Antes de partir, astro foi salvo do alcoolismo por apresentador
14/07/2023 às 13h20
João Marcos Coelho da Silva nasceu em Botucatu (SP) e, como a maioria das crianças brasileiras, amava futebol. Com o sonho de seguir carreira como goleiro, foi para Campinas e começou a treinar nas categorias de base do Guarani, chegando a equipe principal em 1971.
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Naquela época, o atleta, que infelizmente nos deixou em abril de 2020, nem imaginava que sua vida seria salva no futuro por ninguém menos que Milton Neves.
Início da carreira e lesão definitiva
Em 1975, João Marcos foi emprestado ao São Bento de Sorocaba (SP) e, em 1976, transferido para o Noroeste de Bauru (SP). De lá, seguiu para o América de São José do Rio Preto (SP) e, em 1979, ganhou visibilidade, indo parar no Palmeiras. Ele defendeu o gol alviverde até 1983.
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No mesmo ano, foi para o Grêmio (sendo vice da Libertadores) e convocado por Carlos Alberto Parreira para defender a Seleção Brasileira. Em 1984, João Marcos voltou à seleção e atuou em uma única partida, como titular, contra o Uruguai, da qual saiu vencedor.
“Foi o dia mais importante da minha vida”, recordou em entrevista ao UOL.
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Mas o tempo no auge durou pouco. Na mesma época da Seleção, João Marcos começou a sentir dores no ombro esquerdo graças a uma luxação.
Para sua tristeza, recebeu o diagnóstico de que não adiantaria uma cirurgia corretiva, já que não teria efeitos duradouros. Com este “balde de água fria”, João Marcos se aposentou em 1986, aos 30 anos, no auge de sua forma. Sepultou, assim, sua promissora carreira.
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Alcoolismo
Com a aposentadoria, o ex-goleiro começou a administrar uma fazenda e, apesar da estabilidade financeira, sua saúde psicológica foi de mal a pior.
Visivelmente abalado e arrependido por parar de jogar futebol, João Marcos se jogou na bebida.
“Depois que eu parei, ‘a coisa’ me pegou. Fiquei revoltado por ter parado na hora errada. Você está acostumado com aquilo da adrenalina e de repente entra numa vida calma e tranquila. Foi um baque forte. Sentia falta do que fazia. Imagina só chegar numa seleção brasileira e de uma hora para outra ver isso morrer”, afirmou João Marcos na mesma entrevista.
Entregue à bebida
O álcool foi um adversário duro com o ex-goleiro: foram 20 anos entregues à bebida. João Marcos passou por clínicas de reabilitação, fez tratamentos, mas não tinha forças para sair do fundo do poço. Chegou a ter uma crise gravíssima de cirrose que quase o levou. O álcool lhe tirou tudo: saúde, casamento, filhos, dinheiro e paz.
Os “anjos” salvadores de João Marcos foram o jornalista Milton Neves, apresentador da TV Bandeirantes, e o empresário Reinaldo Henrique Moreira.
“Um dos casos mais emblemáticos foi o do João Marcos. Eu não conhecia o João Marcos, não entrevistava o João Marcos, mas um dia, num domingo, o João Marcos telefonou espontaneamente de Botucatu para a Rádio Bandeirantes de São Paulo, e ele começou a falar comigo fora do ar e balbuciava, chorava, e ele falava que queria entrar no ar, e eu falei: `Você está em condições de falar?’ Ele falou: ‘estou´. Plugamos e colocamos ele no ar, e ele espontaneamente se emocionou, levou às lágrimas milhares e milhares de ouvintes dizendo: ‘eu estou no fundo do poço, eu sou um alcoólatra em último estágio. Ou eu paro de beber ou eu morro dentro de alguns poucos dias, eu preciso de ajuda pelo amor de Deus. Milton Neves, você que gosta tanto de ex-jogadores me ajude, eu já perdi tudo, mulher, filhos, família, terras, casa, perdi tudo no copo, o copo é a minha desgraça, me ajude’, contou o apresentador em entrevista ao UOL Esporte.
Aí, Reinaldo Moreira entrou em campo. Ele se comoveu tanto que foi pessoalmente à Mogi das Cruzes (SP) e reservou lugar em uma das melhores clínicas para recuperação de dependentes. Depois, foi até Botucatu e levou João Marcos para a instituição, onde ele ficou por alguns meses e se recuperou.