Amor de Mãe não é a primeira novela inédita a voltar durante a pandemia de Covid-19, mas é a primeira a trazer essa realidade em sua narrativa. A trama de Manuela Dias retorna com um salto de seis meses de onde parou no ano passado. Ou seja, recomeça lá por setembro de 2020, quando a maioria da pessoas ainda lavava as compras do supermercado.

A pandemia está em Amor de Mãe, porém, como já comentou a autora, ela é apenas mais um agravante para os dramas dos personagens. Lurdes lava as compras e confecciona máscaras, o menino Tiago está cansado de brincar em casa, Danilo faz delivery de seu restaurante e Vitória participa de reuniões pela internet.

Manuela Dias teve um baita problemão nas mãos: dar continuidade à trama nesta nova realidade e ainda lidar com as limitações das gravações, o que também limita – e muito – a condução de sua história. Talvez isso explique a (suposta) morte de Jane (Isabel Teixeira) na estreia da segunda parte novela, muito criticada nas redes sociais pelo desfecho absurdo, inverossímil e forçado.

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Sabemos que a autora precisa se livrar de muitos personagens para concluir a trama em 23 capítulos. Stela (Letícia Lima) também morreu, em um cena curta, mas ótima (“Na cara não!“). E nada melhor para sumir com personagens do que tornar Thelma (Adriana Esteves) uma grande assassina – uma serial killer talvez.

A reestreia de Amor de Mãe cumpriu muito bem o seu papel. Movimentou as redes sociais como há tempos não se via (para uma novela), satisfazendo o público ansioso pela volta dos personagens. Lurdes ainda é a preferida da maioria e a atuação de Regina Casé agrada seja qual for o propósito, drama ou comédia. Talvez este seja um dos melhores apelos da personagem: flanar entre o riso e a lágrima.

Contudo, ficou claro (já lá no final da primeira parte), que Lurdes tem uma rival à altura ocupando o lugar de antagonista.

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Thelma, de Adriana Esteves, agora é oficialmente a vilã da novela que se vendeu como realista em detrimento do maniqueísmo. A vilã enlouquecida atende a uma parcela do público que anseia pela fantasia e pelo melodrama rasgado.

Poucos atores servem ao papel de vilã sem cair no histrionismo ou na caricatura. Se Regina Casé foi a grande estrela da primeira parte de Amor de Mãe, periga ter seu posto roubado por Adriana Esteves na fase final. A atriz brilhou sozinha no capítulo da reestreia. Também mérito da direção chefiada por José Luiz Villamarin, que, mesmo com toda situação de pandemia, entregou um produto que em nada diferiu do já mostrado anteriormente.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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