O divertido mordomo Zaquieu é um dos destaques de Pantanal. No remake feito pela Globo, ele é vivido pelo ator Silvero Pereira (foto abaixo).
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Na versão original, o personagem se chamava Zaqueu e foi feito por João Alberto Pinheiro, que morreu um ano após o final da trama de Benedito Ruy Barbosa, após perder luta contra o vírus da Aids.
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João Alberto Carvalho Pinheiro nasceu em Belém, capital do Pará, em 21 de junho de 1960. O seu caminho para conquistar a fama foi muito difícil. João Alberto trabalhou como colunista social em Belém na década de 1980. Em 1983, foi agraciado com o prêmio Mambembe com a peça Goodbye Pororoca.
Chegou a gravar um compacto em 1987 pela gravadora Continental e um LP em 1988, chamado Luar do Amor, dois discos com canções bem populares e românticas. Depois, partiu para o Rio de Janeiro para tentar a sorte e mostrar o seu trabalho como cantor.
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Com Bole Bole, Mexe Mexe, música que o lançou, além das incríveis histórias que contava, foi convidado pelo diretor Jayme Monjardim para interpretar o mordomo Zaqueu, na novela Pantanal.
Destaque em Pantanal
Na obra de Benedito Ruy Barbosa, exibida com grande repercussão pela TV Manchete, seu personagem era um mordomo homossexual que foi obrigado a trocar o glamour do Rio de Janeiro pela vida rudimentar no pantanal mato-grossense.
Afeminado e desbocado, ele caiu nas graças do público pelas cenas divertidas ao virar uma espécie de peão de luxo e interagir com viris boiadeiros da fazenda. Até que se interessou por um deles, Alcides, interpretado por Ângelo Antônio.
Em um determinado momento da trama, Zaqueu chegou a se declarar ao matuto:
“Eu tô apaixonado por você”, disse.
E o peão respondeu:
“Olha, Zaqueu, eu sempre te respeitei e sempre vou te respeitar, só que eu gosto é de mulher”.
Zaqueu usava o seu bom humor como uma arma contra as brincadeiras por sua condição sexual e os seus trejeitos.
“Em seis dias, me tornei mais conhecido do que nos 12 meses em que estou no Rio, batalhando como cantor”, afirmou João Alberto, satisfeito, em uma entrevista publicada na revista Amiga.
Luta contra a Aids
Lutando contra o vírus da Aids, João adiou o projeto de atuar num espetáculo com Jane Di Castro, previsto para 1992.
Ele havia conseguido realizar dois grandes sonhos: o primeiro era morar na Avenida Atlântica, na Zona Sul carioca; o segundo, foi participar na novela Pantanal, que o tornou conhecido em todo o País. Com agravamento do seu estado de saúde, o ator ainda realizou um último desejo: passar o Natal e o Ano Novo com a família toda reunida.
Infelizmente, no dia 8 de janeiro, ele passou mal e foi internado. Faleceu em 9 de janeiro de 1992, de insuficiência respiratória, agravada por uma pneumonia aguda em decorrência do vírus e ainda por um câncer no fígado.
Seu tio Adalberto contou na revista Amiga, logo após a morte do artista, como foram os últimos momentos ao lado do sobrinho, na passagem do ano:
“Parece até que ele aguentou para poder ver toda a família reunida. No dia, fez questão de sair todo de branco para ver os fogos”, relembrou.