Beatriz Segall (1926-2018) ficou marcada na dramaturgia nacional por diversos papéis, entre eles o da inesquecível Odete Roitman de Vale Tudo (1988). Em 2014, aos 88 anos, a atriz viu os convites para atuar diminuírem e, para não ficar parada, começou a dar aulas.
Na época, a veterana estava afastada da TV há dois anos, desde que fez uma participação especial em Lado a Lado (2012).
Segundo declarou ao jornal Extra, Beatriz aguardava papéis na televisão, mas enquanto eles não chegavam, resolveu se ocupar com aulas de atuação. Ela também negou que tenha tomado a iniciativa por dinheiro.
“Sempre dei aulas e agora voltei a fazer isso. Já tenho dois alunos”, disse em 22 de outubro daquele ano.
“Isso [dar aulas para sobreviver] não tem nada a ver. Estou dando aula porque eu gosto, e também porque é uma ocupação. Tenho projeto de fazer uma peça de teatro para o ano que vem. Mas televisão, por enquanto, não tenho convites. Gostaria muito de voltar”, completou.
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Faltaram bons papéis
A atriz ficou irritada quando saiu na imprensa que ela estaria lecionando para sobreviver. No mesmo mês, ela esclareceu ao site Purepeople que possuía uma vida confortável graças ao pé-de-meia que fez como atriz.
“Tenho 70 anos de carreira e sou realizada pessoalmente e profissionalmente. Me faltam bons papéis na TV, mas isso é uma coisa geral! A TV precisa ser reciclada. Faltam bons autores, textos e atores… Agora só interessam os bonitinhos”, lamentou.
“Eu apenas quero comodidade. Estou em casa falando do que mais gosto e recebendo as pessoas que eu escolho. Tem sido uma troca muito grande. Dentre os alunos tem muitas donas de casa, que nunca tiveram contato com o teatro. É um olhar novo sobre a arte e isso é muito instigante”, avaliou.
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Atriz detonou a Globo
No ano seguinte, Beatriz Segall confirmou ao Notícias da TV que seguia ministrando suas aulas e que estava com agenda lotada. Ela aproveitou para fazer um desabafo sobre a TV Globo.
“Nunca fui contratada. Sempre trabalhei por obra. Eles nunca me ofereceram e eu não procurei. A Globo nunca me deu importância”, disparou.
Beatriz faleceu em 5 de setembro de 2018, aos 92 anos. Ela estava internada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a problemas respiratórios.
Sua herança acabou sendo repartida entre os seus três filhos e alguns funcionários, como Adilson Ricardo Leite, motorista que já estava ao seu lado há 15 anos. Segundo contou Fabíola Reipert, o funcionário herdou um carro novo e uma quantia em dinheiro estipulada pelos herdeiros diretos.