Enquanto esteve no ar, A Favorita (2008), hoje em reprise no Vale a Pena Ver de Novo, acirrou os ânimos de João Emanuel Carneiro e de outros autores de novelas. As desavenças ficaram marcadas por disputas de audiência e declarações polêmicas. Confira!

A Favorita

A estreia de A Favorita, em junho de 2008, respondeu pelo pior desempenho na audiência de um primeiro capítulo na faixa das 21h. A Record contribuiu para tal: o último capítulo de Caminhos do Coração (2007) foi antecipado para bater de frente com a nova aposta da Globo. E a continuação da trama de Tiago Santiago, Os Mutantes, seguiu na disputa direta.

Tiago Santiago

Com o passar dos meses, o folhetim de João Emanuel engrenou, enquanto a narrativa assinada por Tiago perdeu pontos. O disse-me-disse tomou conta da imprensa! Portais e revistas afirmavam que Santiago havia assinado com a Record após ser preterido pela Globo, que promoveu Carneiro à titularidade.

Em declaração ao jornal O Globo, o autor de A Favorita afirmou que não iria para a Record porque fazia novelas bem melhores na Globo. O responsável por Os Mutantes rebateu em entrevista à Folha de São Paulo, classificando a concorrente como “novelinha medíocre”.

Coube ao Estado de São Paulo ouvir os dois lados. Questionado sobre Caminhos do Coração e a segunda temporada desta, João Emanuel Carneiro foi enfático:

“Não tenho opinião porque nunca a assisti. Acho que não tenho o perfil do público de ‘Os Mutantes’, já que passei dos dez anos (de idade) e não pertenço à classe D e E. Já Tiago Santiago parece que está assistindo à minha novela. Tenho certeza de que ele vai acabar gostando”.

Tiago Santiago, por sua vez, afirmou que não prestigiava A Favorita e lamentou a declaração do concorrente.

“Não vejo a novela do João Emanuel porque é no mesmo horário que ‘Os Mutantes’ e ‘Amor e Intrigas’, que me parecem opções bem mais interessantes e divertidas. Ele erra feio ao acreditar que somos vistos apenas por crianças e pelas classes mais baixas”, sentenciou.

Silvio de Abreu

Silvio de Abreu

Supervisor de Da Cor do Pecado (2004), primeira obra solo de João Emanuel, Silvio de Abreu fez críticas severas à trama de estreia do pupilo às 21h.

Em declaração à coluna de Daniel Castro na Folha de São Paulo, em agosto de 2008, ele criticou o fato dos núcleos paralelos não convergirem para o eixo central, o que enfraquecia a saga de acusações e reviravoltas envolvendo Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Claudia Raia).

O ex-roqueiro Augusto César (José Mayer) também foi alvo dos comentários de Silvio; ele não aprovava o humor do personagem que, no íntimo, era extremamente triste.

Carneiro não rebateu as colocações de Abreu, quando contatado pela publicação via e-mail. O veterano, por sua vez, contemporizou, afirmando que prestava bastante atenção no conflito principal e que A Favorita estava crescendo nos números, enquanto Os Mutantes, classificada por ele como de “péssima qualidade”, perdia relevância.

Gilberto Braga

Gilberto Braga

Um dos nomes fortes da teledramaturgia moderno, Gilberto Braga foi delicado em sua avaliação do trabalho de João Emanuel Carneiro. Em entrevista ao Estado de São Paulo, ele comentou que, diferente do que jornais cogitavam na épica, não havia comparação entre A Favorita e Dancin’ Days (1978), desenvolvida por ele às 20h.

“Acho que João tinha 2, 3 anos quando ‘Dancin’ Days’ foi ao ar. Ele é um garoto. (…) Eu repito um monte de coisas que fiz e que os outros escritores fizeram. Embora haja semelhança, não me lembrou nem um pouco ‘Dancin’ Days’”, declarou.

As comparações eram decorrentes da disputa de Flora e Donatela pela atenção de Lara (Mariana Ximenes), filha da primeira que fora criada pela segunda. No folhetim dos anos 1970, Júlia (Sonia Braga) buscava reconquistar a herdeira Marisa (Gloria Pires), que cresceu sob os cuidados da tia Yolanda (Joana Fomm).

“Achei a novela do João excelente e me pegou demais. Estou começando a quase gostar de novela”, brincou Giba.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor