O público sempre soube das paixões que Jô Soares colecionou ao longo de sua vida: livros de todos os tipos, discos de jazz, filmes do estilo noir, são alguns itens que fazia parte da cultura do apresentador.

Jô Soares

Mas, além disso, ele era apaixonado pela velocidade. Com apenas 13 anos, Jô pilotou pela primeira vez uma moto – e foi amor à primeira vista. Ele colecionou muitas motos, como a famosa Yamaha DT 180, que chegou ao Brasil no início dos anos 1980, e a Harley Davidson Fat Boy, uma motocicleta customizada. No humorístico Satiricom (1974), por exemplo, ele apareceu fazendo algumas manobras.

Essa paixão também ficou evidente durante a famosa Parada do Dia das Crianças de 1988, evento organizado pelo SBT. O apresentador, que desfilava em um carro, pegou uma moto emprestada e saiu desfilando com ela para a alegria do público.

Mas nem sempre ele teve somente emoção ao andar em duas rodas; Jô sofreu acidentes e um deles foi grave.

O primeiro acidente

Jô Soares

O primeiro acidente que Jô sofreu foi em meados de 1992. Ao sair de sua casa para comprar uns acessórios para sua moto, um fã que estava dirigindo um carro avistou o apresentador e ficou surpreso, se aproximando muito da motocicleta. Não deu outra: Jô perdeu o equilíbrio e caiu da moto.

O admirador ficou tão desesperado que o próprio apresentador teve que acalmá-lo. Ele foi socorrido pelo motorista e foi levado para o Hospital Samaritano. Chegando no hospital, descobriu que tinha fraturado o ombro esquerdo. O médico que o atendeu o levou a ala dos pacientes que sofreram acidentes com moto, e Jô ficou impressionado. Mesmo assim, ele não parou por aí.

O segundo acidente

Jô Soares Onze e Meia

Três meses depois do acidente, durante uma viagem a Itaipava (RJ), Jô sentiu que já estava pronto para pilotar novamente. Contrariando sua então esposa Flávia, ele pegou a moto e acabou sofrendo um grave acidente, fraturando novamente o ombro esquerdo e o ombro direito.

“A Flavinha tentou de qualquer maneira me levar para o Hospital Miguel Couto, no Rio, que tem expertise em traumas, mas eu teimei que ela me levasse para um hospital em Teresópolis. No ombro direito, foi possível colocar uma prótese, porém, no outro, com duas fraturas seguidas, não. Perdi a capacidade de elevar muito o braço esquerdo. Apesar disso, considero-me um afortunado, pois as consequências do acidente poderiam ter sido bem piores”, relatou no O Livro de Jô – Uma Autobiografia Desautorizada.

Adeus, moto

O apresentador, que na época comandava o Jô Soares Onze e Meia, não ficou muito tempo fora do ar e voltou a atração com os braços imobilizados, fazendo piada da situação.

“O buraco gera empregos. Tem que fazer foto do buraco, tem gente que ganha para fazer o buraco, tem empresas que fazem placas para colocar no buraco”, constatou.

Depois desse acidente, ele parou de andar de moto e aconselhava as pessoas que fizessem o mesmo.

“Eu andei 50 anos de moto. Não faça, compre, coloque na sala, porque é bonito. Os meus dois braços são limitados. Meu padrinho Max Nunes dizia o seguinte: A moto tem duas rodas. Ela foi construída pra cair. Um dia ela ganha”, disse o saudoso humorista no Conversa com Bial, em 2017.

“Quando tomei o primeiro tombo eu pensei ‘levei 40 anos para levar um, tenho mais 40 pela frente’. Raciocínio de débil mental, porque dois meses depois…”, completou.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor