Globo

Essa opinião de Othon não é de agora. Em 2005, quando ele vivia o marechal Hermes da Fonseca na minissérie Mad Maria, ele afirmou que para ter um bom papel na TV o currículo não valia: era preciso ter sorte.

“Na TV, não significa muito ter essa bagagem. A diferença entre quem faz teatro, entretanto, é perceptível. É um estudo necessário para qualquer tipo de dramaturgia. Nem sempre se tem a sorte de pegar um bom papel, mas tive boas experiências. Uma das mais marcantes foi com Éramos Seis, no SBT, onde fiquei contratado por três anos. São Paulo lida com a força do ator do teatro muito mais do que no Rio, onde a TV é mais importante. Como se fosse algo assim: ‘por onde ele andou, ele não faz TV?’”, declarou ao jornal O Estado de S.Paulo em 6 de fevereiro de 2005.

Abraçando a nova geração

Murilo Rosa, Othon Bastos e Mariana Ximenes - A Padroeira
Divulgação / Globo

Ao ser questionado sobre a nova geração de atores, ele citou alguns nomes que, ao longo do tempo, mostraram que, além do rosto bonito, tinham talento.

“A nova geração tem muitos bons atores: Selton Melo, Matheus Nachtergale, Fábio Assunção, que não tem só uma cara bonita mesmo sendo sempre o galã. Penso que hoje as coisas acontecem com uma velocidade muito maior. É assustador como a tecnologia mudou tudo. Mas, de qualquer maneira, o bom ator tem que estudar sempre”, afirmou.

Até o momento, o último trabalho de Othon na TV foi em Cara e Coragem, exibida pela Globo em 2022. Na novela, ele interpretou o delegado Peixoto. Com 90 anos, ele é um dos protagonistas do longa-metragem Esta Noite Seremos Felizes, atuando ao lado de Bete Mendes.

Othon continua firme e forte em sua profissão, demonstrando que merece espaço e respeito daqueles que estão na televisão.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor