Esquecido, pai do Globo Repórter revolucionava jornalismo há 51 anos
14/01/2022 às 0h25
No ar desde 1973, o Globo Repórter revolucionou o modo de levar uma reportagem aos telespectadores, inovando na linguagem e indo a fundo em assuntos de atualidade, curiosidades da natureza e momentos decisivos do Brasil e do mundo.
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Mas, antes desse programa existir, outro jornalístico fez história e foi usado como base para a atração que embala as noites de sexta.
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Trata-se de Globo Shell Especial, que ficou no ar entre 7 de janeiro de 1971 e 27 de março de 1973, com exibição nas noites de quinta. Ousada, a produção trazia a linguagem do cinema para a televisão.
No início, chamado apenas de Globo Especial, apresentava reportagens dos programas Wolpers Specials e Public Affairs, veiculados pela emissora norte-americana CBS.
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Os filmes eram simples, informativos e dublados para o português. No entanto, a edição, que era moderna para época, impressionava os telespectadores. Naquela ocasião, o trabalho para editar uma reportagem no Brasil era arcaico.
Patrocínio da Shell
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Posteriormente, a Globo resolveu fazer seu próprio material e chamou a multinacional petrolífera Shell para o patrocínio da atração.
Dirigido por Paulo Gil Soares, as reportagens mostravam a realidade do cotidiano brasileiro. A atração fugia do convencional, trazendo o documentário, até então visto apenas no cinema, para dentro de casa.
Com equipamentos melhores, a edição já era feita em moviolas (sistema de montagem profissional) e totalmente sonorizadas na Cinemateca do Museu de Arte Moderna, em São Paulo.
O áudio era captado por um gravador e o som não era acoplado junto com a câmera. Mas os sonoplastas faziam milagres e sincronizavam tudo no braço.
Participação de cineastas
Nomes importantes do nosso cinema trabalharam no Globo Shell Especial: Eduardo Coutinho, Domingos de Oliveira (foto acima), Jean Claude Bernadet, Maurice Capovilla, entre outros, mostraram, a partir de sua visão, temas do cotidiano, como saúde, habitação, educação, e até os mais sofisticados, como arquitetura, arte, música erudita, etc.
Cada diretor era designado para tratar de um tema, mostrando a diversidade do programa com visões diferentes em vários assuntos.
O programa também viajou o mundo. Um documentário marcante foi sobre “O negro na cultura brasileira”, que teve cenas gravadas em Daomé, Nigéria e Costa de Marfim.
Todo esse trabalho foi a base de criação do Globo Repórter, que começou a ser apresentado em abril de 1973.
No entanto, diferentemente do Globo Shell Especial, o novo jornalístico tinha um apresentador fixo, Sérgio Chapelin, que apresentava entre três e quatro reportagens em um único programa.
Em pleno regime militar, o documentário levou à casa dos telespectadores coragem e ousadia, por meio de um programa revolucionário, mostrando que, sim, é possível fazer produtos de qualidade na televisão brasileira.