A Escolinha do Professor Raimundo foi responsável por lançar grandes talentos do humor. Um dos artistas que ficaram conhecidos pelo programa foi Paulo César Rocha, o Paulo Cintura. E ele deixou bem claro que não gostou da nova versão do humorístico, comandada por Bruno Mazzeo.

Formado em Fisioterapia, Paulo começou sua carreira no rádio, apresentando programas que traziam dicas de ginástica. Nos anos 1980, o personagem Paulo Cintura começou a ganhar visibilidade quando comandou um programa de vídeo clipes na TV Record. Além disso, fez uma pequena participação interpretando a si mesmo na novela O Outro (1987).

Em 1990, quando a Escolinha do Professor Raimundo se tornou um programa fixo na grade da Globo, ele foi convidado para ser um dos alunos. Seu personagem ficou conhecido pelas dicas de saúde e alimentação, além do famoso bordão “Saúde é o que interessa, o resto não tem pressa!”.

Paulo Cintura

Paulo ficou na Escolinha até 1995, quando a atração saiu do ar. Depois de estar ao lado de Chico Anysio, ele fez parte da Escolinha do Barulho, exibido pela Record em 1999. Sua última passagem pela TV aberta foi no quadro Escolinha do Gugu (2011), exibido dentro do Programa do Gugu.

“Só pensam em benefício próprio”

Paulo Cintura

Mesmo longe da televisão, ele continuou aparecendo em programas, dando entrevistas e fazendo críticas à nova versão da Escolinha do Professor Raimundo, que estreou em 2015. No remake, seu personagem não esteve presente.

“A Escolinha dos Traíras? Eu acho um absurdo. É bom ninguém me chamar, porque eu sento o couro nos caras. Acho que o que eles [elenco e direção] estão fazendo é uma covardia, uma indelicadeza, uma safadeza. Sou totalmente contra. Estão pegando personagens que não pertencem a eles. Eu chamo aquilo de Escolinha da Trairagem”, declarou Cintura em entrevista ao Notícias da TV em 7/7/2017.

Segundo ele, nada daquilo era uma homenagem, mas sim oportunismo.

“Homenagem é o cacete. Os atores deviam ter a consciência de ligar para as famílias dos mortos e para os que estão vivos e falar: ‘Estou fazendo um personagem seu, acho que estou ganhando nas suas costas, vou te dar 20% do meu do meu salário’. Mas essas pessoas não foram consultadas. Não ligam pra isso, só pensam em benefício próprio. Isso se chama maldade. Eu acredito que essas pessoas vão pagar por isso nessa vida ou na outra. Já vi muito cara malandro que nem eles, e hoje estão todos no Retiro dos Artistas”, esbravejou.

Em outra entrevista, ao programa TV Fama, da RedeTV!, Paulo Cintura chegou a chorar e disse que existem antigos integrantes da Escolinha passando fome.

“Eu conheço as pessoas e sei as situações que elas se encontram. Então eu acho uma maldade usurpar personagem que é do cara para benefício próprio, porque você não tem a capacidade de criar um programa de humor… E o cara que está passando fome, o cara que está passando dificuldades financeiras, como é que fica? Você acha isso correto? Eu não acho isso correto. Pode o mundo falar que eu não acho correto. É um pensamento estritamente meu, é uma opinião pessoal. Eu não abro debate em relação a isso… Eu fiz um esquema de vida que eu não preciso trabalhar, posso ficar o dia inteiro olhando para o teto, minha vida é tranquila. E os caras que estão ferrados? Tem cara ferrado!”, esbravejou.

Ironia contra Cintura

Bruno Mazzeo Escolinha Professor Raimundo

Depois de muitas críticas, Bruno Mazzeo, que deu vida ao Professor Raimundo na nova versão, respondeu Cintura com ironia.

“Meu pai fez muita coisa importante, muita coisa boa para a cultura, para a arte, para o entretenimento brasileiro, coisas que marcaram, coisas realmente importantes para a nossa cultura. Mas em compensação ele também lançou o Paulo Cintura”, escreveu nas redes sociais em maio de 2020.

Um homem de política

Paulo Cintura

Longe da TV, Cintura se aproximou da política e foi uma das figuras que apoiou a eleição do presidente Jair Bolsonaro em 2018. Criticado, ele afirma que todo o apoio é espontâneo.

“Eu moro num lugar e ele mora no lado. Surgiu, sabe? Surgiu do nada. Sem compromisso nenhum, sem interesse nenhum, como qualquer amizade. É que as pessoas hoje em dia têm o coração tão ruim que acham que tudo é armação. As pessoas não entendem amizade pura e sincera entre as pessoas. Esse é o problema, meu irmão”, disse ao Na Telinha em 05/05/2020.

Muitos questionaram Bruno Mazzeo se as críticas ao ator eram pelo fato de ele apoiar Bolsonaro, mas ele afirmou que era algo pessoal.

“Não acho ele uma pessoa bacana, não. Pelo contrário, acho bem ingrato. Ao meu pai (com ele ainda em vida) e comigo – logo depois de participar de um filme meu. Ele foi à TV em programas de fofoca questionar meu caráter pelo simples fato de não estar na Escolinha nova. Portanto, como pessoa, acho o mesmo que como comediante”, escreveu Mazzeo nas redes sociais.

Aposentado como fisioterapeuta pelo estado e investindo em imóveis, Paulo Cintura não pensa em voltar à TV, mas da mídia ele quer estar sempre por perto.

Compartilhar.
Avatar photo

Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor