O Jornal da Globo, como o conhecemos hoje, estreou em 2 de agosto de 1982, exatos 35 anos atrás – o título, contudo, já havia sido utilizado por um noticiário exibido entre 1967 e 1969 (antecessor do Jornal Nacional) e por uma primeira edição do JG, no ar de 1979 a 1981, sob o comando de Sérgio Chapelin. O que pouca gente sabe, ou se lembra, é que em 1991 a Globo ensaiou uma nova modificação no formato e conteúdo do telejornal, inclusive planejando relança-lo com um novo título e tendo à frente Antônio Fagundes, ator, ou Jô Soares, então contratado do concorrente SBT.

De 1982 a 1986, passaram pela bancada do Jornal da Globo nomes como Renato Machado, Belisa Ribeiro, Luciana Villas-Boas, Liliana Rodrigues, Eliakim Araújo e Leilane Neubarth. No ano em que o então presidente José Sarney lançou o Plano Cruzado, Leila Cordeiro assumiu a apresentação ao lado do esposo, Eliakim. Mas, três anos depois, a direção de jornalismo da emissora a transferiu para o Jornal Hoje. A separação profissional determinou a migração do Casal 20 para a Manchete. Fátima Bernardes, substituta de Leila, passou a ter então a companhia de William Bonner.

Em dezembro de 1990, surgiram as primeiras notícias acerca de uma nova alteração. O Jornal do Brasil do dia 18 relatou o encontro de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então vice-presidente de operações da Globo, com Jô Soares, que, naquela ocasião, era uma das principais estrelas do SBT e colecionava elogios de crítica e público por conta de seu talk-show, Onze e Meia. Jô já havia passado pelo JG, como comentarista, sempre com críticas bem-humoradas a respeito dos assuntos de maior relevância do cenário político brasileiro.

A inspiração para o novo Jornal da Globo – ou “Jornal das Onze”, como a imprensa chegou a tratar – vinha de um projeto internacional, o Nightline, da ABC, que unia análise e informação. Em 1991, tal formato já estava consagrado. O programa trazia, de início, uma reportagem de seis a oito minutos sobre o assunto da noite; seguiam-se entrevistas com especialistas ou personagens da matéria. Foi esta mesma atração que norteou o Noite Dia, da Manchete, então capitaneado por Renato Machado.

Mas eis que o primeiro nome pensado para o “novo” telejornal declinou do convite, por não ter interesse em trabalhar com o “ao vivo” diariamente. Conforme matéria de O Globo, de 11 de abril, sem acerto com Jô Soares, a emissora mirou em Pedro Bial e Antônio Fagundes. Bial também recusou; o então jornalista, hoje à frente do Conversa, não queria abandonar seu posto de correspondente na Europa. Já Fagundes era nome certo em O Dono do Mundo, novela de Gilberto Braga que estrearia em maio próximo.

As buscas incessantes por um novo nome determinaram o adiamento da mudança – definida para abril e postergada para maio. E, por fim, a suspensão do projeto.

Para comandar o JG, após um rodízio que incluiu também Cristina Ranzolin e Agusuto Xavier, a Globo foi buscar Lilian Witte Fibe, no SBT, em 1993. Nos anos seguintes, o JG esteve a cargo de Mônica Waldvogel, Carlos Tramontina, Ana Paula Padrão, Christiane Pelajo e William Waack, atual titular.

Um adendo: os planos frustrados do “Jornal das Onze” determinaram também a suspensão da produção de Radical Chic. A Globo intentava levar a personagem dos quadrinhos de Miguel Paiva, personificada por Andréa Beltrão, para a TV. As esquetes, dirigidas por Marcos Paulo, se encaixariam no repaginado Jornal da Globo. Acabou que só em 1993 – aliada a um jogo de perguntas e respostas que mirava o público adolescente – Radical Chic saiu do papel.


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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.