Antes de partir, humorista da Praça se entregou: “Não queria fazer nada”

Carlos Alberto de Nóbrega

Carlos Alberto de Nóbrega

Um dos personagens mais queridos do público nos anos 1990 foi Vera Verão, interpretado pelo talentoso Jorge Lafond em A Praça é Nossa, comandada por Carlos Alberto de Nóbrega (foto abaixo). Os últimos dias do artista, cujo trabalho ficou marcado pela alegria, foram tristes e melancólicos.

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O início da carreira de Lafond foi nos anos 1970, quando ele passou a fazer parte do balé do Fantástico. Logo depois, ele mostrou o seu talento para o humor, sendo escalado para atuar nos programas Viva o Gordo e Os Trapalhões.

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Tipo marcante

O ator também viveu o divertido Bob Bacall na novela Sassaricando (1987). Em Kananga do Japão (1989), da Manchete, respondeu por Madame Satã. Além da TV, ele se tornou um dos destaques dos desfiles de escola de samba nos carnavais do Rio de Janeiro.

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O auge da carreira foi em A Praça é Nossa, humorístico do SBT no qual viveu Vera Verão, personagem festejado até hoje pelo público – sempre junto de Buiu, intérprete do fiel escudeiro Azeitona. Vera não aceitava as provocações das mulheres e partia pra briga.

Polêmica no Domingo Legal

Jorge sempre marcou presença nos programas do SBT, inclusive no Domingo Legal, de Gugu Liberato, chegando a fazer reportagens para a atração. Em 10 de novembro de 2002, ele estava caracterizado como Vera Verão, integrando o time feminino do dominical.

Naquele dia, Padre Marcelo Rossi era um dos convidados, e, antes dele entrar no palco, Lafond foi retirado.

Na época, a imprensa destacou que a saída do humorista foi um pedido do padre, que, anos depois, negou o fato. Após o ocorrido, o ator foi convidado para voltar ao programa, mas acabou recusando.

Uma semana depois do episódio, ele foi hospitalizado com uma crise hipertensiva.

Saúde debilitada

Jorge Lafond acabou indo diversas vezes para o pronto socorro e, no dia 28 de dezembro de 2002, sofreu uma parada cardiorrespiratória e acabou ficando internado, passando a virada de ano no hospital.

Por conta de complicações renais que o levaram a fazer diálise, Jorge faleceu no dia 11 de janeiro de 2003, aos 50 anos, vítima de infarto fulminante e falência múltipla dos órgãos.

“Ele não queria andar, não queria fazer nada”

Em entrevista ao programa Falando Francamente, do SBT, o assessor e amigo Marcelo Pádua deu a entender que o fato ocorrido no Domingo Legal agravou a saúde de Lafond.

“Nós conversamos na primeira internação nele, ele teve um aborrecimento no começo de novembro e daquele dia em diante ele nunca mais se refez. Parecia que existia uma trava que foi aberta e a partir daquilo ele nunca mais conseguiu retomar a vida dele”, contou.

Marcelo também falou dos últimos dias do artista.

“Na primeira vez [que ficou internado], ele ficou quase uma semana e foi para a casa. Estava em um quadro depressivo, não queria comer, começou a emagrecer muito, ficou debilitado. Os médicos ficaram preocupados com a questão do coração, pois ele era hipertenso a vida inteira”, explicou.

“Ele não queria andar, não queria fazer nada, e o médico explicava que ele não tinha nenhum problema, e que poderia andar. Ele acabou ficando internado em outro hospital. Ele estava muito anêmico, e por conta desses problemas, ele se tornou um crônico renal. Infelizmente ele não resistiu”, completou o assessor.

Jorge Lafond foi sepultado no cemitério do Irajá, no Rio de Janeiro, com a presença de cinco mil pessoas. O ator e o personagem são lembrados até hoje pelo público que tanto se divertiu nas noites de sábado…

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