Há 27 anos, a Globo resgatava Rainha da Sucata (1990) no Vale a Pena Ver de Novo. A bem-sucedida trama de Silvio de Abreu foi uma das recordistas em audiência às 20 horas na década de 1990 – embora tenha tido sua repercussão abafada por Pantanal, da Manchete.

Na reprise, a novela não decepcionou: média final de 26,6 pontos na Grande São Paulo, atrás apenas de Vale Tudo (1988, reapresentada em 1992), Tieta (1989, reexibida em 1994) e Mulheres de Areia (1993, reprisada em 1996).

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Um fato curioso é que Rainha da Sucata reestreou no mesmo 28 de fevereiro de 1994 em que o governo federal lançava o Plano Real, fundamental para a estabilização da economia no Brasil. Uma coincidência e tanto, já que a veiculação original se deu em meio ao lançamento do desastroso Plano Collor, obra de Fernando Collor de Mello, que confiscou a poupança de muitos brasileiros, fazendo o dinheiro desaparecer. Um problema e tanto para Silvio de Abreu, já que os personagens do folhetim viviam justamente em função da grana, que mudava de mãos.

Silvio foi obrigado a reescrever os primeiros capítulos, para poder manter em cena as transações financeiras de Maria do Carmo (Regina Duarte), filha do sucateiro Onofre (Lima Duarte), cujo ofício serve de mola propulsora para o império construído pela protagonista, “encabeçado” por uma concessionária de veículos e uma casa de shows. A Globo acabou acusada de promover o controverso plano econômico – e de ter sido informada do mesmo antes da implantação e ocultado do público o confisco da poupança.

Rainha da Sucata também precisou superar um “erro de cálculo” do autor. Habituado à comédia do horário das 19h, Silvio buscou dosar humor e drama em sua estreia às 20h. Não deu lá muito certo…

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Logo, o tarimbado novelista corrigiu o tom, apostando forte na “tragédia” de Maria do Carmo – que “compra” seu amor de juventude, Edu (Tony Ramos), enfrentando a hostilidade de Laurinha Figueroa (Glória Menezes), madrasta apaixonada pelo enteado.

A graça ficou por conta do triângulo Adriana (Cláudia Raia) – Caio (Antônio Fagundes) – Nicinha (Marisa Orth). E também com Dona Armênia (Aracy Balabanian), que pretendia colocar “a predinha de Maria da Carmo na chón”!

A reprise de Rainha da Sucata foi bastante longa em comparação com as últimas quatro tramas exibidas no horário, entre novembro de 1992 e fevereiro de 1994: Bebê a Bordo (1988; 209 capítulos reduzidos para 90), Sinhá Moça (1986; de 168 para 80), Barriga de Aluguel (1990, de 243 para 90) e Direito de Amar (1987, de 172 para 80). Os 145 capítulos de ‘Sucata’ (no original, 179) marcaram o início de uma série de novelas das 20h exibidas em sequência: Tieta, Pedra Sobre Pedra (1992) e Renascer (1993), entre setembro de 1994 e março de 1996. Até então, apenas três produções do horário “mais forte” haviam sido escaladas para a faixa vespertina: Água Viva (1980), em 1984; Roda de Fogo (1986), em 1990; e Vale Tudo.

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Última trama do ‘Vale a Pena’ a ser exibida na sequência do Jornal Hoje, antes da implantação do Vídeo Show diário, em abril – e com exceção de Felicidade (1991, reprisada em 1998) – Rainha da Sucata serviu também de “sala de espera” para os jogos da Copa do Mundo nos Estados Unidos.

A Globo encaixou o folhetim em horários diversos – de 15h30 às 17h ou de 16h às 17h, por exemplo -, mas não o deixou de exibí-lo um único dia. Sinal de prestígio. E de sucesso… A reapresentação chegou ao fim em 16 de setembro de 1994.

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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.