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Em agosto, o Fantástico chega aos 50 anos com muito o que comemorar. Afinal, alcançar esta marca com uma consolidada liderança e bons serviços prestados é um feito e tanto. No entanto, apesar de celebrada, a efeméride também expõe algumas falhas do “show da vida”.
Maju Coutinho e Poliana Abritta no comando do Fantástico (Reprodução / Globo)Não é de hoje que o público reclama da previsibilidade do Fantástico. O dominical, que já ditou moda e fez barulho com suas atrações, atualmente parece seguir uma cartilha preguiçosa, sem surpresas. Sem concorrentes ameaçando sua liderança, o programa está acomodado.
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Novos tempos
Um dos maiores problemas do Fantástico é que ele rivaliza com sua própria história. Afinal, nos anos 1970, a atração era um acontecimento. Misturando jornalismo, entretenimento, música e dramaturgia, o dominical não se parecia com nada do que era feito na TV até então.
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Mas, 50 anos depois, muita coisa aconteceu. O Fantástico perdeu o ar de grande show para se tornar uma revista eletrônica essencialmente jornalística. O entretenimento ainda tem vez, mas são os fatos da semana que ditam os assuntos tratados na atração.
Com isso, o frescor se perdeu. Ao promover um grande “resumão” da semana, o Fantástico ficou refém do factual e perdeu a capacidade de surpreender. Assim, muitas vezes, ele acaba perdendo o brilho diante de programas concorrentes.
Erros e acertos
Na tentativa de buscar alguma relevância, o Fantástico muitas vezes se perdeu ao ingressar num segmento que parecia distante de sua proposta. Houve um tempo, por exemplo, que a revista da Globo repercutia fatos envolvendo fofocas de famosos e entrevistas com celebridades.
Isso ainda existe, mas em menor proporção. No programa do dia 25 de junho, por exemplo, a atração repercutiu todo imbróglio envolvendo a briga pela herança do apresentador Gugu Liberato e mostrou uma entrevista com as filhas do artista, as gêmeas Marina e Sofia. Foi algo mais sóbrio, sem descambar para a espetacularização.
Já no programa do dia 2 de julho, o Fantástico foi bem ao apostar em reportagens de denúncias ou matérias mais emotivas, como a experiência da repórter Flávia Cintra com o exoesqueleto. Paraplégica há 30 anos, a jornalista testou uma tecnologia que a permitiu andar. Foi interessante e emocionou, na medida certa.
Desafios
Assim, o Fantástico chega aos 50 anos com um baita desafio pela frente. A revista da Globo precisa recuperar sua relevância na televisão brasileira, reverenciando sua história e olhando para o futuro.
Porém, isso deve ser feito de maneira responsável, ou o tiro pode sair pela culatra. Basta lembrar da última grande tentativa de reformulação, que aconteceu em 2014, quando foi lançado o “novo Fantástico”. Emojis saltando na tela, um clima de reality show mostrando a reunião de pauta do programa e até um robô-repórter foram as apostas, que se mostraram cosméticas e ruins. Tanto que o novo formato teve vida curtíssima.
Grandes reportagens investigativas e de ciências, quadros de humor e variedades fazem falta. É preciso driblar a burocracia da agenda e ir além do que se espera. Recuperar a capacidade de surpreender é fundamental.