Os bastidores de Malhação 2006; temporada que quase virou filme estreia no VIVA

25/09/2017 às 9h00

Por: Duh Secco
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– O VIVA exibe a partir desta segunda-feira (25), às 13h00 – com reapresentação às 8h45 e 12h30 do dia seguinte – a temporada 2006 de Malhação. Ricardo Waddington responde pela direção de núcleo e Izabel de Oliveira e Paula Amaral assinam o texto final; as duas autoras, aliás, estão escaladas para a faixa das 19h, onde deverão apresentar, no segundo semestre de 2018, Verão 90 Graus.

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– O grande tema desta fase da novela veio de uma notícia de jornal. Na matéria, dados sobre “famílias modernas”, um novo comportamento social no qual filhos de pais separados buscam reconfigurar suas situações, apostando numa convivência harmoniosa com padrastos, madrastas e irmãos de uniões diferentes. O herói Cauã (Bernardo Mello Barreto) decidia viver com o padrasto Daniel (Marcello Novaes) após a morte da mãe; já a heroína Manuela (Luiza Valdetaro) morava com a segunda esposa de seu pai, Raquel (Cláudia Ohana).

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– A trama debateu também o consumismo: a filha de Raquel, Roberta (Camila dos Anjos), adquiria peças e mais peças na tentativa de se aproximar do estilo das riquinhas do Múltipla Escolha. Já Vitória (Francisca Queiróz) trazia à tona as dificuldades enfrentadas por deficientes físicos, das barreiras de acessibilidade ao preconceito de empregadores. O combate à dengue também marcou presença.

– Spoiler: nos últimos meses, Eduardo (Gabriel Wainer) descobre estar com leucemia. A doença redimia o vilão, que, a princípio, se negava a contar o que estava acontecendo ao meio-irmão, Cauã. As autoras aproveitaram esta atitude do personagem para introduzir um outro tema: sem saber direito o que tinha, mas tentando parecer forte, Eduardo se automedicava, “mascarando” os sintomas da leucemia.

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– Gabriel Wainer emagreceu cerca de nove quilos para a fase adoentada de Eduardo.

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– Como sempre, Malhação inseriu uma modalidade esportiva em seu enredo; no caso, o skate. A indústria nacional, naquele ano, estava em segundo lugar na lista de maiores fabricantes de artigos do esporte em todo o mundo, com um faturamento na ordem de R$ 240 milhões. Nomes como Sandro Dias e Bob Burnquist, no topo do ranking das competições, estimulavam a prática do skate entre os jovens, impulsionando ainda mais as vendas.

– Nas gravações, as manobras radicais de Manu, Cauã e Eduardo ficavam por conta de dublês. O consultor de skate André Viana prestou assistência para parte do elenco durante quase um mês, ensinando noções básicas de como segurar, carregar, subir e descer da prancha.

– André Viana também auxiliou a cenografia e a produção de arte na construção de uma pista de skate, de cerca de 500 metros quadrados (25x35cm) de comprimento. Foram três meses de planejamento e 15 dias de montagem – de uma estrutura metálica, forrada com compensado (aglomerado de madeira) e recapeada com MDF (madeira de média densidade), revestida por desenhos em grafite. O local surgiu em cena como uma piscina abandonada, onde Cauã havia exterminado um criadouro do mosquito Aedes Aegypti.

– Responsável pela cenografia da novela praticamente desde o início da fase Múltipla Escolha, Tadeu Catharino criou ambientes díspares para os principais personagens. Enquanto o apartamento de Raquel e Manu trazia um clima aconchegante, com artesanatos e uma aura que remetia à cidade mineira de Tiradentes, o espaço de Daniel e Cauã era mais sóbrio, como convinha a um ambiente totalmente masculino, dominado por cortes como o azul e o cinza. Ainda, a mansão de Eduardo, com decoração clean e cômodos de “ostentação”, como um jardim de inverno.

– O figurino, a cargo de Marcelo Cavalcante, buscou referência na cantora pop Avril Lavigne. As peças da vilã Priscila (Monique Alfradique) mantinham uma associação constante com o rosa, contando até com uma bolsa pink em formato de poodle. Consumista, Roberta adquiria tudo o que via e não conseguia criar um estilo próprio. Já Eduardo contrastava com Cauã: o primeiro vestia roupas de marca e usava acessórios como o então moderníssimo iPods; o segundo, bem básico, não abria mão do capuz, comum aos skatistas.

– Até a tartaruga Madonna, que agitava a república de Vinícius (André di Biase), ganhou figurino: curiosos acessórios sadomasoquistas.

– Roupas, sapatos, meias e artigos como agendas, cadernos e até chicletes com a marca Malhação chegaram ao mercado naquele ano. A Globo se aproveitava do êxito comercial de produtos ligados a adolescentes, como os lançados pelo SBT e Band, respectivamente, das novelinhas Rebelde e Floribella.

– Daniel Boaventura se dividiu, durante determinado período, entre o pacato diretor Adriano e o descolado Mariano. Para o primeiro, usava óculos; para o segundo, adotou uma tatuagem de henna.

– 70% do elenco foi renovado para a temporada 2006. Da fase anterior foram mantidos, entre outros, Urubu (Marco Antônio Gimenez), Jaqueline (Joana Balaguer), João (Java Mayan), Kiko (Alexandre Slavieiro), Amanda (Thiara Palmieri), Download (Wagner Santisteban), Rafa (Ícaro Silva), Bel (Laila Zaid), Marcão (José Loreto) e a clássica Dona Vilma (Bia Montez).

– Outro veterano, Charles Paraventi (o professor Afrânio) se ausentou da trama quando, em abril, foi preso e autuado por corrupção ativa. Charles tentou subornar soldados do 23º BPM (Leblon), oferecendo R$ 20 mil, além do carro em que estava, uma Parati, ao ser flagrado numa via de acesso à Favela da Rocinha com duas “trouxinhas” de maconha; sua empresária, Yara Pegorel Batista, portava quatro papelotes de cocaína – e foi autuada por tráfico de drogas ao afirmar que havia adquirido a droga para o ator. A situação se repetiu em dezembro: portando um cigarro de maconha, Paraventi foi autuado como usuário de drogas.

– Além do elenco repaginado, Malhação ganhou uma nova abertura com a estreia da grade 2006 da Globo, em 3 de abril. Saiu a clássica ‘Te Levar’ e entrou ‘Lutar Pelo Que É Meu’; ambas do grupo Charlie Brown Jr.

– Outra banda sempre presente nas trilhas da novela, o Detonautas gravou uma participação na trama durante a comemoração da primeira rodada de um campeonato de skate, no GigaByte.

– Mais uma novidade: o site, totalmente reformulado em agosto de 2006, passando a contar com blogs dos atores e vídeos exclusivos dos bastidores das gravações, publicado diariamente. Ainda, um hotsite sobre o skate, com o perfil de esportistas e dicionário de gírias.

– Em 2006, surgiu o projeto de transformar Malhação em filme. As filmagens de Malhação 24 Horas chegaram a ser agendadas para outubro. Mas nunca ocorreram… Ricardo Waddington pretendia aprofundar no cinema temas tratados superficialmente na televisão, a partir de um dia de férias de um grupo de jovens – não necessariamente os que compunham o elenco da novela – em Fernando de Noronha.


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