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Um dos principais pontos do conhecido “padrão Globo de qualidade” era o impecável planejamento das produções da emissora. Ao contrário dos concorrentes, o canal sempre trabalhou de olho no longo prazo, com um cronograma rígido e pensado nos mínimos detalhes.
Divulgação / GloboAo que tudo indica, essa Globo não existe mais. A falta de opções de textos para futuras novelas e as constantes mudanças na organização dos folhetins demonstra que a emissora deixou o famoso padrão de qualidade para trás. Tanto que até a substituta de Terra e Paixão (com Barbara Reis e Tony Ramos, foto acima) é dúvida. A ausência de uma figura de comando pode explicar a atual situação.
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Horário nobre em xeque
A novela das nove da Globo, carro-chefe da programação, é quem mais vem sofrendo com tamanha falta de organização. A saída de Silvio de Abreu (foto acima) e a chegada de José Luiz Villamarim no comando da direção de dramaturgia fez com que todo o planejamento do autor de A Próxima Vítima (1995) caísse por terra.
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Villamarim, juntamente com Ricardo Waddington, então diretor-geral dos Estúdios Globo, encabeçaram mudanças questionáveis no horário. A aposta em Pantanal (2022) revelou-se bem sucedida, mas o realocamento de Todas as Flores para o Globoplay e o adiantamento de Travessia foram decisões que se mostraram equivocadas.
A mudança afetou a fila de autores do horário de maneira drástica. Com João Emanuel Carneiro no Globoplay, as opções para futuras produções ficaram bem reduzidas. Daí o apelo ao remake de Renascer (1993), uma tentativa de repetir o êxito de Pantanal.
No entanto, até mesmo a escolha pelo remake de Renascer foi colocado em xeque. Afinal, o clássico de Benedito Ruy Barbosa tem várias semelhanças com Terra e Paixão, trama que substituirá. Pelo que parece, ninguém na Globo se atentou a isso. Um erro que dificilmente aconteceria no passado.
Sem frente
Ao deixar o cargo de diretor de teledramaturgia da Globo, o autor Silvio de Abreu bateu no peito e se orgulhou de ter deixado a emissora com a fila de novelas organizadas para, no mínimo, três anos. Ele tem razão. No entanto, nada foi feito após sua saída para manter esta frente.
Por enquanto, a faixa das sete tem colocado no ar produções aprovadas em sua gestão. Já a faixa das seis viu cair vários projetos que Abreu havia aprovado, incluindo tramas de medalhões como Gilberto Braga (1945-2021), Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira. Porém, o primeiro faleceu e os dois últimos foram dispensados pelo canal.
Começaram, então, as mudanças. Do nada, Alessandro Marson e Thereza Falcão “furaram a fila” com o remake de Elas por Elas. Isso evidenciou que a nova direção de teledramaturgia da Globo tem um viés conservador, dando preferência a enredos que já deram certo no passado.
Às nove, a situação é ainda pior. Por enquanto, o remake de Renascer (foto acima) será o substituto de Terra e Paixão. Mas, depois, não se sabe o que virá. Ou seja, não há mais ninguém na Globo pensando a longo prazo.
Falta de comando
Reprodução / webAo que tudo indica, a atual falta de planejamento da Globo tem a ver com as constantes mudanças que aconteceram na emissora nos últimos anos. Até 2015, a emissora centralizava tais decisões na figura do diretor de Entretenimento, com nomes como Manoel Martins e Carlos Henrique Schroder. Antes, nomes como Boni e Daniel Filho (foto acima) também encabeçavam o planejamento.
Ao criar a direção de teledramaturgia e entregá-la a Silvio de Abreu, a emissora manteve um planejamento efetivo em suas novelas. Porém, a gestão de José Luiz Villamarim parece encontrar dificuldades em manter as rédeas da situação.
Não por culpa do diretor, mas em razão das transformações da Globo. A saída de Ricardo Waddington e a demissão de autores, diretores e atores vêm afetando o setor de maneira bastante drástica. Agora, Amauri Soares, novo diretor geral dos Estúdios Globo, juntamente com Villamarim, terá que rebolar para colocar a casa em ordem.