Escolha equivocada de foco prejudica estreia de Pega Pega

06/06/2017 às 22h30

Por: Thallys Bruno
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O horário das 19h tem se destacado, nos últimos anos, pela presença de autores novatos, como Rosane Svartman/Paulo Halm (Totalmente Demais), Daniel Ortiz (Alto Astral e Haja Coração) e Maria Helena Nascimento (da recém-encerrada Rock Story).

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Agora, é a vez de Cláudia Souto, roteirista que foi colaboradora do veterano Walcyr Carrasco e faz sua estreia nesta terça-feira (6) com a nova novela da faixa: Pega Pega. Com direção de Luiz Henrique Rios, a história da autora pretende abordar os conflitos éticos que norteiam pessoas normais através de uma comédia romântica-policial.

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A ação principal envolve o Carioca Palace, um prestigiado hotel de alto luxo que já viveu dias melhores e pertence a Pedrinho Guimarães (Marcos Caruso), um bon-vivant falido. Ele vende o empreendimento ao jovem empresário Eric Ribeiro (Mateus Solano), que tem outros planos para o local. Viúvo, o ricaço é pai de uma adolescente e nunca mais se apaixonou por ninguém até conhecer a neta de Pedrinho: Luíza (Camila Queiroz), que tem uma forte ligação afetiva com o hotel. O sentimento é recíproco, para o desespero de Maria Pia (Mariana Santos), assessora de Eric e secretamente apaixonada por ele.

Em meio a isso, um grupo de funcionários pretende roubar o dinheiro a ser pago pelo hotel: 40 milhões de dólares em espécie. O concierge Malagueta (Marcelo Serrado) planeja o assalto ao lado da camareira Sandra Helena (Nanda Costa), do recepcionista Aguinaldo (João Baldasserini), e do garçom Júlio (Thiago Martins).

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A venda do hotel, assim como o furto, se dá durante a festa de 25 anos de Luiza, que descobre que ela e o avô estão falidos e que este vendeu o hotel sem sua permissão. O baile vira caso de polícia e todos são suspeitos – Eric chega a ser preso como o principal deles. A inspetora Antônia (Vanessa Giácomo) coordena a investigação, mas acaba se encantando por Júlio, que se arrepende do roubo, enquanto os outros querem continuar no hotel para não deixar suspeitas, na expectativa de que seja decretada a falência.

O mote central da história se mostrou bastante atrativo, porém, não foi o foco principal do capítulo de estreia. As primeiras imagens mostraram Antônia no exercício de sua profissão, perseguindo um criminoso pelas ruas do Rio de Janeiro e, no dia seguinte, Júlio ouviu sem querer a informação de que Pedro venderia o hotel e os funcionários acabaram sabendo. Entretanto, os desdobramentos da venda do hotel tiveram pouco espaço no capítulo.

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Optou-se por um foco maior na história de Bebeth (Valentina Hersage), filha adolescente de Eric, que faz de tudo para fugir do pai. A opção logo se revelou uma decisão errada em função do entrecho cansativo, uma vez que a garota parece mais uma rebelde sem causa, e que ainda ocupou um tempo excessivo, que poderia ser utilizado para o núcleo central.

O encantamento de Eric por Luiza também não convenceu, por ter se desenvolvido de uma forma muito rápida – qual o sentido de uma pessoa que mal conhece a outra acompanhá-la para algo tão privado como reconhecer um corpo? Além disso, apesar de talentosos, Camila Queiroz e Mateus Solano não apresentaram química, ao menos na estreia.

Em compensação, João Baldasserini e Nanda Costa mostraram ter sintonia de sobra e protagonizaram ótimas sequências juntos. Outro destaque foi Vanessa Giácomo, bastante segura como a investigadora Antônia. Marcos Caruso, apesar de viver novamente um bon vivant falido, como em A Regra do Jogo, logo tratou de diferenciar o Pedrinho Guimarães de seu personagem anterior, dando-lhe um tom mais dramático. E Marcelo Serrado, como Malagueta, mentor do roubo, mostrou que finalmente se livrou do tom caricato do Crô (de Fina Estampa), como também se viu em seu papel anterior, o vilão Carlos Eduardo de Velho Chico.

A abertura fugiu do padrão de grafismos e colagens adotado nas últimas novelas do horário, priorizando o cenário do Carioca Palace em um estilo próximo ao de um desenho animado. A escolha da música também foi acertada: uma regravação do Skank para A Hard Day’s Night, dos Beatles.

É precipitado julgar uma novela como boa ou ruim apenas por seu capítulo de estreia, afinal ainda há muito o que se mostrar. Porém, esperava-se muito mais da estreia de Pega Pega. Foi um tanto decepcionante ver que o promissor enredo central ocupou pouco espaço em favorecimento a um núcleo paralelo que poderia muito bem ser explorado mais pra frente. Que os próximos capítulos corrijam esta impressão.


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