Nos 90 anos de Laura Cardoso, 9 personagens inesquecíveis da atriz
13/09/2017 às 14h00
Laurinda de Jesus Cardoso Balleroni. Ou simplesmente Laura Cardoso. Nascida em 13 de setembro de 1927, uma das maiores atrizes do nosso país chega aos 90 anos, vertendo talento. Tudo o que dona Laura Cardoso faz é digno de nota, mas como nós do TV História não tivemos a oportunidade de acompanhar seus primeiros trabalhos – em emissoras como Cultura, Excelsior e Tupi – listamos aqui 9 desempenhos inesquecíveis da atriz, da década de 80 para cá, revisitando também outras produções. Tem seu preferido? Conte nos comentários.
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Laura estreou na Globo em 1981. Alda, sua personagem em Brilhante, de Gilberto Braga, era mãe da protagonista Luiza (Vera Fischer). Foi seu único trabalho com outro autor, na casa e em novelas, nesta década. Walther Negrão, que já havia tido o prazer de tê-la em seu elenco em outras emissoras, revelou em entrevista ao Donos da História, do VIVA, que batalhava por sua escalação, apelando até para as relações afetivas da atriz – que viveu uma portuguesa, como sua mãe, em Livre Para Voar (1984). O destaque, contudo, vai para Marta, de Fera Radical (1988), que pode ser vista no VIVA, 14h30 e 1h15.
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No geral, a carreira da Laura é pautada por tipos simpáticos. Como dona Lila, vizinha de Lucas Silva e Silva (Luciano Amaral), “crush” de Orlando (Gianfrancesco Guarnieri), avô do garotinho que vivia no Mundo da Lua (1991), produção da Cultura em parceria com instituições de ensino e com a Globo. No mesmo ano, aliás, a atriz regressou ao horário das 18h, desta vez com Manoel Carlos em Felicidade. Aqui, também envolvida com crianças: o neto Alvinho (Eduardo Caldas), do casamento de Álvaro com Débora (Vivianne Pasmanter), e a neta Bia (Tatyane Fontinhas Goulart), da relação de seu filho com Helena (Maitê Proença).
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Em 1993, coube a Isaura servir de esteio aos intentos criminosos de Raquel (Glória Pires), a gêmea má de Mulheres de Areia. Não que ela não ligasse para a filha boa, Ruth (também Glória); é que Raquel era a personificação das ambições que Isaura nutria, frustradas pela rotina de mulher de pescador. A bem-sucedida parceria com Ivani Ribeiro prosseguiu com A Viagem (1994). Dona Guiomar – nome que já havia carregado em Os Inocentes, também de Ivani – foi a pedra no sapato do genro Raul (Miguel Falabella) enquanto era obsidiada pelo espírito do mal Alexandre (Guilherme Fontes), que desejava vingar-se do irmão que delatou seus crimes em vida.
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O Falabella com quem Laura contracenou em A Viagem se aventurou, com sucesso, nos roteiros de uma novela, em 1996. E confiou a ela uma das melhores personagens deste seu primeiro trabalho, Salsa e Merengue (em parceria com Maria Carmem Barbosa): Ruth, a tia golpista de Adriana (Cristiana Oliveira), que, assim como a irmã Gilda (Ariclê Perez), empurrava a modelo arrivista para cima do velhote Guilherme Amarante Paes (Walmor Chagas). A morte deste não pôs fim ao planos maquiavélicos do trio, que se meteu numa caça a pedras preciosas, mobilizando também os primos portugueses de Guilherme e o sócio deste, Heitor (Victor Fasano).
No final da década de 90, Laura praticamente figurou em duas produções esquecidas do horário das 19h, Meu Bem Querer (1998) e Vila Madalena (1999) – de um Negrão que depois a presentearia com a deficiente visual Francisquinha, de Como Uma Onda (2004). Eis que em meados de 2000 ela deixa a Globo para revisitar a Record, por onde passou lá nos primórdios. Em Vidas Cruzadas foi Natália, capaz de abdicar da vida de luxo proporcionada pelo marido Teodoro (Sérgio Britto) em apoio às filhas Rafaela (Valéria Alencar) e Beatriz (Ângela Leal) – que o pai, por dinheiro, privou do convívio com sua menina, Luísa (Patrícia de Sabrit), trocada na maternidade por um varão, Aquiles (Alexandre Barillari). Aqui também, o reencontro com Gianfrancesco Guarnieri, o “lobo do mar” Quaresma.
O retorno da atriz aos folhetins da Globo se deu em A Padroeira (2001), como Silvana, protetora da imagem de Nossa Senhora encontrada no rio Paraíba do Sul, na trama em reprise na TV Aparecida (19h00 e 22h30). Pouco depois, os caminhos de Laura e do autor Walcyr Carrasco se cruzariam de novo: foi ele quem assumiu Esperança (2002), onde ela vivia a lavadeira Madalena, após o afastamento do titular Benedito Ruy Barbosa. Em 2003, novo encontro: a sitiante Carmem e sua hilária família – o filho Margarido (Osmar Prado), os netos Timóteo (Marcello Novaes) e Márcia (Drica Moraes) e a agregada Dália (Carla Daniel) – foram pontos altos de Chocolate com Pimenta, sucesso das 18h.
Voltando um pouquinho no tempo, lá em 1995, encontramos Laura em dois momentos: como Sinhana, a mãe dos Irmãos Coragem, e como Soraya, espécie de chefe dos ciganos de Explode Coração – que serviu de porta-voz no roteiro de Glória Perez para o Cigano Igor, frente ao despreparo do ator encarregado deste personagem, Ricardo Macchi. Anos depois, a atriz aceita um novo convite da novelista. Em Caminho das Índias (2009), também foi líder de um núcleo: o dos indianos. Recriminava a tudo e a todos, em nome das tradições, mais escondia que, no passado, teve um filho com um brâmane, Shankar (Lima Duarte).
E Laura Cardoso virou meme! Demorou para que Gabriela (2012), segunda versão da obra de Jorge Amado (adaptada por Walcyr Carrasco), encontrasse seu tom. Mas Laura, desde o início, se destacou como a beata Dorotéia, que colocou seu “Jesus, Maria, José” e o “Quenga!” no olimpo das redes sociais em que figuram a Nazaré Confusa (Renata Sorrah), de Senhora do Destino (2004), e o “Eu sou rica”, da Norma (Carolina Ferraz) de Beleza Pura (2008). No final, a decepção com o filho invertido, Coronel Amâncio (Genézio de Barros), e a recriminação das carolas, faz o pilar moral de Ilhéus confessar: sentia falta da vida de quenga!
O último trabalho de Laura Cardoso, Sol Nascente (2016), mais uma parceria com Walther Negrão, foi marcado por constantes afastamentos, em razão de recorrentes infecções de urina. Quando recuperada, a atriz retornou aos estúdios sob os aplausos dos colegas de cena e de técnica. Os autores – além de Negrão, Júlio Fischer e Suzana Pires – preparam uma grande festa para a ardilosa Dona Sinhá, que encerrou a sequência com uma piscadela para a câmera. Grande nome da produção das 18h, Laura descansou por um curto período e já voltou à ativa: estará em O Outro Lado do Paraíso, às 21h, como a prostituta Caetana, ao lado de Lima Duarte e Fernanda Montenegro.