A novela Amor Perfeito, que estreia nesta segunda-feira (20) às seis, é livremente inspirada no clássico Marcelino Pão Vinho, do escritor José María Sánchez Silva. O livro foi publicado na década de 1950; posteriormente, a obra virou filme e desenho.
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Na versão para a TV, os autores Duca Rachid, Júlio Fischer e Elisio Lopes Jr levaram a história para as décadas de 1930 e 1940. Eles também propuseram retratar Marcelino como um menino negro.
“Isso já norteia todo o desenvolvimento da história. Esteticamente, também, a gente está obedecendo a referências históricas. […] Então é muito importante enfatizar essa questão de que não é um universo fantasioso que nós estamos colocando na novela, mas é um universo que existiu historicamente e que ficou à margem dos livros de história. Assim como, até há bem pouco tempo, o currículo escolar omitia quase completamente a importância da herança africana na formação da cultura brasileira”, destaca Júlio.
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A cidade de Amor Perfeito existe?
Paulo Belote / Globo
Para ambientar a narrativa, os novelistas optaram pela criação de uma cidade. A fictícia Águas de São Jacinto foi inspirada em municípios mineiros como Caxambu, Baependi e São Lourenço, que integram o chamado Circuito das Águas.
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“É uma cidade ficcional, sim, mas não é uma cidade fantasiosa. É uma cidade que bebe muito da realidade que a gente absorveu em pesquisa”, conta Fischer.
Com base no estudo arquitetônico dos municípios citados acima a equipe de criação de Amor Perfeito construiu a cidade cenográfica nos Estúdios Globo.
“Criamos uma identidade própria, sem perder de vista as referências do período que estamos tratando na novela. O Parque das Águas de Caxambu foi uma grande inspiração e construímos uma fonte que remete às existentes lá para reforçarmos esse elemento água, que está tão presente na nossa dramaturgia”, ressalta o arquiteto e cenógrafo Mauro Vicente, responsável pela cenografia.
Cores vibrantes
Reprodução / Grafitti Arts
A equipe, inclusive, optou por valorizar o artista negro Heitor dos Prazeres (1898-1966), renegado pela Semana de Arte Moderna de 1922.
“Como a nossa cidade cenográfica fica ali entre Minas Gerais e Bahia é superinteressante a gente trabalhar com muita cor e com umas pitadas de art déco misturadas”, acrescenta Mauro.
“O Heitor dos Prazeres é um artista que deu todo o embasamento para a direção de arte da novela, em todos os sentidos. Toda a paleta de cores que estamos usando é bem forte, é uma novela bem colorida”, complementa o diretor de arte Billy Castilho.
A moda da novela das seis
João Miguel Júnior / Globo
O colorido também está presente no figurino de Amor Perfeito. Em Águas de São Jacinto, a responsável por romper com os padrões tradicionais europeus, mergulhando na inovação e na modernidade, será Wanda Pacheco, vivida por Juliana Alves, dona da loja A Brasileira Elegante.
“A Wanda inaugura em Águas de São Jacinto uma loja de roupas ousadas – numa época em que as roupas eram confeccionadas, na maior parte, por costureiras em pequenos ateliês copiando a moda francesa. Ela é uma personagem moderna inspirada em figuras extravagantes da época como Elza Schiaparelli e em traços futuristas de marcas contemporâneas. Wanda é a mais moderna, com macramês, cores e estampas fortes, é a ‘boneca’ com muitos fãs dentro da equipe de figurino”, afirma Daniela Garcia, que divide a responsabilidade do figurino com Karla Monteiro.
Amor Perfeito vai ocupar o horário das seis até setembro. A novela tem a missão de manter os índices em alta. Após a malsucedida Nos Tempos do Imperador (2021), a faixa cresceu com Além da Ilusão (2022) e Mar do Sertão.
