A falta de novidades nos especiais de fim de ano
23/12/2017 às 10h00
O fim de ano sempre foi motivo para as emissoras se mobilizarem em programas especiais para atrair o público em uma época de baixa audiência. Especiais dramatúrgicos, humorísticos e musicais fizeram sucesso e alguns deles viraram até programas fixos. Porém, nos últimos anos, isto tem ficado cada vez mais raro. Além da crise, as TVs têm tido menos interesse em apostar em uma programação especial para o mês do Natal e da virada de ano.
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Na Globo, humorísticos que se fixaram na grade por temporadas surgiram de especiais natalinos, como A Diarista (2004-2007), Sob Nova Direção (2004-2006), Casos e Acasos (2008), Faça Sua História (2008) e Toma Lá Dá Cá (2007-2009), além da recente Doce de Mãe (2014). O elenco também se mobilizava em especiais produzidos na época como o Programa Novo (protagonizado pela equipe do Sexo Frágil, em 2004), Histórias de Cama e Mesa (2004) e Papai Noel Existe (em 2006 e 2010). Estes especiais coexistiam com programas tradicionais da grade de fim de ano, como a Retrospectiva jornalística, o especial de Roberto Carlos e o Show da Virada.
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Agora, praticamente não há novidades, a não ser a exibição do filme Malasartes (com Jesuíta Barbosa e Isis Valverde) em forma de série, com três capítulos. De resto, especiais já conhecidos, como o de Roberto e o festival sertanejo Festeja Brasil – exibido desde 2015, além do novo formato do Show da Virada – em vez do playback de muitos artistas, um show de fato, com poucos cantores, embora gravado com antecedência. Os investimentos da emissora parecem se voltar para Janeiro, quando serão exibidas as séries Entre Irmãs (baseada no filme com Marjorie Estiano e Nanda Costa) e 13 Dias Longe do Sol, além da estreia de Brasil a Bordo (de Miguel Falabella) e dos retornos do Big Brother Brasil e do Tá no Ar.
Na Record, um destaque do começo da década foi o Especial Record de Literatura, que produziu adaptações de obras pouco conhecidas de medalhões da literatura. Entre os programas produzidos no período entre 2008-2012, estão As Mãos de Meu Filho (Érico Veríssimo), O Menino Grapiúna (Jorge Amado), O Milagre dos Pássaros (do mesmo Amado) e A Tragédia da Rua das Flores, de Eça de Queiroz.
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Em 2013, numa ousada iniciativa, seis especiais foram produzidos, entre eles a Nova Família Trapo, inspirada no remake do Sai de Baixo produzido pelo canal Viva – vale lembrar que o Sai de Baixo é justamente inspirado na clássica Família Trapo, produzida pela Record nos anos 60 -, O Amor e a Morte, baseado em contos de Thomas Mann; e Casamento Blindado, baseado no livro de Renato e Cristiane Cardoso.
Outro destaque da TV da Barra Funda é o especial Família Record, o amigo-secreto entre as principais estrelas da emissora, que anteriormente era exibido no Hoje Em Dia, além da Retrospectiva dos Famosos (que coexiste com a edição jornalística).
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Em 2017, bem como na Globo, poucas novidades. A principal delas foi a exibição de uma edição especial do Dancing Brasil, reality de dança comandado por Xuxa Meneghel, que estreou este ano e teve duas temporadas (além de emendar uma terceira já neste próximo Janeiro). Também para o início do ano, está programada uma nova temporada da série Conselho Tutelar.
Fica aqui a questão: porque as emissoras têm investido menos neste período e concentrado mais suas novidades no início do ano seguinte? Uma provável resposta é a atual conjuntura do país, que torna inviáveis grandes investimentos dramatúrgicos em um período onde a audiência normalmente é mais baixa. Não à toa, tem se recorrido a formatos prontos, como os dois filmes que a Globo irá transformar em séries – algo recorrente desde 2012, quando exibiu Xingu, de Cao Hamburger, de forma fracionada.
A outra tem a ver com uma questão da própria estrutura das emissoras. Com elencos envolvidos em outras produções, é mais raro conseguir nomes para protagonizar estes especiais. Quando muito, se fazem edições temáticas de programas que já existem.
Estas duas razões podem ajudar a responder porque os especiais inéditos de fim de ano têm feito falta em nossa TV. Com raras exceções, a programação natalina se resume a especiais já conhecidos na grade das emissoras, dando uma sensação de mesmice. Seria bom se as TVs pensassem com um pouco mais de carinho nessa questão, uma vez que há um público fiel que gosta de ver novidades neste período.
Além disso, quero aproveitar e desejar um Feliz Natal para todos os amigos e leitores do TV História, agradecendo pela audiência durante este ano que está se acabando. Um Feliz Natal para todos vocês, amigos!