A decadência da televisão aberta no Rio Grande do Sul
06/07/2017 às 9h00
A televisão aberta é a principal forma de entretenimento do brasileiro, tendo alcance em praticamente todo território nacional. Não é diferente no Rio Grande do Sul, onde os principais canais de televisão têm muita credibilidade e servem como fonte principal de informação.
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No entanto, algo que me incomoda muito é a decadência pela qual os canais abertos gaúchos vêm passando nos últimos anos. Programas sendo extintos, profissionais experientes e competentes sendo dispensados, canais saindo do ar de um dia para o outro – um resumo do momento pelo qual o ramo televisivo gaúcho está passando.
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Um ótimo exemplo disso tudo é a TV Pampa, canal que por muitos anos chegou a ser vice-líder de audiência em Porto Alegre quando afiliado à Rede Record. Em 2007, quando a emissora migrou para a RedeTV!, a Pampa absorveu uma grande quantidade de programas e profissionais da extinta TV Guaíba, que havia sido vendida ao Grupo Record, prometendo ser a emissora com a maior programação local do Estado, com a disponibilidade de um grande espaço para seus programas, que tinham temáticas variadas: esportes, política local, variedades, desenhos infantis e fofocas sobre famosos.
A realidade da emissora é totalmente diferente no ano de 2017. São 14h30 de espaço arrendado para atrações como Igreja Universal do Reino de Deus e Igreja Internacional da Graça de Deus, algumas vezes “atropelando” a grade da sua cabeça de rede e deixando de exibir programas como Melhor Pra Você e A Tarde É Sua – que já chegou a ser a maior audiência da emissora -, tudo isso para arrecadar dinheiro de uma maneira fácil para pagar as suas dívidas.
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Uma programação interessante recheada de atrações que chamem a atenção dos telespectadores com assuntos de interesse público não seria uma alternativa muito mais lucrativa?
Outro bom exemplo da triste realidade das emissoras locais é a grade de programação da RBS TV, afiliada à Rede Globo. Até 2014, por exemplo, a programação dos finais de semana era recheada de programas como Vida e Saúde, RBS Esporte, Patrola, Curtas Gaúchos e Teledomingo, que eram tradicionais, muito assistidos e faziam um papel muito importante para a sociedade gaúcha.
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Atualmente, as únicas produções locais da emissora são as dos telejornais aos sábados e dos programas Campo & Lavoura e Galpão Crioulo, um número muito reduzido em comparação com o que existia anteriormente.
Emissoras que concentram uma grande quantidade de programas locais de qualidade no Estado atualmente são muito poucas, como a TVE (emissora estatal), a TV Urbana e a Band RS. De certa forma, isso é compreensível, devido à crise econômica que o nosso país passa, mas quem busca inovar e fazer a diferença no mercado não deve ter medo desse momento do Brasil.
Atitudes como essas nos fazem perder a esperança de que a televisão aberta consiga se manter por mais algum tempo e incentivam nós, telespectadores, a migrarmos para outras formas de se entreter ou de se informar, como a televisão por assinatura ou até a internet. Especialmente aqui no Rio Grande do Sul, onde em comparação com emissoras de TV aberta de outros estados, observa-se essa triste disparidade. Esperamos que essa realidade mude logo.
JUAN ROMERO é estudante de jornalismo. Gosta de esportes, política, bicicletas e de falar sobre o mundo televisivo, especialmente o local. Contatos podem ser feitos pelo Twitter, pelo Facebook ou pelo e-mail [email protected]. Ocupa este espaço às quintas