Após quebrar a cara, Regina Duarte foi salva pela Globo: “Estava angustiada”
23/04/2023 às 16h59
Em 1984, Regina Duarte deixou a Globo e tentou fazer uma espécie de nova versão de Malu Mulher de forma independente. Em Joana, ela vivia uma jornalista que tentava conciliar a família com o trabalho, envolvendo-se em questões sociais, políticas e criminais.
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Produzida pela Art Vídeo, de Guga de Oliveira, irmão de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então todo-poderoso da Globo, a série foi exibida inicialmente pela Manchete.
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No entanto, após quatro episódios, aconteceu um divórcio amigável entre as duas partes, pelo menos como foi noticiado pela mídia na época.
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“Depois de um atribulado percurso de apenas um mês no ar, padecendo de audiências modestas e sem conquistar anunciantes fieis, o seriado Joana deixou, para sempre, a programação da Manchete”, informou o Jornal do Brasil de 10 de outubro de 1984.
Ibope devastado
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No lugar da produção nacional, foi colocada a série norte-americana Trapper John (foto acima), que recebeu a incumbência de recuperar os índices de audiência da faixa, “devastados pela série no Rio”, de acordo com a reportagem – Joana teve média inferior a quatro pontos, o que foi considerado um “completo fiasco”.
“Não foi uma decisão fácil nem alegre. Gostaríamos de continuar. Os custos estavam muito altos e a receita baixa. O empreendimento não teve sucesso. Achamos que não tínhamos condições de garantir essa receita e o melhor foi decidir pelo divórcio amigável antes que os prejuízos se avolumassem”, explicou ao JB o diretor de programação da Manchete, Moyses Weltman.
Dedo da Globo
A dificuldade na venda das cotas de patrocínio chegou a despertar boatos de que a Globo teria posto um dedo na história.
“Dizem que, para ela, não interessaria o casamento ficção – produtora independente – TV Manchete. Ainda mais com sua ex-atriz Regina Duarte no papel principal. Por isso, teria desaconselhado alguns anunciantes a apoiar o seriado”, acusou o JB.
“É, no entanto, uma hipótese desmentida por todos os implicados no episódio. A TV Manchete diz que jamais identificou sinais de boicote a seus anunciantes. A Artvídeo, por sua vez, alega que, se houve algum boicote, sua direção não chegou a confirmar. E os anunciantes dizem que desistiram de acompanhar a trajetória de Joana por “problemas técnicos”. O que, traduzido, significa: baixo retorno para os gastos”, completou.
A Intervídeo afastou qualquer hipótese do gênero.
“Nossos programas estão sempre com as cotas preenchidas e alguns anunciantes esperam na fila. A TV Globo, ao contrário, tem nos ajudado com material de arquivo como no caso da Conexão de Niki Lauda”, contou Walter Salles Júnior, um dos donos da produtora.
Única vez em que Regina Duarte foi vista fora da Globo desde que entrou na emissora em 1969, Joana acabou indo parar no SBT, que deixou o produto no ar até junho de 1985, novamente sem grande repercussão.
Imediatamente, a atriz acabou voltando para a Globo, onde fez um dos maiores papeis de sua carreira: a Viúva Porcina de Roque Santeiro. Segundo a atriz, a personagem a salvou da depressão.