A programação da Globo em 9 de agosto de 1988; os resumos das novelas e a estreia de O Primo Basílio

Um clássico do português Eça de Queiroz ganhou as telas da TV brasileira em 9 de agosto de 1988: O Primo Basílio, adaptação de Gilberto Braga e Leonor Bassères, dirigida por Daniel Filho.

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Era a história dos apaixonados Basílio (Marcos Paulo) e Luísa (Giulia Gam), separados em razão do trabalho dele. Sem notícias do primo, o que a faz acreditar ter sido abandonada, a moça acaba por se casar com Jorge (Tony Ramos). Eis que Basílio volta e Luísa não resiste às suas investidas. A relação extraconjugal não é segredo para a criada Juliana (Marília Pêra), que, usando deste segredo, faz gato e sapato da patroa. O primeiro capítulo da minissérie, contudo, não foi a única grande atração da grade da Globo naquele dia.

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Após o Telecurso 2º Grau e o Bom Dia Brasil – então ancorado de Brasília por Carlos Monforte -, Xuxa Meneghel comandava o Xou da Xuxa, o infantil de maior sucesso naquela década. 1988 foi um ano especialmente feliz para a apresentadora, que estreou nos cinemas com Super Xuxa Contra o Baixo Astral e liderou o mercado fonográfico com o ‘3º Xou da Xuxa’, embalado pela música ‘Ilariê’ (com cerca de 3 milhões e 360 mil cópias vendidas). O ‘Xou’ ia ao ar das 8h às 12h25, quando entregava para os jornais locais.

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Na sequência do Globo Esporte, precisamente, às 13h, entrava no ar o Jornal Hoje. Na ocasião, já com 17 anos de existência, o telejornal era apresentado por Leda Nagle. Um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro – fora do vídeo desde sua saída da TV Brasil, ano passado -, Leda implantou sua marca no ‘Hoje’, com as sempre comentadas entrevistas de sábado. No ano seguinte, uma dança das cadeiras na sucursal Rio de Janeiro a levou para o Bom Dia Rio e, em seguida, para a Manchete, assim como os colegas Eliakim Araújo e Leila Cordeiro.

Após o boletim Diário da Constituinte (de 5 minutos, às 13h25 e às 19h40), o Vale a Pena Ver de Novo trazia Tititi, clássico de Cassiano Gabus Mendes. Originalmente exibida entre agosto de 1985 e março de 1986, a novela estrelada por Luís Gustavo e Reginaldo Faria (os lendários costureiros Victor Valentim e Jacques Leclair), regressou ao vídeo em abril de 1988 e se estendeu até outubro, com 145 capítulos – empatada com Água Viva no posto de segunda reprise mais longa daquela década. Na foto, Malu Mader como Valquíria Spina, a filha de Jacques (André).

A Sessão Aventura, que trazia séries importadas, abrigava a reprise do Armação Ilimitada, cuja última temporada inédita se encerraria em dezembro de 1988. O episódio do dia, ‘O menino que virou lama’, com Caio Junqueira e Jacqueline Laurence, foi exibido originalmente no ano anterior. ‘Armação’, que está de volta ao Viva a partir do próximo dia 19, era estrelada por André di Biasi (Lula), Kadu Moliterno (Juba), Andréa Beltrão (Zelda Scott) e Jonas Torres (Bacana). Logo depois, a Sessão Comédia, com a hilária Primo Cruzado.

No ar às 17h55, o capítulo do dia de Fera Radical – também em exibição no Viva – trouxe mais uma das vitórias da vingativa Cláudia (Malu Mader), decidida a destruir a família Flores, que julga ser responsável pela chacina de sua família. Se quiser evitar “spoiler”, pule este parágrafo: a analista de sistemas comemorou junto a Marta (Laura Cardoso) o divórcio de Altino Flores (Paulo Goulart) e Joana (Yara Amaral), que entristeceu o herdeiro do casal (e namorado da moça) Fernando (José Mayer). O problema é que o fazendeiro testemunhou a cena. Baita gancho!

A novela das 7 vinha coladinha no folhetim das 6. Bebê a Bordo, naquele dia, girou em torno da tentativa de sequestro frustrada da bebê Heleninha (Beatriz Bertu), pelo suposto pai Zezinho (Léo Jaime). O bandido atrapalhado queria arrancar uns milhõezinhos de Laura (Dina Sfat), a avó da criança, que queria corrigir com a baby o erro cometido no passado, quando abandonou a filha Ana (Isabela Garcia) – coincidência do destino, mãe biológica de Heleninha. Acabou o capítulo, veio o jornal local, o Jornal Nacional e o Momento Olímpico, com Fernando Vannucci.

Após os 5 minutos dedicados às Olímpiadas de Seul, a Globo exibia Vale Tudo, uma das melhores novelas de todos os tempos! Sente o encontro lacrador daquela noite: Solange (Lídia Brondi) e Raquel (Regina Duarte), duas vítimas das vilanias de Maria de Fátima (Gloria Pires) e Odete Roitman (Beatriz Segall). Fátima afastou a mãe, Raquel, de Ivan (Antonio Fagundes), auxiliando Odete nos planos de junta-lo à sua filha Heleninha (Renata Sorrah). Em troca, a megera-mor apoiou a alpinista social em união com Afonso (Cássio Gabus Mendes), ex de Solange.

Para suprir a ausência de Jô Soares, recém-transferido para o SBT, o todo-poderoso Boni encomendou um humorístico inovador. Nasceu assim o TV Pirata, que, muito antes do aparentemente inovador Tá no Ar, satirizou as atrações da televisão brasileira – inclui-se aí as novelas, com a hilária Fogo no Rabo (do “Barbooosa”, Ney Latorraca), e os programas da concorrência, como A Praça é Nossa. Guel Arraes respondia pela direção; Cláudio Paiva capitaneava os roteiros, que contavam com o auxílio da trupe do Casseta & Planeta, lançado na década seguinte.

O Primo Basílio antecedia a terceira edição do jornal local, o Jornal da Globo (com o casal 20 Leila e Eliakim) e o Globo Economia, boletim que buscava informar o público, de forma clara e objetiva, as oscilações de um mercado castigado por sucessivos (e frustrados) planos econômicos. Lilian Witte Fibe, que já atuava como repórter de economia anteriormente, era a responsável pela apresentação. Witte Fibe ganhou ainda mais espaço nos anos seguintes, cobrindo as operações econômicas do presidente Fernando Collor e apresentando o ‘JG’ e o ‘JN’.


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