Escrevo este relato por volta das 22h40 desta segunda-feira (10). Os acontecimentos das últimas horas estão quentes na cabeça de vocês, público, e, principalmente, neste que vos fala, que cobre Big Brother Brasil desde 2013 e jamais viu uma edição tão pesada, difícil, triste.

Os acontecimentos das últimas horas não são de um programa de televisão e sim de um caráter sociológico que prova, de uma vez por todas, que o BBB não é um programa fútil ou que não agrega nada a vida das pessoas.

Com o pior dos pesares, os últimos três dias do reality show mais visto do Brasil expuseram o que acontece em muitos lares. A diferença maior é que isso sai através das câmeras para um canhão enorme, que é a Rede Globo de Televisão.

Falei mais cedo aqui neste espaço no TV História que as imagens mostradas pela Globo na noite de domingo foram de um nojo estarrecedor.

Notoriamente, Marcos agrediu Emilly. Não só fisicamente, mas psicologicamente. Da forma mais baixa que um homem pode agredir uma mulher.

Também comentei que a direção do programa, extremamente banana e covarde, não interveio na hora que deveria intervir, que era a noite do domingo. Não precisava a Emilly fazer a denúncia, porque ela notoriamente não tinha o menor equilíbrio para isso. Estava coagida por um homem abusivo.

O que aconteceu nesta noite de segunda, ao bem da verdade, é o que fez a grande maioria dos telespectadores respirar fundo. Onde moro, na região central de São Paulo, ouvi gritos de “aleluia!” e “até que enfim!”. Mas eu não consegui ter qualquer reação ao ver Emilly chorar.

Não retiro o que falei mais cedo sobre a direção do programa. Composta por 12 diretores, precisou uma delegada de Polícia ir até à Globo para que fosse mostrado o óbvio, o que todos nós vimos através do olho do Grande Irmão. Isso é de se lamentar de todas as formas.

No entanto, é preciso elogiar sim algumas atitudes. A primeira é de Tiago Leifert. Tranquilizador, sensato e calmo, como um grande apresentador deveria ser nesta hora. Foi irretocável. A segunda foi de Ieda e Vivian. Entendo o momento, sabendo que, mesmo com diferenças, havia uma pessoa precisando de ajuda naquele momento.

Eu realmente não sei qual vai ser o legado desta edição do Big Brother Brasil. O programa dessa noite foi, sem sombra de dúvidas, o mais forte de um reality show no Brasil em TV aberta. Psicologicamente, foi duro, angustiante, difícil. Não sei como consigo escrever essas palavras sem olhar para o lado humano, tendo ser imparcial.

Simplesmente não dá para pensar que o que ocorreu com Emilly ocorre sempre em muitos lares, mas sem o canhão que é a Rede Globo. O lado bom, se é que se pode tirar algo bom nisso, é que finalmente algo está ocorrendo: nunca uma mulher é vítima.

Espero que Marcos assuma o erro. Que Emilly se refaça. E que essa edição acabe logo, porque tem sido difícil emocionalmente aguentar, ainda mais depois da noite desta segunda, que ficará na história da televisão brasileira.


Compartilhar.