Destaque de Alma Gêmea ganhou papel após enfrentar série de problemas
02/02/2022 às 12h18
Em meados dos anos 2000, a atriz Flávia Alessandra passava por uma fase de grande maturação na sua vida pessoal. Por isso, quando terminou O Beijo do Vampiro (2002), ela decidiu dar um tempo da televisão para reorganizar-se. Na época, ela estava se separando do diretor Marcos Paulo e a filha do casal, Giulia, estava com cinco anos.
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“Tive uma série de problemas, como gastrite, um nódulo na garganta. Não podia entrar logo em outra novela. Eu estava me redescobrindo e precisava ficar mais tempo com a minha filha”, explicou em entrevista ao jornal O Globo de 11 de setembro de 2005.
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Foram dois anos em que Flávia e sua filha viajaram e esporadicamente a atriz gravou apenas participações em programas, como Carga Pesada e Sítio do Picapau Amarelo.
Quando se sentiu finalmente tranquila e disposta, a atriz foi bater na porta da Globo para dizer que estava pronta para retornar ao trabalho.
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Foi assim que ela integrou o elenco de Alma Gêmea. Na trama de Walcyr Carrasco, Flávia interpretou Cristina, a grande vilã da história.
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Ambiciosa, quer ficar rica e casar-se com Rafael (Eduardo Moscovis) a todo custo. Nunca se conformou com a riqueza de sua prima Luna (Liliana Castro). Após sua morte, apossa-se da casa com a desculpa de ajudar Rafael a criar o filho, Felipe (Sidney Sampaio). Sua atração pelo viúvo beira a loucura.
A situação se complica com a chegada de Serena (Priscila Fantin), jovem indígena que sai de sua tribo e vai trabalhar na casa de Rafael, por quem acaba se apaixonando. Mais tarde, ela descobre que é a reencarnação de Luna.
Fascínio
Flávia justificou o fascínio que sua personagem exercia perante o público:
“Fazer uma vilã é uma montanha russa de emoções. Ninguém é cem por cento bom ou mau. Cristina tem nuances: é dissimulada, romântica, debochada, carente… externa todos os seus sentimentos”, explicou.
O sucesso da personagem foi tamanho que Cristina foi diretamente responsável pelo picos de audiência do folhetim durante sua exibição.
A primeira ocorreu durante uma briga em que Serena esbofeteia a malvada. Este capítulo alcançou 40 pontos no Ibope.
Em outro momento da trama, quando Cristina foi empurrada por Mirna (Flávia Souza) no chiqueiro, a trama registrou o seu recorde: 48 pontos e 70% de share.
Parceria com Ana Lúcia Torre
Em depoimento ao projeto Memória Globo, a atriz falou do sucesso de Cristina e da novela:
“A grande sacada da Cristina é que ela tinha aquela cara angelical, ela tinha um rosto angelical, tudo suavezinho, aquele cabelo para trás. A Cristina era um demônio por dentro. Toda semana eu tinha sequências que qualquer atriz sonha. Então você vai destruir o ateliê e dar tapa na cara do filho… Essa semana você vai tacar fogo no piano e vai se jogar não sei aonde… Eu só ficava esperando o que vinha”, enfatizou.
A parceria de Flávia Alessandra com a atriz Ana Lucia Torre, que viveu sua mãe Débora e foi cúmplice nas inúmeras maldades que fizeram juntas, rendeu grandes momentos na novela e se tornaram memes na internet.
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Final de Cristina
As sequências em que Débora morre envenenada depois de tomar um refresco e a que Cristina está em chamas dentro de um espelho gritando “que hino”, por exemplo, se popularizaram e são usadas até hoje nas redes sociais.
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Walcyr Carrasco, também em depoimento ao Memória Globo, comentou que seu irmão lhe advertiu caso o fim da personagem Cristina não fosse trágico:
“Chegou num ponto em que meu irmão me mandou um e-mail dizendo: Walcyr se você não der um jeito na Cristina, tudo que você conseguiu, você vai perder! Por que as pessoas sobem e as pessoas descem. Aí como você entende isso? A vilã está funcionando. Está funcionando num tal ponto que está catalisando as pessoas num tal ponto que elas estão enlouquecendo de ódio.
Até hoje tem gente que diz que não gostou do final da Cristina. Ela deveria ter apanhado, sofrido, passado um trem por cima. Mas escuta, a Cristina acabou assim: ela olhou no espelho, o diabo saiu do espelho, puxou a Cristina para dentro, ela pegou fogo e foi pro inferno direto”, concluiu o autor.