Antes de partir, humorista detonou colegas da Globo: “Gente medíocre”

Considerado um dos principais rostos do humor da televisão brasileira, Agildo Ribeiro fez de tudo um pouco na telinha e passou por praticamente todas as emissoras. Fez filmes, novelas e até contracenou com Topo Gigio, mas são seus personagens cômicos nos clássicos programas de humor que o consagraram.

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Reprodução / Facebook

Mas o artista, que faleceu em 2018, revelou certa frustração com seus últimos trabalhos na televisão. Ribeiro esteve no elenco dos extintos Zorra Total (1999 – 2015) e Zorra (2015 – 2020). Os programas mantiveram a popularidade do artista junto ao público, mas foram alvos de críticas por parte do humorista dono do bordão “dá uma subidinha!”.

Trajetória no Zorra

Agildo Ribeiro passou pelos principais programas de humor da TV brasileira, como Planeta dos Homens (1976) e Escolinha do Professor Raimundo (1994). Ele também esteve à frente de atrações só suas, como Agildo no País das Maravilhas (1987) e Cabaré do Barata (1989, na foto acima).

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Após atuar na novela Mandacaru (1997), da extinta Manchete, Agildo voltou aos humorísticos como uma das estrelas do Zorra Total, que a Globo lançou em 1999. A ideia original da atração era reunir esquetes estreladas pelos grandes nomes do humor da emissora, como Chico Anysio, Renato Aragão, Claudia Jimenez e o próprio Agildo.

Na atração dirigida por Mauricio Sherman, o comediante encarnou vários personagens populares, como o Professor Laércio Falaclaro e o político Ali Babaluf. Ele também resgatou o clássico professor de mitologia Aquiles Arquelau, aquele que sempre tinha ao seu lado a “Múmia Paralítica”, um mordomo vivido por Pedro Farah.

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Apesar de ter ficado vários anos no elenco do humorístico, o artista teceu algumas críticas públicas à atração. Agildo considerava que o Zorra Total reunia nomes que não deveriam estar ali.

“Gente medíocre”

Em entrevista à revista Quem, de agosto de 2008, Agildo Ribeiro revelou que acompanhava a reprise da novela Pantanal (1990), que era exibida pelo SBT no horário nobre naquela época. Ele elogiou a produção e seus atores e aproveitou para alfinetar o humorístico que atuava.

“A novela é bem-feita. Fico pensando: ‘Cadê esses atores maravilhosos?’ Será que estamos na época do antitalento? O que tem de gente medíocre aí! Têm coisas no meu programa, o Zorra Total (foto acima), que são sem comentários”, cravou.

A revista, então, perguntou quem do elenco do programa ele considerava “medíocre”.

“Prefiro não citar nomes”, rebateu o ator, que sonhava em voltar a ter um programa só seu.

“Gostaria de um Agildo Ribeiro Show, na Globo. Tenho material de imitação, criação. Se eu for para outra emissora agora, semana que vem estreio com tudo pronto”, revelou.

Volta

Divulgação / Globo

Nos mais de 15 anos em que o Zorra Total ficou no ar, Agildo Ribeiro teve idas e vindas na atração. Em 2013, o comediante estava afastado do humorístico e aproveitou para dar uma cutucada no diretor, numa entrevista ao O Globo de 19 de maio de 2013.

“Gostei de fazer Ali Babaluf (paródia do político Paulo Maluf) e o professor Aquiles Arquileu do Zorra Total. O [diretor] Maurício Sherman só não me bota no programa de novo porque não quer. Nas ruas, todo mundo me pede para voltar”, disparou.

Mudança

Em 2015, o Zorra Total tradicional deixou a programação da Globo. Em seu lugar, estreou o Zorra, que, apesar de manter parte do nome da atração anterior, era um programa bem diferente. A nova atração reunia esquetes sem personagens fixos e bordões, satirizando fatos do cotidiano.

Boa parte do elenco do extinto Zorra Total foi aproveitado no novo Zorra, como Paulo Silvino, Tony Tornado e Agildo Ribeiro. No entanto, como o programa era formado por cenas rápidas, os veteranos acabaram perdendo espaço e protagonismo. Agildo permaneceu na atração entre 2015 e 2017.

Em março de 2018, cerca de um mês antes de sua morte, Ribeiro foi homenageado no Prêmio do Humor, uma criação de Fabio Porchat (na foto acima, com o humorista). Na ocasião, ele aproveitou para reclamar que estava fora do ar.

“Sabe o que eu queria? Queria que alguém, algum desses novos humoristas, me imitasse num programa da TV Pelo menos seria uma chance de me ver na televisão outra vez”, revelou.

Ribeiro também alfinetou o “novo humor”, realizado no Zorra e em outros programas.

“Sei que a renovação é natural, a vida é assim mesmo, mas esse negócio do politicamente correto está matando o humor. É muito chato. Não pode ter mulher pelada, não pode ter bordão. Pra mim, isso é uma espécie de censura. Fico imaginando a vida dos redatores de humor. Tá difícil pra eles”, desabafou.

Agildo Ribeiro morreu em 28 de abril de 2018 no Rio de Janeiro, de problemas cardíacos, aos 86 anos.

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