Embora seja normal que séries ganhem continuações, diversas produções da Globo não passaram da primeira temporada por razões diversas, desde baixos índices de audiência até o acúmulo de compromissos dos profissionais envolvidos, passando por questões pessoais e políticas.

Confira 10 exemplos na lista:

Amizade Colorida

O fotógrafo freelancer Eduardo Lusceno (Antônio Fagundes), o Edu, um Don Juan incorrigível e machista, teve as suas loucas aventuras amorosas mostradas em apenas 11 episódios.

A série, exibida em 1981 e que procurava retratar mudanças comportamentais da época, sucumbiu ante a pressões moralistas e acabou cancelada após sofrer com sucessivos cortes da censura do período militar.

Mário Fofoca

Um dos personagens mais emblemáticos da carreira do saudoso Luis Gustavo (1934-2021) foi o atrapalhado investigador particular Mário Cury, mais conhecido como Mário Fofoca.

Depois de roubar a cena na novela Elas por Elas (1982), o detetive que usava um espalhafatoso terno xadrez foi premiado no ano seguinte com um filme (“As Aventuras de Mário Fofoca”) e uma série exclusiva, exibida nas tardes de domingo.

Mas estas obras derivadas (os chamados spin-offs) não tiveram o sucesso esperado, sendo que a série foi cancelada após 17 episódios sem qualquer aviso prévio.

A Justiceira

Uma inesperada gravidez de Malu Mader, que viveu a protagonista Diana, foi a razão para o fim precoce desta produção policial, bem ao estilo americano, com direito a cenas de ação feitas por dublês que atuavam em filmes de Hollywood.

Nívea Maria, Leonardo Brício, Danielle Winits, Reginaldo Faria, Edson Celulari e o próprio diretor Daniel Filho eram outros destaques do elenco. No total, foram planejados 32 episódios, mas apenas 12 foram gravados.

Os Aspones

O trio formado por Caio (Pedro Paulo Rangel), Anete (Marisa Orth) e Moira (Drica Moraes) bem que se esforçou para dar graça à arte de não fazer nada no trabalho, apesar das tentativas do chefe Tales (Selton Mello) e da estagiária Leda (Andréa Beltrão) de mudar os rumos da ociosa repartição pública.

No entanto, já no final do seu ano de exibição (2004), a Globo anunciou a descontinuidade da série, que não emplacou nem deixou saudades.

O Sistema

A luta contra o sistema que excluiu os dados pessoais e, consequentemente, a existência de Matias (Selton Mello), Leda (Maria Alice Vergueiro), Trash (Lúcia Bronstein), Paca (Maíra Dworeck) e Professor Avenarius (Gregório Duvivier) foi o elemento central do roteiro.

Com somente seis episódios produzidos, a série cômica (sitcom) foi uma verdadeira paródia alusiva às várias teorias da conspiração típicas do mundo contemporâneo, marcado pela vigilância ostensiva e a quase ausência de privacidade.

As histórias regadas a boas piadas e maluquices não se refletiram em boa audiência por terem sido programadas para uma das faixas mais difíceis de qualquer grade televisiva (sextas-feiras, às 23h).

Na Forma da Lei

Trama de 2010 que marcou a despedida de Ana Paula Arósio da telinha, contava com um elenco experiente (Thiago Fragoso, Luana Piovani, Henri Castelli, Márcio Garcia, entre outros) e foi inspirada, segundo o nosso colunista Nilson Xavier, na clássica série americana Law & Order, que alcançou a incrível marca de 20 temporadas (1990-2010).

Porém, a audiência foi baixa para os padrões da Globo (média de 17 pontos nas noites de terça-feira), que optou por encerrá-la depois de apenas oito episódios.

A Vida Alheia

A história girava em torno da redação da revista de celebridades homônima, de propriedade da socialite Catarina Faissol (Marília Pêra). A equipe era liderada pela poderosa editora Alberta Peçanha (Cláudia Jimenez) e vivia em busca de escândalos que rendessem capas e reportagens de impacto.

Exibida às quintas-feiras em 2010 após A Grande Família, teve uma duração bem maior do que a média das séries de uma temporada (20 episódios).

Curiosamente, o episódio final deixou um gancho que sugeria a continuação: Catarina foi obrigada a aceitar uma nova revista de celebridades, a Sarjeta, comandada pelo ex-marido Júlio (Carlos Gregório); Alberta Peçanha (Cláudia Jimenez) virou notícia ao ver a filha assassinar o amante violento; e Manuela (Danielle Winits) foi demitida da revista. Porém, a ideia não foi levada adiante pela Globo.

Batendo Ponto

Um escritório e sua galeria de personagens pretensamente engraçados também foi a base do roteiro desta produção, concebida como especial de fim de ano em 2010 e transformada em série no ano seguinte.

E o destino foi idêntico ao de Os Aspones: depois de míseros sete episódios e de deixar a Globo em apuros no Ibope das noites de domingo, a história protagonizada pela secretária faz-tudo Valquíria (Ingrid Guimarães) teve a sua duração abreviada.

A Cura

Ao contrário de outras séries que tiveram vida breve na TV, esta tinha tudo para ir além: elenco de primeira linha, história bem amarrada e boa aceitação de público e crítica.

Ambientada em Diamantina, interior de Minas Gerais, o roteiro flertava na medida certa com o sobrenatural ao traçar uma ligação entre as vidas de Dimas (Selton Mello), médico que tinha um misterioso dom de cura, e de seu antepassado Silvério (Carmo Dalla Vecchia).

No entanto, compromissos assumidos por um dos autores (João Emanuel Carneiro), que viria a escrever Avenida Brasil, e pelo diretor Ricardo Waddington inviabilizaram uma continuação.

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O Dentista Mascarado

Marcelo Adnet foi contratado pela Globo por sua trajetória destacada na MTV e gerou expectativas de sucesso imediato. No entanto, a série escrita pela dupla Alexandre Machado e Fernanda Young (1970-2019), assim como Os Aspones (2004) e O Sistema (2007), reforçou a sina de fracassos enfrentada pelos autores após o grande êxito de Os Normais (2001-2003).

A saga vivida pelo doutor Adalberto Paladino (Adnet), ao lado de seu sócio Sérgio (Leandro Hassum) e da vigarista Sheila (Taís Araújo), doeu mais que o temível “motorzinho”.

Como sempre fazemos, elegemos 10 exemplos, mas existem outras séries que se encaixam na mesma categoria: Brasil a Bordo, O Caçador, Delegacia de Mulheres, Dicas de um Sedutor, Dupla Identidade, A Fórmula, A Mulher do Prefeito, A Teia e Vade Retro, entre outras.

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Entusiasta da história da televisão brasileira, Jonas Gonçalves é jornalista e pesquisador, sendo colaborador do TV História desde a sua criação, em 2012. Ao longo de quase 20 anos de profissão, já foi repórter, editor e assessor de comunicação, além de colunista sobre diversos assuntos, entre os quais novelas e séries Leia todos os textos do autor Leia todos os textos do autor