A Viagem – Semana #13

• O evento mais importante da semana foi o encontro de Alberto e Alexandre na fazenda de Dona Guiomar. Pela primeira vez, o médico vê o espírito de Alexandre e lê seus pensamentos, entendendo que ele está tentando se vingar de seus desafetos. Sei que já comentamos, mas nunca é demais: que ator maravilhoso era Cláudio Cavalcanti e como ele fazia bem esse personagem! E de quebra, um dos melhores casais da novela: Alberto e Estela.

• Ser protagonista de uma novela significa que o ator grava muito, pois aparece na maioria das cenas. Lembro de uma reportagem em que Miguel Falabella reclamou que aparecia demais em A Viagem, que a autora o colocava em muitas cenas. Mesmo ele sendo um coadjuvante. Porém o coadjuvante que mais aparece, sem dúvida, é Cláudio Cavalcanti, já que Alberto transita livremente e com muita frequência nos dois principais núcleos da novela: de Otávio e Diná.

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• Interessante a sequência em que Alberto promove uma reunião mediúnica em sua casa, para orar pelo espírito de Alexandre, e ele aparece no meio da mesa. Ao final, surge o Vale dos Suicidas com espíritos do bem tentando resgatar ou ajudar espíritos que sofrem. As sequências no Vale dos Suicidas são bem produzidas, inclusive aos olhos de hoje. Só não são em imagens HD.

• Considero A Viagem uma “novela de inverno” (sim, eu tenho disso, novela de verão e novela de inverno). Apesar de a trama se passar no Rio de Janeiro, em um condomínio da Barra e em uma vila na Urca, e com gravações externas pela cidade, há também muitas ambientações em fazendas (de Dona Guiomar e as casas de campo de Otávio e Ismael). Isso confere um charme extra à produção, que ainda pegou todo o inverno de 1994, com personagens agasalhados como se estivessem em florestas do Canadá.

• Há umas duas semanas a novela ambienta a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos (em que o Brasil sagrou-se tetracampeão). Eu me recordo de poucas novelas que ambientaram a Copa. A propósito, meu amigo Duh Secco fez uma pesquisa ótima sobre esse período em A Viagem:

“A novela não deixou de ser exibida durante a Copa, mas foi remanejada para diversos horários em razão das alterações de grade impostas pelos jogos: 18h30, 19h05, 19h40, 19h55, 20h20. As edições necessárias para atender as mudanças de grade neste período acabaram por gerar os chamados capítulos “A” – quando um capítulo escrito pelo autor é dividido em dois na edição, ocupando dois dias de exibição. Nos resumos da Globo, constam o 61A, 67A, 70A, 74A e 78A. Além do 37A, que antecede o suicídio de Alexandre, e o 46A. Logo, A Viagem conta com 160 capítulos escritos e 167 exibidos.”

• Li muitos reclamarem do namoro de Tato e Bia, por ela ser ainda adolescente. Bem, eu entendo que a autora quis mostrar a passagem da adolescente para a “moça casadoira” (principalmente com a chegada de seu pai Ismael, em que ela começa a se pintar, etc), afinal em nossa sociedade é aceitável e comum o namoro de adolescentes, inclusive com pares mais velhos. E mesmo considerando que o ator Felipe Martins tinha 33 anos na época da novela (enquanto Fernandinha Rodrigues tinha 14 para 15 anos), não devemos esquecer que ele interpretava um personagem de uns 21, 22 anos no máximo.

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• Téo “possuído” por Alexandre continua causando: Dudu caiu do cavalo, que assustou-se com a moto desgovernada de Tato (Alexandre) e Téo correu de lancha atrás do iate em que estavam Otávio e Diná (Alexandre de novo).

• Na época da novela, Laura Cardoso estava doente, por isso seu afastamento da novela desde a semana passada.

• Sei que muitos já reclamaram, mas não dá para esquecer: a trama de Zeca assumir o filho de Sofia sem maiores explicações, e se casar com ela, não faz o menor sentido! Zeca talvez seja o pior personagem de A Viagem. Quando não é por causa da banda, é por causa da gravidez de Sofia!

• Meu amigo Marcelo Godoy (ex-Vídeo Show) deixou uma mensagem elogiando minhas resenhas semanais de A Viagem e chamando a atenção para alguns atores com quem conviveu na época da novela:

“Você sempre destaca isso, mas gostaria de ressaltar também a graciosidade de Fernanda Rodrigues, a classe emotiva de Lucinha Lins, e mais gente que ficou esquecida, como Tânia Scher, excelente numa cena de desobsessão com o grande Cláudio Cavalcanti e Maurício Mattar que, a meu ver, não comprometeu, num papel bem difícil”. Tânia Scher faleceu em agosto de 2008.

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• Essa semana, teve a participação da bela e saudosa Ada Chaseliov, como a fonoaudióloga do Mascarado. A atriz nos deixou em outubro de 2015.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor