Você se lembra da programação do SBT em 27 de outubro de 1995, 22 anos atrás? Então sintonize aqui!

Naquele tempo, o SBT dedicava toda a faixa matutina aos pequenos! Logo após o religioso Palavra Viva (6h28), entrava no ar a Sessão Desenho (6h30), apresentada por Vovó Mafalda (Valentino Guzzo). A velhinha, que tinha um morango no lugar do nariz e usava um chapéu adornado com salto alto, chamava desenhos, como Patolino e Tom & Jerry, e lia cartinhas de telespectadores, sempre resolvendo problemas simples do cotidiano com divertidos conselhos. Nesta época, a Vovó – criada para fazer companhia ao palhaço Bozo no infantil que marcou a década de 1980 – já estava “instalada” na varanda de um bucólico sítio.

Às 7h30, portas abertas na Casa da Angélica. Esta foi a última fase da atração, que estreou nas tardes do canal em 1993 – num formato que unia auditório e dramaturgia. Aqui, o programa contava com apenas meia hora, tempo relativamente curto para a loirinha entrar no ar, brincar com a plateia e se despedir. Angélica, no entanto, havia sido contemplada por Silvio Santos (que já vislumbrava sua transição para o público adulto) com outras duas atrações, na faixa vespertina.

E desta forma, Eliana acabou se tornando o grande nome da programação infantil do SBT. No comando do Bom Dia & Cia (08h), a moça recebia elogios de público e crítica, por conta do cunho educativo de sua atração, que completava dois anos no ar. Eliana também colhia os frutos de suas investidas musicais: o terceiro álbum de sua carreira, que recebeu disco de platina, tornou-se trilha obrigatória em festas de aniversário e eventos do tipo, com regravações de clássicos infantis como ‘Ursinho Pimpão’, do Balão Mágico, e as inéditas ‘Olha o passarinho’ e ‘Come para mamãe ficar contente’. Entre os desenhos em exibição, O Fantástico Mundo de Bobby, Pernalonga e Ursinhos Carinhosos.

Sérgio Mallandro também se preparava para lançar um disco com recriações de exitosas composições para a molecada – como ‘Lua de cristal’, de Xuxa, e ‘Ioiô’, do Trem da Alegria -, já executadas no Programa Sérgio Mallandro (10h). O apresentador, que vinha de uma passagem pela CNT/Gazeta, retornou ao SBT ressuscitando a divertida Porta dos Desesperados. Mais bagunceiro do que as colegas de emissora, Mallandro aterrorizava os pequenos com seus gritos e com os monstrengos que saíam das tais portas. Uma curiosidade: Suzana Alves, antes de ficar famosa como a Tiazinha do H (1996), atuou aqui como assistente de palco.

Folhetim mexicano que tomou preciosos pontinhos da faixa nobre da Globo, em 1991, Carrossel era reexibida em sessão dupla! Os conflitos da professora Helena (Gabriela Rivero), sempre às voltas com os dilemas de seus alunos, podia ser visto às 12h e às 20h50. A trama, já reapresentada em 1993, chegou a abrir vantagem sobre a emissora-líder – contra o Globo Esporte – em mais de uma ocasião. O curioso é que a reestreia (em 3 de julho) se deu, num primeiro momento, apenas às 12h. Mas, satisfeitos com os números, os executivos do SBT decidiram exibir Carrossel também no horário noturno, a partir de setembro (dia 18). E ainda compilaram canções dos dois volumes da trilha num novo álbum; saiba mais clicando aqui.

Outros dois clássicos mexicanos eram exibidos na sequência de Carrossel: Chapolin, às 12h30, e Chaves, 13h.

Logo após, programa para adultos: o Cinema em Casa (13h30) apresentava, na sexta-feira em questão, a comédia Cegos, Surdos e Loucos (1989). No enredo, um cego (Richard Pryor) e um surdo (Gene Wilder) testemunham um crime, entrando na mira dos criminosos e dos investigadores.

Em seguida, Angélica batendo ponto na grade outra vez, com o TV Animal (15h30). A competição, que Gugu Liberato havia comandado nos domingos de 1988 a 1993, trazia curiosidades sobre animais selvagens e domésticos. E contava sempre com três artistas convidados; dentre os quadros mais conhecidos, o Quiz e o Mão no Bicho. A produção também apostou em externas realizadas em zoológicos e reservas ambientais. E tomou certo cuidado com a exposição de animais silvestres, para não ter problemas com o Ibama – que autuou os produtores da primeira versão pela presença indevida de bichos como um macaco-prego no palco.

A aposta de Silvio Santos numa Angélica mais “adulta” implicou em crescimento de audiência. Ao assumir a gincana Passa ou Repassa (16h15), que Silvio e Gugu apresentaram em anos anteriores, a então namorada de César Filho elevou a média do horário de 6, com sua ‘Casa’, para 10 pontos; enquanto isso, o TV Animal registrava 8 pontos – dados da Folha de São Paulo (19 de novembro de 1995). A guinada de Angélica reavivou o interesse da Globo: o canal, que já havia tentando tirá-la da Manchete na virada dos anos 1980 para 1990, a contratou em meados de 1996.

Na Globo desde 1999, Serginho Groisman fez carreira no SBT, comandando o Programa Livre – que passou por inúmeras mudanças de horário, mas que, nesta ocasião, estava alocado na faixa onde se consagrou (16h45), após um período às 21h. Nesta temporada, Serginho lançou um concurso para estudantes de comunicação, jornalismo televisivo e videomakers, que produziam reportagens de até dois minutos, avaliadas por profissionais da área. Também produziu videoclipes para bandas em início de carreira.

No fim da tarde, a série Galera do Barulho (17h15) – Saved by the bell -, que narrava as aventuras dos pré-adolescentes matriculados no Bayside High School.

O Aqui Agora (18h15) serviu de embrião para todos os jornalísticos “mundo-cão” que surgiram nos anos 1990, como o Cidade Alerta (Record) e o 190 Urgente (CNT / Gazeta). Em 1995, o noticiário contava com duas “bancadas”: a convencional, no icônico cenário repleto de monitores, e o “comando avançado” – link ao vivo de alguma região de São Paulo, que servia de suporte para o pessoal do estúdio. Nomes como Christina Rocha, Ivo Morganti, Liliane Ventura, Sérgio Ewerton e Silvia Garcia se revezavam na apresentação. Na reportagem, Carlos Cavalcante, Célia Bravin, Gil Gomes, Sérgio Frias e Wagner Montes.

Hoje, Silvio Santos clama por um SBT Brasil voltado apenas para o factual. 22 anos atrás, no entanto, o “patrão” permitia que o TJ Brasil (19h15) dedicasse boa parte de seu tempo a entrevistas com políticos, longos comentários de Boris Casoy e análises como as Salete Lemos, especializada em economia. O ‘TJ’ contava com Giuliana Morrone, Mônica Waldvogel e Zileide Silva na sucursal de Brasília, Mônica Puga no Rio de Janeiro e Antonio Pétrin nos esportes.

A novela Sangue do meu Sangue era exibida em dois horários: 20h e 21h40, logo após Cara & Coroa e A Próxima Vítima – cartazes da Globo nos horários das sete e das oito. A chamada “migração” era a aposta do SBT para turbinar a audiência deste remake da obra que Vicente Sesso escreveu para a Excelsior em 1969 (conduzido pelo próprio, incomodado com as mudanças realizadas pelos adaptadores inicialmente escalados). No capítulo de 27 de outubro, Clóvis (Osmar Prado) buscava encontrar um jagunço para executar Pola Renon (Bia Seidl), a amante do bancário Carlos (Jayme Periard) – que o vilão acreditava ter matado, numa investida para ocultar o desfalque que deu no banco de seu sogro, Mário (Rubens de Falco). E Lourenço (Ewerton de Castro) desconfiava de Cecile (Tônia Carrero), viúva de muitos maridos ricos.

Entre Carrossel e a reapresentação de ‘Sangue’, 20 minutos do Jornal do SBT (21h20), com o casal Eliakim Araújo e Leila Cordeiro. Uma “segunda edição” entrava no ar às 23h30, logo após a série O Renegado (22h30). Ainda, uma “terceira edição”, 1h.

Em seguida, Jô Soares Onze e Meia (23h45). A grande novidade do talk-show em 1995 foi o advento do telefone para bate-papos com autoridades políticas ou celebridades impossibilitadas de ir até o estúdio. Fechando a noite, após o Jornal do SBT, o Perfil (1h30), de Otávio Mesquita. E o Telesisan (2h30), um serviço de televendas criado pelo Grupo Silvio Santos, que contava com Emílio Surita entre os apresentadores. Vale a pena espiar o inovador produto vendido por ele no vídeo abaixo…


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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.