Considerado um dos mais brilhantes e, ao mesmo tempo, polêmicos jornalistas do Brasil, Paulo Francis morria há exatamente 24 anos, no dia 4 de fevereiro de 1997, em Nova York, nos Estados Unidos, onde vivia desde o início dos anos 1970.

Franz Paul Trannin da Matta Heilborn nasceu em 2 de setembro de 1930, no Rio de Janeiro, foi ator na juventude, quando passou a usar o nome artístico que levou para o resto da vida.

Ingressou no jornalismo ainda nos anos 1950, fazendo críticas de teatro, e passou por inúmeros veículos ao longo da carreira, como Diário Carioca, Última Hora, Tribuna da Imprensa, O Pasquim, Opinião, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo.

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Vida nos Estados Unidos

Perseguido pelo regime militar instaurou nos anos 1960, chegando a ser preso por um mês, Francis foi viver nos Estados Unidos, subsidiado por uma bolsa da Fundação Ford, conseguida por intermédio de Fernando Gasparian, da editora Paz e Terra.

Em 1981, estreou na televisão, como comentarista de política internacional da Rede Globo. Inicialmente atuando no programa Globo Revista, rapidamente foi transferido para o Jornal da Globo, onde se tornou celebridade nacional e ficou até o fim da vida, marcado pela voz arrastada e pelo jeito característico de falar, tornando-se um prato cheio para diversos humoristas, como Chico Anysio.

Ele foi um dos criadores do Manhattan Connection em 1993, ao lado de Lucas Mendes, Caio Blinder e Nelson Motta, ainda no canal GNT – depois de passar pela GloboNews, a atração estreou em janeiro na TV Cultura. Em 1996, ingressou na GloboNews, no programa Milênio.

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Processo milionário

Como era muito polêmico em suas opiniões, Paulo Francis colecionou muitos processos. Um deles, em especial, o abalou profundamente. Em outubro de 1996, durante o Manhattan Connection, ele propôs a privatização da Petrobras e acusou os direitos da empresa de possuírem US$ 50 milhões em contas da Suíça.

A ação judicial da Petrobras foi instaurada na justiça norte-americana, que alegou que o programa era transmitido nos Estados Unidos também. Era pedida uma indenização superior a US$ 100 milhões.

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Amigos influentes fizeram de tudo para livrá-lo do processo, inclusive pedindo ajuda ao então presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas a ação prosseguiu, deixando o jornalista profundamente abalado.

Pupilo de Francis, Diogo Mainardi disse, no Manhattan Connection, em 2014, que a pressão psicológica do processo contribuiu para a morte do jornalista. “Ele ficou muito perturbado”, declarou.

Elio Gaspari, outro companheiro de longa data, opinava que a disputa ocupou um espaço surpreendente em sua alma, tomando lugar não apenas do sono, mas também dos seus prazeres, como música e leitura.

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Paulo Francis, casado com a jornalista e escrita Sonia Nolasco, foi encontrado morto em seu apartamento, no dia 4 de fevereiro de 1997, aos 66 anos, vítima de infarto fulminante.

Seu corpo foi embalsamado e trasladado dos Estados Unidos para o Rio de Janeiro, onde foi enterrado no Cemitério São João Batista.

O malfadado processo foi adiante, com os diretores da Petrobras procurando o espólio e a viúva do jornalista. Mas, por intervenção de figuras como FHC, a ação foi encerrada, deixando Francis finalmente descansar em paz.

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