A busca de Lurdes por seu filho Domênico continua na Globo a partir dessa segunda-feira (01), com a volta de Amor de Mãe quase um ano depois de interrompida por causa da pandemia de Covid-19.

Por duas semanas, a novela de Manuela Dias será exibida antes dos capítulos finais de A Força do Querer. Serão 12 dias recapitulando os 102 episódios exibidos na primeira fase da novela (exibida entre novembro de 2019 e março de 2020). Só no dia 15 de março começam os 23 capítulos inéditos que finalizam a história, no ar até o dia 10 de abril.

Até o fim de sua primeira fase, a novela se manteve em um patamar de Ibope considerado bom, com uma média acima dos 30 pontos na Grande São Paulo. Não era um estouro, mas tinha um público fiel e sempre repercutiu positivamente, com elogios rasgados da crítica e nas redes sociais.

Em entrevista coletiva concedida a jornalistas na semana passada, a autora Manuela Dias informou que a trama da segunda fase começa com um salto de seis meses no tempo, depois que Thelma (Adriana Esteves) atropela propositalmente Rita (Mariana Nunes), a mãe biológica de Camila (Jéssica Ellen). Thelma foi ameaçada por Rita da revelação a Lurdes (Regina Casé) de que Danilo (Chay Suede) é Domêmico.

Manuela Dias afirmou que precisou se adaptar à realidade, inserindo a Covid-19 na trama, com personagens de máscara, comentários sobre a pandemia, a professora Camila em aulas online, álcool em gel na bolsa de Lurdes, etc.: “Relutei em colocar a pandemia por uns dois meses, até que saíram os protocolos e o meu novo desafio foi ajudar a viabilizar os protocolos“.

Porém, a autora salientou que a doença não será o foco da história. “Não é sobre a pandemia. A pandemia é só mais um obstáculo para os personagens realizarem seus sonhos“.

O novo coronavírus será citado também como fator de ambientação da história no tempo. À medida que a trama avançar, uma legenda na tela informará quantos mortos e infectados haviam no Brasil no ponto em que a história se encontra. A segunda fase começa com 9 mil mortos.

Amor de Mãe, ainda que seja uma telenovela (um produto pautado no folhetim), tem uma proposta realista muito clara, tanto na narrativa, quanto nos perfis de personagens, caracterizações, cenários, etc. Isso sempre foi muito evidente e a novela foi vendida como tal.

Particularmente, sinto que, por causa da pandemia, a novela foi atropelada pela realidade. A realidade se apropriou de Amor de Mãe e mudou a sua trajetória ficcional para impor uma nova realidade.

Questionei Manuela Dias se, na condição de autora da história, ela se sentia também atropelada pela realidade e o quanto essa realidade – até então inimaginável – afetou o seu processo de criação, já que a trama teve que ser reduzida em pelo menos 20 capítulos, o que interfere no seguimento da ação e na condução dos personagens, além da produção também ser afetada pelas novas dificuldades de gravação.

Manuela (foto acima) foi evasiva e limitou-se a dizer que intempéries sempre acontecem na escrita de uma novela, que é uma obra aberta, sujeita a alterações no percurso. Logo, ela enxergou a pandemia apenas como mais um desafio em seu trabalho e adaptou-se a essa nova condição. Manuela ratificou que foi afetada mais em sua vida particular: “Minha vida foi atropelada pela realidade da pandemia, mas a novela não“.

Com o retorno de Amor de Mãe, preparei um resumão para quem não acompanhou a novela ou não se lembra dos principais acontecimentos, leia AQUI.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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